Especial do D.O.: Cietec desenvolve célula combustível capaz de substituir geradores elétricos

Há cinco anos, pesquisadores brasileiros começaram a desenvolver a primeira célula de alta potência

qui, 06/11/2003 - 13h10 | Do Portal do Governo

Há cinco anos, pesquisadores brasileiros começaram a desenvolver a primeira célula a combustível de alta potência no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec). Agora estão em fase de testes finais, e a previsão é de instalá-la em um hospital ou central telefônica no início do ano que vem. O protótipo produz energia de alta qualidade e deverá substituir os geradores convencionais dos grandes consumidores de eletricidade. Futuramente, poderá mover carros a hidrogênio.

O programa é desenvolvido pela Electrocell, empresa residente no Cietec, em parceria com a AES Eletropaulo, com recursos da Fundação de Amparo a Pesquisas do Estado de São Paulo (Fapesp) e apoio tecnológico do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).

Um dos cientistas responsáveis pela empresa Electrocell, o engenheiro químico Gerhard Ett, explica que a célula combustível pode substituir o gerador. ‘Ela é menor e mais fácil de instalar, não faz barulho e produz qualidade excelente de energia, sem interrupções. Além disso, não polui como o gerador movido a diesel.’

Energia segura e limp

Resultante da combinação entre átomos de hidrogênio e oxigênio, a célula a combustível funciona como uma pilha que converte energia química em elétrica, e o resíduo produzido é apenas vapor de água. O equipamento pode ser operado com vários combustíveis, emitindo pouco ou nenhum poluente no meio ambiente.

A coordenadora do programa, Mara Ellern, diz que a Eletropaulo utiliza o hidrogênio como combustível, porque apresenta melhor rendimento, é abundante, incolor, não tóxico e inodoro. ‘Um quilo de hidrogênio libera a mesma quantidade de energia de 3,5 litros de petróleo, 4 litros de gasolina ou 3,7 metros cúbicos de gás natural.’

Mara destaca outras vantagens: ‘Por ser silenciosa, segura e não poluente, pode ser instalada em ambientes fechados, em equipamentos de sobrevida, centrais de telecomunicações, servidores sensíveis às microinterrupções, e em locais remotos fora da área atendida pela rede de energia elétrica.’

Maior vida útil

A célula a combustível terá capacidade de gerar de 30 a 50 kw de energia elétrica. ‘Não é uma usina como a Itaipu, mas sua potência média garante o funcionamento de hospitais, telefônicas e de prédios residenciais que exigem energia de alta qualidade. É uma alternativa inteligente ao uso dos geradores convencionais, principalmente combinados a no-breaks e baterias ‘, afirma o engenheiro.

Para viabilizar o programa, a Eletropaulo investiu aproximadamente R$ 1,7 milhão. Gerhardt Ett diz que existem empresas interessadas em adquirir as células a combustível. As que mais têm procurado a nova tecnologia são as ligadas à telefonia e hospital que precisam de energia de qualidade e as localizadas em locais remotos.

Outro diferencial em relação aos geradores é ter uma vida útil maior. Mara Ellern afirma que enquanto o gerador dura entre 10 e 12 anos, desde que sejam feitas manutenções periódicas, a célula tem uma vida útil prevista de 20 anos e sem grandes interrupções.

A energia do futuro

Ellern prevê que daqui a dois anos o uso da célula será mais comum em prédios. ‘Com ela podemos pensar em prédios ecologicamente limpos, sem barulho, com melhor qualidade de energia e de vida para os moradores.’

Por ser considerado a principal fonte de energia de um futuro próximo, o hidrogênio é alvo de pesquisas em todo o mundo. Inúmeros países têm financiado estudos que tornam economicamente viável o seu uso. Bilhões de dólares são investidos, por exemplo, pelo Canadá, Estados Unidos e Japão para viabilizar o seu uso. No setor privado, destacam-se as pesquisas da Shell, Ford, Toyota e Fiat.

Claudeci Martins
Da Agência Imprensa Oficial