Especial do D.O.: Expresso Leste completa quatro anos de viagens rápidas e seguras

Durante esse tempo, transportou 213,5 milhões de passageiros entre as estações Guaianases e Brás

ter, 22/06/2004 - 10h24 | Do Portal do Governo

O Expresso Leste da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) completou quatro anos de operação no mês passado. Durante esse tempo, transportou 213,5 milhões de passageiros entre as estações Guaianases e Brás, sendo que desde outubro do ano passado se estende até a Estação Luz. É a Linha E da companhia, que serve também as estações José Bonifácio, Dom Bosco, Itaquera e Tatuapé (estas duas ao lado do metrô). Quando o projeto Integração Centro da CPTM estiver concluído, no segundo semestre, o trem irá até a Barra Funda. Existe ainda projeto da companhia de levar o expresso ao município de Suzano, futuramente.

No primeiro ano de operações, em 2000, O Expresso Leste transportou 22,2 milhões de pessoas. A partir daí, os números foram os seguintes: 51,4 milhões (2001), 56 milhões (2002), 60 milhões (2003) e 23, 7 milhões de janeiro a 26 de maio deste ano.

Deu conta do recado

O trajeto de 24 quilômetros é feito em aproximadamente 32 minutos por 15 trens espanhóis. Antigamente, a viagem do Brás a Guaianases demorava 40 minutos. As composições atuais, mantidas sempre limpas, são equipadas com ar-condicionado, bancos anatômicos e os vidros são dotados de filtro solar.

Cinco estações (Tatuapé, Itaquera, Dom Bosco, José Bonifácio e Guaianases) foram construídas pela Companhia do Metrô. Na época em que foram feitas, a intenção do governo estadual era levar o Metrô até Guaianases. No entanto, o governador Mário Covas e os técnicos em transporte metropolitano resolveram optar pelo Expresso Leste para cumprir o percurso. O novo trem deu conta do recado e até hoje é uma estratégia para desafogar o Metrô.

Antes do expresso, os trens que serviam a região faziam o transporte de Mogi das Cruzes até o Brás. Andavam superlotados, com as portas abertas, sujos, sem segurança, barulhentos, cheios de vendedores ambulantes, lentos e atrasados, desvantagens corrigidas pelas composições espanholas. Hoje quem deseja ir da Luz ou do Brás à estação Estudantes, em Mogi, passando por Poá e Suzano, faz baldeação em Guaianases, com apenas uma passagem. Situação idêntica no trajeto em sentido contrário.

Nova Guaianases

As novas estações feitas pela Companhia do Metrô são amplas e confortáveis, bem diferentes das antigas, quase todas desativadas. Só ficaram as do Brás e da Luz, mantidas pelo patrimônio que representam a história dos trens em São Paulo e também pela importância estratégica.

Na época em que o trem fazia o percurso Mogi-Brás, eram várias as paradas ao longo da Avenida Radial Leste e entre Vila Matilde e Guaianases, passando pela antiga estação do centro de Itaquera, também aposentada.

Algumas dessas paradas desativadas foram substituídas por estações do Metrô, como Tatuapé, Vila Matilde, Patriarca, Guilhermina-Esperança e Corinthians-Itaquera. Quem toma o Expresso Leste, ainda pode vislumbrar as plataformas das antigas estações à beira da Radial e no trecho Vila Matilde-Itaquera. A velha Estação Guaianases também não funciona mais.

Nas novas Guaianases, Dom Bosco e José Bonifácio, até as escadas rolantes apresentam novidades. Quando não são usadas, rodam em ritmo lento. Assim que um passageiro coloca o pé, voltam ao movimento normal. Há também elevadores para deficientes, circuito interno de tevê e bloqueio eletrônico. A manutenção das vias (trilhos, dormentes, correção geométrica e outras), escadas rolantes e bloqueios é feita até hoje por técnicos do Metrô, que mantém um posto de serviço na Dom Bosco.

Estação no vale

Assim como o Expresso Leste, as estações de Itaquera, Dom Bosco, José Bonifácio e Guaianases também completam quatro anos. Juntas, recebem quase 50 mil usuários por dia. Mais da metade em Guaianases. Além de estar num bairro superpopuloso, a estação recebe passageiros que vêm de Mogi das Cruzes, Poá e Suzano, ainda nos trens antigos.

A segunda em quantidade de passageiros é a José Bonifácio, por causa do grande contingente populacional de um conjunto residencial da Prefeitura, que deu nome à estação, construído entre Itaquera e Guaianases. A estação, que deu um ar de modernidade à vila, foi erguida numa espécie de vale, onde havia um rio. Segundo os moradores, era uma local sujo e sem qualquer atrativo.

