Especial do D.O.: Escolas estaduais vão participar do Programa do Uso Racional da Água

De fevereiro a maio, a Sabesp fez um levantamento do perfil de consumo nos estabelecimentos de ensino para escolher as unidades escolares

qui, 09/09/2004 - 12h02 | Do Portal do Governo

O Programa de Uso Racional da Água (Pura) entrará em nova fase, da qual participarão 50 escolas estaduais da região metropolitana de São Paulo. De fevereiro a maio, a Sabesp fez um levantamento do perfil de consumo nos estabelecimentos de ensino para escolher as unidades escolares que se integrariam à nova etapa do programa. A escolha recaiu sobre as instituições de ensino que apresentaram o maior consumo de água.

Em março, foi realizada palestra para alguns diretores dos estabelecimentos selecionados e representantes da Secretaria da Educação. Na ocasião, foram expostas as ações a serem desenvolvidas. Um segundo evento, programado para o final de outubro, contemplará aqueles que não puderam participar do primeiro evento.

“A expectativa é grande. Os diretores tem procurado saber como está o andamento do projeto e quando ele será instalado nas escolas”, conta Germinal Mila, do setor de utilidade pública da Secretaria da Educação e um dos responsáveis pelo controle de água, luz e telefone nas escolas e órgãos da pasta.

Para Germinal, o grande diferencial do projeto está nos treinamentos e na produção dos Relatórios de Apresentação das Escolas e do Manual de Gerenciamento do Consumo de Água. “Esses materiais subsidiarão os procedimentos de controle de consumo de todas as edificações da secretaria, particularmente nas 6 mil unidades escolares no Estado de São Paulo. Isso é responsabilidade social”.

Curso virtual e aula prática

O programa utilizará vários recursos para capacitar e conscientizar o público quanto à temática do uso racional da água. Um deles será o curso virtual pela Internet, que treinará gestores. Estruturado pela Sabesp, o curso terá temas como disponibilidade hídrica, controle do consumo de água, dicas de economia, equipamentos economizadores, dentre outros.Fazem parte do programa testes interativos com informações sobre assuntos relacionados à questão da água no Brasil e no mundo. Caberá à Secretaria da Educação a parte logística do projeto.

Também serão oferecidos cursos presenciais para controladores operacionais (zeladores, encanadores e faxineiros das escolas). Já estão sendo estruturados pela equipe da Sabesp e pelos centros de treinamento de pesquisa de vazamento das unidades de negócios da região metropolitana de São Paulo, com o apoio do recursos humanos, Universidade Empresarial e dos fabricantes de equipamentos economizadores. O treinamento abrangerá aulas práticas de pesquisa de vazamento e de regulagem e consertos de aparelhos hidráulicos sanitários.

Dois outros cursos presenciais para educadores também estão em andamento. Em dois dias, dois professores de cada escola selecionada serão preparados para trabalharem com os projetos pedagógicos o Caracol, direcionado para crianças de 1ª a 4ª séries e o Futurágua, destinado aos alunos de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental. Exercendo o papel de multiplicadores, esses educadores ficarão incumbidos de ensinar o que aprenderem aos demais professores, inclusive de outras unidades. Os projetos passarão a fazer parte do currículo escolar.

Trabalhos manuais, música, exposições serão algumas das atividades desenvolvidas, com o intuito de conscientizar as crianças sobre a importância do racionamento da água, para que ela não falte para as futuras gerações.

Intervenções

Ações relacionadas às intervenções de engenharia serão realizadas pela Sabesp por meio de licitação: contratação das empresas que farão o trabalho de engenharia hidráulica nas escolas e compra de equipamentos economizadores.

Além desses serviços, a Sabesp fará pesquisa nos reservatórios de água das instituições de ensino e avaliará suas condições de higiene. Caso haja contaminação, será emitido relatório com recomendações para solucionar o problema. As cozinhas também serão contempladas. Nelas serão feitas análises microbiológicas e ambientais. Depois dos laudos, serão emitidos relatórios com recomendações e realizados treinamentos para adoção de novas rotinas de trabalho e procedimentos higiênicos e sanitários para higienização dos utensílios, alimentos e ambiente.

Queda no consumo

O programa foi criado em 1996 e algumas instituições já experimentaram resultados satisfatórios. Estudos de casos realizados pela companhia mostraram, por exemplo, que no Hospital das Clínicas, onde são atendidas em média 53 mil pessoas por dia, a redução do consumo de água foi de 25%. No Palácio dos Bandeirantes, a economia chegou a 31%.

A Escola Estadual Fernão Dias Paes, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, foi uma das escolas-piloto, apresentando expressivo índice de economia, com 94% de redução no consumo.

“Quando o projeto começou, recebemos a visita dos técnicos e engenheiros da Sabesp, que fizeram inspeção predial para verificar se havia vazamentos na rede, condições e localização dos hidrômetros. As alterações foram feitas e, desde então, conseguimos manter o programa em andamento”, assegura a diretora Noemi Nogueira Afonso.

Além da solução desses problemas, ela considera que o mais importante foi a conscientização dos estudantes para a questão do desperdício. Com 2,5 mil estudantes, conseguiu reduzir o consumo de 81 litros/dia por aluno para 6 litros. Diminuição considerável se comparada ao parâmetro de projeto para dimensionamento de caixa d`água, que é de 25 litros/aluno/dia.

“Temos de economizar se não vamos ficar sem água no futuro”, diz o estudante Adriano Mansur, autor do mosaico, afixado próximo ao bebedouro. Nos dizeres “Economize água”, um pedido e uma certeza de estar cumprindo sua parte como cidadão.

Maria Benedicta de Abreu, zeladora da escola, conta que a garotada sempre a procura quando aparece algum vazamento ou torneiras quebradas. “Qualquer problema que surja na escola é solucionado rapidamente, inclusive, algumas torneiras dos banheiros foram substituídas por automáticas, que permanecem abertas por curtos períodos de tempo. Também mudamos alguns hábitos de consumo. Antes, por exemplo, usávamos regadores giratórios nos jardins, agora molhamos as plantas, manualmente, duas vezes por semana,” exemplifica.

Marília Mestriner
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)