De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), se não forem realizadas campanhas de prevenção, o câncer se transformará em epidemia no terceiro mundo nos próximos 20 anos. Num estudo comparativo realizado em 10 cidades do Brasil, no final da década de 90, o Instituto Nacional do Câncer do Ministério da Saúde (Inca/MS) reuniu dados de registros de câncer de base populacional.
Verificou-se que a cidade de São Paulo tem a maior incidência de câncer nos homens, e com índices elevados. Pesquisas recentes mostram que a tendência de câncer na cidade está aumentando. No final dos anos 90, o índice era de 490,7 homens e 383 mulheres com ccâncer para cada 100 mil habitantes.
Esses números foram fornecidos pelo Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública (FSP-USP), que faz o registro de incidência de câncer de base populacional, único sistema de informação que permite análises epidemiológicas.
A explicação para o crescimento é o fato de que a população de 60 e mais anos de idade tem aumentado progressivamente na Capital, atingindo 9,3% em 1999, o que a torna mais exposta aos fatores de risco.
Mama lidera
Excluindo-se o câncer de pele, que apresenta letalidade praticamente nula, nos homens o câncer de próstata se mantém em primeiro lugar (92,4 por100 mil), provavelmente, pela melhor aceitação por parte dos homens dos exames de toque retal e dosagem do PSA e, conseqüentemente, com maior número de diagnósticos.
Seguem-se os cânceres de pulmão (37,6 por 100 mil), estômago (31,5), cólon (22,6), e bexiga (20,7). Entre as mulheres, a mama continua liderando (91,4 por 100 mil), seguindo-se colo de útero (23,0), cólon (19,3), estômago (13,5) e tiróide (13,1).
Verifica-se que há uma tendência de incidência crescente para os tumores de próstata e pulmão nos homens e de cólon em ambos os sexos. Estômago e bexiga, nos homens, e colo de útero, estômago e tiróide, nas mulheres, têm apresentado queda de incidência, enquanto a mama se mantém estável. Hábitos dietéticos estão relacionados aos cânceres de estômago e cólon, e o tabagismo tem uma participação acentuada na maioria dos tumores malignos.
Sexo promíscuo
O coordenador do estudo e do registro de câncer da FSP/USP, doutor Antonio Pedro Mirra, explica que inúmeros fatores de risco são responsáveis por essas neoplasias, pois herança genética, dados reprodutivos e hábitos sexuais interferem no aparecimento dos tumores de mama e colo do útero.
‘O câncer de mama é um tumor hormônio dependente. Para evitá-lo, é importante que a mulher tenha filhos até os 25 anos, uma vez que na gestação esse perfil hormonal é alterado. Outro fator de risco é a precoce iniciação sexual da mulher. Isso facilita a contaminação pelo papiloma vírus, o chamado HPV, um dos fatores responsáveis pelo aparecimento do câncer de colo do útero invasivo .
Mulheres com muitos parceiros também têm possibilidades de contrair a doença. Por outro lado, tendo um único parceiro promíscuo, a contaminação é favorecida, tornando-se um fator de risco a mais para contrair tumor de colo do útero’, conclui o médico.
Marcia Bitencourt
Da Agência Imprensa Oficial
(AM)
