Especial do D.O.: Biólogos da Unicamp encontram novas espécies marinhas

Iniciativa de registrar novas espécies integra o projeto Biota-Fapesp

ter, 11/02/2003 - 11h07 | Do Portal do Governo

Uma equipe de pesquisadores, liderada pela professora Antonia Zacagnini Amaral, da Unicamp, descobriu 52 novas espécies marinhas nos municípios de Caraguatatuba, São Sebastião e Ubatuba. Os animais, da fauna bentônica, são moluscos, crustáceos e vermes que habitam o assoalho dos oceanos.

A iniciativa de registrar novas espécies integra o projeto Biota-Fapesp que é mantido pela Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapesp) e visa a mapear a biodiversidade da fauna e flora paulista. Conta com o trabalho de pesquisadores das universidades públicas e estrangeiros.

A coleta foi realizada entre janeiro de 2001 e dezembro de 2002. Foram contabilizadas até agora 535 espécies diferentes e 52 identificadas como novas. Em termos de tamanho, 40 delas pertencem à chamada meiofauna.

São animais que ficam retidos numa malha de 0,05 mm. As outras 12 são representantes da macrofauna, de maior porte. A maioria das novas variedades impressiona pela beleza das cores e formas.

Os pesquisadores coletam os animais que se infiltram na areia das praias, incrustados nas pedras ou escondidos nas profundezas do mar. A pesquisa revela que de cada dez espécies que vivem no fundo do mar, uma pode ser nova e desconhecida.

Foram capturadas cinco variedades de D. cuprea, verme anelídeo do mesmo grupo das minhocas, que pode chegar a 15 centímetros de comprimento por 8 milímetros de largura, identificadas pela primeira vez há mais de 200 anos. Apesar de muito parecidos, os exemplares constituem espécies diferentes que serão descritas minuciosamente por uma especialista nesse tipo de animal.

O projeto também identificou no litoral norte espécies conhecidas pela Ciência, porém, jamais vistas na costa nacional. Entre elas, cinco famílias e 28 espécies de bentos marinhos. Foi também analisada a forte incidência de algumas variedades de moluscos, crustáceos e vermes marinhos na região, denominados bioindicadores.

A existência deles, num determinado local, significa algum aspecto especial das condições ambientais ali existentes. É o caso do verme Capitella capitata, abundante na enseada de Caraguatatuba que se instala próximo a locais de despejo de esgoto doméstico.

Exploração comercial

Entre as espécies recolhidas com mais freqüência, algumas podem ser de interesse econômico, como o mexilhão Mytella charruana e o molusco Tivela mactroides, de concha acinzentada da qual se extrai um marisco comestível.

Em costões rochosos, uma espécie exótica, a Isognomon bicolor , provavelmente introduzida no litoral brasileiro por meio da água de lastro de navios, parece estar competindo e ocupando o espaço de espécies nativas, como um dos tipos de mexilhão explorado comercialmente, o Perna-perna . Esse fato, segundo a coordenadora do projeto, pode provocar a extinção local do mexilhão, com Da conseqüências socioeconômicas.

Agência Imprensa Oficial e
Revista Fapesp (fevereiro de 2003)