Especial do D.O.: Delegacia participativa do Itaim oferece atendimento ágil e eficaz

Antiga carceragem cedeu espaço para a construção de um auditório, salas de orientação e um grande jardim

qui, 26/06/2003 - 8h29 | Do Portal do Governo

O 15º Distrito Policial Dr. Luciano Heitor Berguelman, no Itaim Bibi, comemorou um ano de funcionamento como delegacia participativa no último dia 21. As diferenças são visíveis. A antiga carceragem cedeu espaço para a construção de um auditório, salas de orientação e um grande jardim. Funcionários dizem que algumas babás levam crianças para passear no jardim interno da delegacia. Não é difícil de acreditar.

A frente do DP arborizada indica a tranqüilidade do local. Margareth Lílian da Silva, agente de telecomunicações, recebe a todos com um sorriso. Faz uma triagem dos casos, cadastra os dados da vítima e encaminha para o setor apropriado. O sistema que utiliza é o RDO (Registro Digital de Ocorrência) que permite a identificação instantânea de quem está chegando para efetuar sua queixa.

A informatização permitiu que ela presenciasse uma prisão. Um homem, procurado pela polícia por estar devendo pensão alimentícia, foi até a delegacia para registrar o roubo de sua motocicleta. Ao digitar os dados dele no sistema, Margareth percebeu que ele estava em débito com a Justiça.

Em média, são 50 pessoas atendidas por dia. Destas, 30 têm problemas criminais e registram o boletim de ocorrência. O restante procura a delegacia com problemas sociais ou dúvidas sobre seus direitos e deveres.

Para ajudar no atendimento, cada delegacia participativa tem 20 estagiários (oito de serviço social, oito de direito e quatro de psicologia) treinados para orientar a população. Eles recebem remuneração e têm contrato de trabalho de um ano que pode ser renovado no término do período.

Denise Quariguazy da Frota, estagiária de serviço social da 15º DP, conta que recebem muitas pessoas diariamente, precisando de ajuda: moradores de rua são encaminhados para abrigos e albergues, vítimas de violência doméstica são levadas ao programa Bem-me-quer e a hospitais especializados e pessoas que precisam de apoio psicológico são atendidas prontamente.

Extraterrestre

A estagiária conta que certa vez uma mulher de aproximadamente 40 anos, acompanhada de sua filha, entrou na delegacia dizendo que lá se sentia protegida. Ela garantia que estava fugindo de extraterrestres que se transformavam em moscas. Denise explica que é necessário ter paciência para acalmar as pessoas.

Tranqüilidade, paciência e bom humor são as armas utilizadas pelos funcionários da delegacia participativa. Mauro Guimarães Soares, delegado titular do 15º DP, garante que o humor de quem chega e o humor de quem trabalha são bem diferentes das outras delegacias. O fato de não haver carceragem também torna o ambiente mais harmonioso. Só existe uma cela e o preso permanece no máximo três dias (caso chegue na sexta-feira a noite e só possa ser encaminhado a um Centro de Detenção Provisória na segunda-feira).

O preso entra na delegacia pela lateral do prédio para evitar o encontro com a vítima. A sala de reconhecimento impede que ele consiga ver quem está atrás do vidro. Mesmo na sala de flagrante, os vidros são escurecidos para que a pessoa não se sinta ameaçada.

Silas dos Santos, escrivão desde 1995 no Itaim, diz que a informatização permitiu maior agilidade. Todos os funcionários, inclusive os investigadores, passaram por um treinamento de reciclagem para conhecer a importância de um atendimento ágil e eficaz.

João Batista da Silva procurou o 15º DP porque foi abordado por um assaltante quando saía do banco com a quantia de R$ 460,00. Ameaçado por uma lata de alumínio cortada, entregou todo o dinheiro. Em poucos minutos, passou pela triagem e foi registrar o boletim de ocorrência. “O atendimento foi ótimo, fizeram o B.O. rapidinho”, conta João.

Comunidade e segurança

As delegacias participativas foram criadas para oferecer um atendimento de qualidade à população, sendo consideradas a primeira ação de polícia comunitária da polícia civil. Estão preparadas para realizar um trabalho preventivo e orientador, buscando parcerias com a sociedade.

A assessora especial de projetos e ações sociais da Segurança Pública, Anelise Botelho, explica que o objetivo é trazer a comunidade para dentro da delegacia, para que todos possam entender e acompanhar as dificuldades enfrentadas pelos policiais, acabando com a imagem de que a delegacia é um local sujo, com funcionários despreparados e serviço demorado.

A Secretaria da Segurança Pública contrata 450 estagiários/ano para ajudar no atendimento das delegacias participativas. Pretende ampliar a atuação dos estagiários para as delegacias da mulher.

Regina Amábile
Da Agência Imprensa Oficial