A Estação Dom Bosco, em Itaquera, pelo projeto original deveria se chamar Pêssego, nome retirado do córrego (hoje canalizado) que por ali passa, o Jacu-Pêssego. No entanto, um padre do bairro, da paróquia Dom Bosco, fez abaixo-assinado na comunidade para reivindicar a mudança do nome.

O encarregado da Estação Guaianases, Dáscio Inácio da Silva, na CPTM desde 1983, ressalta que os passageiro elogiam principalmente a amplitude e conforto do local. Passam por ali mais de 20 mil pessoas por dia, entre elas os estudantes que cursam faculdades em Mogi das Cruzes.

Silva informa que a única reclamação dos passageiro refere-se à sincronia entre os trens do Expresso Leste e os que vão para Mogi. Ele diz que as pessoas não entendem que cada linha tem um intervalo de tempo diferente. No Leste, o intervalo é de oito minutos entre as composições nos horários de pico e de 12 a 15 minutos no decorrer do dia. Na outra linha, o tempo médio é de 11 minutos.
A saída e chegada de trens são controladas automaticamente por um centro de operações, fora da estação. Por isso, ocorre às vezes a situação de um trem sair instantes antes de outro que está chegando, sem tempo de os passageiros fazerem a baldeação. “Não há má vontade da companhia nem dos funcionários. Os trens não são controlados na estação e qualquer atraso compromete o funcionamento da linha”, explica Silva. De Guaianases a Estudantes, são cerca de 35 minutos de viagem.

Viajando nos trilhos

O educador social Nelson Neves, que trabalha numa ONG do setor da saúde, em Guaianases, viaja pelo expresso duas a três vezes por semana. Morador do bairro, ele costuma dar palestras em postos de saúde em vários bairros de São Paulo. “Estou há pouco tempo em Guaianases, mas lembro-me dos trens antigos quando visitava meu pai em Poá. Havia até assalto. Hoje o expresso é limpo, não tem ambulantes e é seguro”.

A costureira Marilene Santana dos Santos Fraia mora em José Bonifácio há 11 anos e trabalha em casa. Utiliza o Expresso Leste toda semana para visitar as confecções do Brás, para as quais costura. “Lembro-me muito bem dos trens antigos e barulhentos que não têm comparação com estes modernos espanhóis”, garante Marilene.

O auxiliar administrativo Alexandre Nascimento de Lima viaja todos os dias nos espanhóis de Guaianases, onde reside, até o Brás, onde trabalha. “Além de serem rápidos e com menor intervalo entre um e outro, oferecem espaço e segurança para os passageiros. Antes, eu sentia até medo de viajar de trem. Hoje, não”.
O aposentado Luiz Roberto Gaspar e a esposa Sebastiana moram em

Mogi das Cruzes e viajam a São Paulo duas ou três vezes por mês para fazer compras no Brás e na rua 25 de Março. “Este trem é uma beleza”, diz Gaspar. “Espero que um dia chegue a Mogi”, ressalta a dona de casa.

Vem aí a Integração Centro

A centenária Estação da Luz passa por intensas obras para entregar à população o Projeto Integração Centro, que visa interligar as linhas A,B,D,E e F da CPTM às Linhas 1, 3 e 4 do Metrô. A Estação Brás da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) já foi reestruturada, a próxima será a da Barra Funda. Quando o projeto estiver concluído, o que está previsto para setembro, a Estação Luz da CPTM ampliará a capacidade de atendimento de 42,8 mil para 300 mil usuários por dia, entre novos acessos e transferências do Metrô.

A CPTM constrói dois saguões para embarque, desembarque e transferência de passageiros e um túnel sob a rua Mauá, para interligação com o Metrô. Serão instaladas escadas rolantes e 24 bloqueios eletrônicos e mecânicos para a contagem das saídas e transferências. O prédio, tombado pelo patrimônio histórico, também passa por processo de restauro para manter as condições originais da construção.

De acordo com Wilson Linder Vieira, gerente de Engenharia de Sistemas da CPTM, as estações Luz, Barra Funda, Brás e Tatuapé receberão novo padrão de comunicação que a empresa pretende tornar oficial no futuro. Isso inclui telefonia, cronometria, sinalização, circuito fechado de televisão, transmissão ótica e salas de supervisão operacional.

Está prevista também a instalação de sistema de sinalização ferroviária, o Ebilock, entre as estações Brás e Barra Funda. Já utilizado pelo Metrô e na Linha 5 da CPTM, esse recurso permitirá a circulação de trens em intervalos de três minutos.

Outra novidade é o Centro de Controle Operacional (CCO), que reunirá num único prédio, já construído na estação Brás, os CCOs hoje instalados em Presidente Altino, Luz e Brás. O centro unificado deverá começar a operar em outubro.

Otávio Nunes
Da Agência Imprensa Oficial