Especial do D.O.: Cratod melhora a vida de 70% dos usuários de drogas

Estudo aponta que 53% dos usuários que aderiram ao programa têm entre 41 e 60 anos de idade

ter, 09/12/2003 - 10h39 | Do Portal do Governo

A zona central da cidade, conhecida como Cracolândia, em razão do elevado consumo de crack deixou de ser a mesma desde que, há um ano e meio, o Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod) se instalou no bairro do Bom Retiro. Prova disso são os resultados de recente pesquisa coordenada pelo psicólogo do Centro, Marcos Roberto Vieira Garcia.

Pelo menos 70% dos viciados em drogas ilícitas deixaram de consumi-las ou reduziram significativamente o consumo após o tratamento; e 85% disseram estar muito melhor ou um pouco melhor em relação à queixa apresentada no início da assistência.

Para realizar o trabalho, Marcos Roberto teve auxílio de profissionais do Programa de Aprimoramento em Saúde Mental da Secretaria de Estado da Saúde. Durante um ano foram avaliados 233 pacientes inscritos no Cratod.

Mais de 75 mil atendimentos

O estudo aponta que 53% dos usuários que aderiram ao programa têm entre 41 e 60 anos de idade. Concluíram que a adesão dos pacientes cresce com o aumento da faixa etária.

Dos assistidos inicialmente, 92% são homens e 8% mulheres. Esses porcentuais permaneceram os mesmos ao analisar o índice de adesão. Dos pacientes que continuaram o tratamento durante um ano, 79% têm ensino fundamental completo ou incompleto, e 58% moram em albergues, hotel/quarto ou na rua. Somente 2% dos assistidos ganham de três a cinco salários mínimos, e 64% declararam-se sem renda.

De junho de 2002, quando começou a funcionar, até setembro foram mais de 75 mil atendimentos, provenientes de moradores da subprefeitura Sé, Mooca e Lapa.

Prevenção e orientação

O Núcleo de Projetos Especiais acompanha, previne e orienta grupos de diferentes categorias: obesos, prostitutas, homossexuais, dependentes de tabaco, álcool, e outras drogas. Depois do acolhimento, os usuários passam por entrevistas com técnicos e, em seguida, inicia-se o processo de desintoxicação.

Profissionais clínicos, psiquiatras, neurologistas, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas e enfermeiros auxiliam na recuperação. Entre 30% e 40% dos pacientes participam de atividades terapêuticas: teatro, percussão, oficinas de arte, expressão corporal, canto e capoeira orientados pelos próprios funcionários.

Resultados promissores

A psiquiatra Luizemir Lago, diretora do Cratod, conta que o prédio está sendo reformado com recursos de aproximadamente R$ 1 milhão, provenientes da Secretaria de Estado da Educação. A meta, a partir de janeiro, é fazer com que o Centro funcione 24 horas.

A alegria da diretora Luizemir é saber que os que mais respondem ao tratamento são os moradores de rua, que têm pouco acesso a qualquer recurso: ‘Não é só vontade política. Esses resultados são muito promissores. Apenas 8% dos casos são encaminhados para a internação. Com isso, estamos reduzindo custos na área de saúde. O Cratod existe para melhorar a qualidade de vida dos participantes”.

SERVIÇO
Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod)
Rua Prates,165 – Bom Retiro – capital

Outros números da pesquisa

– No início do tratamento, 81% dos entrevistados tinham forte dependência alta de álcool; depois de um ano esse índice caiu para 25%
– Após o tratamento, a abstinência de álcool foi de 67%
– 52% relataram ter melhorado muito ou pouco o relacionamento com a família após a asssistência
– 52% disseram que se dedicam muito ou pouco mais às atividades de lazer depois do tratamento

Viviane Gomes
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)