Especial do D.O.: Evento discute o uso consciente das águas subterrâneas no Brasil

Lençóis freáticos são alternativas viáveis à água de mananciais

qua, 29/10/2003 - 10h46 | Do Portal do Governo

O uso racional das águas do subsolo foi o tema principal do evento realizado na semana passada (20 a 24-10), em São Paulo, em comemoração aos 25 anos da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (Abas). Membros da entidade, empresários, professores, pesquisadores e autoridades governamentais participaram de mesas-redondas, que discutiram a necessidade de utilização das águas profundas, preservando-as das contaminações (os aqüíferos).

Esses lençóis freáticos são alternativas viáveis à água de mananciais (rios e lagos), os quais dependem sempre das chuvas para manter o nível. Representando o Governo do Estado, o secretário de Estado do Meio Ambiente, José Goldemberg, que compôs a mesa de abertura do evento, disse que sua pasta, por intermédio do Instituto Geológico, vem pesquisando há anos a utilidade da água subterrânea, em particular o aqüífero Guarani, o maior do Brasil e um dos mais volumosos do mundo. ‘Infelizmente, a região metropolitana de São Paulo não está assentada sobre esse importante lençol de água. Mas quem sabe no futuro possa utilizá-lo’, previu Goldemberg.

Ribeirão Preto é privilegiada

O presidente da Abas, Joel Felipe Soares, informou que atualmente 70% da água consumida no Brasil vem do subterrâneo. ‘Grandes cidades brasileiras como Recife, Maceió, Campos (RJ) e outras no interior de São Paulo (Ribeirão Preto e região) são atendidas por lençóis do subsolo’, ressaltou. Sobre o aqüífero Guarani, Soares foi profético: ‘É tão grande que poderia abastecer o Brasil por mil anos’. O Guarani tem área de 1,2 milhão de quilômetros quadrados e volume aproveitável de 40 quilômetros cúbicos de água.

Dois terços do aqüífero estão no Brasil, abrangendo Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O restante, no Paraguai, Uruguai e Argentina. Em São Paulo, Ribeirão Preto é privilegiada, pois a totalidade de sua água é captada nesse reservatório.

Brasil e Mercosul

Em setembro, a cidade sediou encontro entre autoridades dos quatro países, que discutiram como explorar, preservar e evitar contaminações no gigantesco reservatório subterrâneo. As duas mesas-redondas do evento da Abas debateram os temas desafios e conquistas; e sua presença no Brasil e Mercosul. Nesta última mesa, o aqüífero Guarani foi o destaque.

A Abas é formada por empresários, pesquisadores, professores, ambientalistas e ‘por qualquer pessoa que se interesse pelo uso racional da água que se encontra nas profundezas da terra’, disse Soares.

Recentemente, a entidade entregou aos Ministérios da Integração e Extraordinário da Segurança Alimentar e Combate à Fome estudo para a construção de 2,7 mil poços tubulares no nordeste brasileiro, para abastecer 16 milhões de habitantes. Soares informou que o projeto está orçado em R$ 602 milhões.

SERVIÇO
Associação Brasileira de Águas Subterrâneas
Av. Brigadeiro Luiz Antônio, 317 – conjunto 53
Telefone: (11) 3104-6412

Otávio Nunes
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)