O pesquisador e professor especializado em arte sacra brasileira Percival Tirapeli, autor do livro Igrejas Paulistas: Barroco e Rococó, uma co-edição da Imprensa Oficial e Editora da Unesp, está concorrendo pelo trabalho, nesta obra ao Prêmio Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) 2003. Ao lado de Alberto Beuttenmuller e Almerinda da Silva Lopes, Percival disputa o Prêmio Sérgio Milliet, na área de pesquisas. A lista dos vencedores será divulgada no final de março, e a festa da premiação está marcada para o dia 26 de abril, no Centro Cultural Banco do Brasil.
Dez categorias
O Prêmio ABCA é destinado a profissionais, personalidades e instituições que contribuíram para a cultura nacional durante o ano passado. A atual edição vai conceder prêmios em dez categorias – duas a mais que a anterior. Além das recém-criadas Difusão na Mídia e Exposição, as categorias premiadas são Artista Contemporâneo, Personalidade, Artista/Trajetória, Curador, Instituição, Crítico Filiado, Crítico/Trajetória e Pesquisador.
“São Paulo é sempre mais lembrado pelo Modernismo, ficando eclipsada a arte colonial. Estava precisando de um livro que apresentasse todas essas obras ao Brasil à altura de seu valor histórico”, comenta Percival. E esse valor histórico, segundo ele, é porque em São Paulo há exemplares da gênese da arte brasileira, entre os quais a imagem de Nossa Senhora da Conceição (de 1560) e os fragmentos do altar da mesma igreja (de 1559), ambos em São Vicente. E também o Poema à Virgem (de 1573), escrito por Anchieta, e a encenação da primeira peça teatral, ocorrida no Pateo do Colegio, no século 16.
Autor e suas obras
Percival é mestre e doutor em Artes Plásticas pela Escola de Comunicações e Artes da USP e professor livre-docente pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (Unesp). É autor, ainda, de As mais belas igrejas do Brasil (1999), Patrimônios da Humanidade no Brasil (2001) e Festas de fé (2003, com fotos de Rosa Galditano), todos pela Metalivros, e autor e organizador de Arte sacra colonial – Barroco Memória Viva (2001), pela Editora Unesp/Imprensa Oficial.
Pesquisador refaz caminhos sugeridos por Mário de Andrade
O livro de Percival Tirapeli traz textos e um levantamento fotográfico de igrejas coloniais e imperiais de São Paulo. Tem como referência o levantamento fotográfico realizado em 1937 pelo escritor Mário de Andrade, durante os trabalhos de criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan).
O pesquisador segue os passos de Mário e refaz os mesmos caminhos sugeridos pelo escritor modernista: o litoral, o caminho para as minas de ouro, os caminhos jesuíticos com suas capelas alpendradas, os arredores de São Paulo, os caminhos para o Sul, para o Vale do Paraíba e para o Vale do Tietê.
São 474 fotos, muitas das quais desvendam, pela primeira vez, a história e a iconografia da arte e da arquitetura religiosas paulistas. O pesquisador faz uma análise que vai da segunda igreja brasileira, na São Vicente de 1570, até o movimento neocolonial do século 20, que recuperou peças de antigas igrejas destruídas para dar lugar ao novo urbanismo na cidade de São Paulo.
Arte sacra paulista
Há, também, estudos inéditos sobre as mais antigas partituras musicais coloniais do Brasil (encontradas em Mogi das Cruzes), o Padre Jesuíno do Monte Carmelo (expoente da pintura sacra ilusionista que atuou particularmente em São Paulo e em Itu) e os fragmentos vicentinos pertencentes ao altar da igreja Nossa Senhora da Conceição, em São Vicente. No apêndice, além da exaustiva bibliografia, do glossário e de biografias de alguns artistas, a obra apresenta uma cronologia da arte sacra paulista.
Entre as fotos estão igrejas nas cidades de São Roque, Itu, Mogi das Cruzes, Santos, São José dos Campos, Peruíbe, Guararema, Itanhaém, São Sebastião, Atibaia, Aparecida, Guaratinguetá, Iguape, Ilhabela, São Vicente, Iporanga, Cananéia, Pindamonhangaba, Santana do Parnaíba, Jacareí, Bananal, Porto Feliz, Nazaré Paulista, Bom Jesus dos Perdões, Piracaia, Campinas, Piracicaba, Sorocaba, Porto Feliz, Jundiaí, Carapicuíba e Embu.
SERVIÇO
A edição tem 376 páginas, custa R$ 160,00 e está à venda nas livrarias e no site da Imprensa Oficial www.imprensaoficial.com.br/livraria
Da Agência Imprensa Oficial
(AM)
