Especial do D.O.: Agrônomo da USP indica agricultura como reforço no combate ao efeito estufa

Anualmente, 12,65 milhões de toneladas de carbono são lançadas na atmosfera no Brasil

seg, 01/09/2003 - 10h02 | Do Portal do Governo

O Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP) promoveu a palestra Mudanças Climáticas e Mitigação pela Agricultura, com o engenheiro agrônomo Carlos Clemente Cerri, pesquisador do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP. Ele aponta a agricultura como força auxiliar contra o efeito estufa, fenômeno causado pela emissão de gases que provoca aumento da temperatura global.

A palestra integra o projeto Conferência do Mês do IEA. “O sistema de plantio direto – que utiliza técnicas que procuram interferir o mínimo possível no solo – e a colheita mecanizada da cana-de-açúcar podem ajudar a minimizar as mudanças no clima mundial”, explica.

Emissão de carbono

Em termos mundiais, apenas a análise das entradas e saídas dos ecossistemas terrestres mostra que 1,4 bilhão de toneladas de carbono são fixadas na vegetação todos os anos. A queima de combustível fóssil lança na atmosfera, também anualmente, 6,3 bilhões de toneladas de carbono.

“Do total, além do 1,4 bilhão, mais 1,7 bilhão retornam para a Terra e se fixam, por difusão, nas águas do mar”, informou. Os 3,2 bilhões de toneladas não fixadas ficam na atmosfera e acabam provocando o efeito estufa e alterando o clima do planeta.

As estimativas das taxas de emissão de carbono, feitas para o Brasil, mostram que, anualmente, 12,65 milhões de toneladas são lançadas na atmosfera. Nesta conta, estão consideradas apenas as atividades agrícolas relacionadas às mudanças no uso da terra.

Pelos cálculos do agrônomo, o plantio direto e a colheita mecanizada da cana-de-açúcar poderiam contribuir para a redução de 10,5 milhões de toneladas de carbono emitidas todos os anos.

Plantio direto

“Não há dificuldades para se instalar o sistema de plantio direto no Brasil. A adoção dessa prática está aumentando em termos de área”. O engenheiro graduado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e com mestrado e doutorado pelo Instituto de Geociências da USP, acredita que hoje, no Brasil, são utilizados 18 milhões de hectares. “A tendência é passar para 25 milhões nos próximos cinco anos”, disse.

Na questão da cana-de-açúcar, o cenário também é positivo. Segundo o pesquisador, a área de cultivo deste vegetal é de 5 milhões de hectares e 20% deles já são coletados mecanicamente. Apesar da mecanização das lavouras ajudar o meio ambiente, em países como o Brasil, lembra o pesquisador, a questão social, da geração de empregos, também deve ser considerada.

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(AM)