A cerimônia de premiação dos dez destaques de 2004 da Administração Penitenciária reuniu centenas de funcionários em Atibaia. A Escola de Administração Penitenciária organizou a segunda edição do evento. Antes do início da entrega dos troféus, Nagashi Furukawa, secretário da pasta, comparou a cerimônia de premiação com a do Oscar. E não foi exagero. A emoção era notável. Os concorrentes aguardavam ansiosos o anúncio dos nomes. Até mesmo os coordenadores e representantes da secretaria, que seguravam os envelopes lacrados com o resultado, não escondiam a curiosidade.
A chefe de gabinete da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), Neiva Aparecida Dorreto, entregou o primeiro troféu a Gislaine Fernandes Constante, diretora da Penitenciária II de São Vicente. ‘Estou surpresa e muito emocionada, e agradeço ao doutor Nagashi esta oportunidade’, disse Gislaine, a primeira mulher designada para dirigir uma penitenciária de segurança máxima masculina.
Os componentes da Assessoria Técnica de Gabinete (ATG) receberam de Carlos Augusto Panucci, coordenador das unidades prisionais da região Oeste, o segundo troféu. A equipe organiza os eventos, como os que discutiram a execução penal, os de valorização dos servidores e os que avaliaram as necessidades e dificuldades dos Centros de Ressocialização e das ONGs.
O terceiro destaque foi a diretora da Penitenciária Feminina do Butantan, Gizelda Morato Costa, premiada por João Batista Paschoal, coordenador das unidades prisionais da região central. Gizelda e seus funcionários assumiram num momento de grandes dificuldades.
A penitenciária foi responsável pelo concurso Reescrevendo o Futuro – Cidadania hoje para viver melhor o amanhã. Concorrendo nas categorias prosa, verso, beleza e simpatia, 404 mulheres se inscreveram. Gizelda dedicou o prêmio a todas as mulheres diretoras de penitenciárias e centros de ressocialização que, ‘com coragem e determinação, estão executando muito bem o seu trabalho’.
Máximo com o mínimo – Carlos Alberto Corade, coordenador das unidades prisionais do Vale do Paraíba e litoral, premiou o amigo João Batista Paschoal, coordenador das unidades prisionais da região central. Para a secretaria, Paschoal é ‘empreendedor nas unidades tradicionais, destemido nas atitudes, criativo nas emergências. Corade consegue, com a mesma tranqüilidade e poucas palavras, administrar os pequenos problemas de relacionamento das administrações compartilhadas e as grandes dificuldades das unidades superlotadas’.
‘Divido com todos os diretores de penitenciárias, funcionários, dirigentes de centros de ressocialização e ONGs, que sempre buscaram fazer o máximo com o mínimo’, declarou Paschoal, que é servidor antigo do sistema prisional e transformou duas unidades de grande porte para incluí-las no Programa Cidadania no Cárcere.
Neiva Aparecida Doretto, chefe de gabinete, recebeu a homenagem de Perci de Souza, coordenador das unidades prisionais da capital e Grande São Paulo. ‘A área administrativa é a mais complicada.
Quando tudo vai bem, ninguém fala nada. Quando alguma coisa vai mal, todo mundo fica sabendo’, brincou Neiva que, com competência e tranqüilidade, ordena todas as despesas da secretaria. Antonio Paulo Veronezzi, coordenador das unidades da região noroeste, passou o sexto troféu às mãos de Clotildes Vicente Barbosa Nuzzi, do Departamento de Engenharia, responsável pelas obras, reformas, gerenciamento e licitações da secretaria.
Homenagens – Para receber o prêmio em nome dos servidores da Penitenciária II de Itirapina, subiram ao palco José Luiz Perone, agente de segurança penitenciária e José Reinaldo da Silva, diretor da unidade. Perone, mesmo subjugado por nove sentenciados armados de estilete, conseguiu contornar a situação e fazer os presos entenderem que havia uma senha para abertura do portão. A atitude do agente pôs fim ao que poderia ser o início de uma rebelião. Quem entregou o troféu foi Berenice Gianella, diretora da Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel (Funap).
Maria Alice Salvador, coordenadora de saúde do sistema penitenciário, concedeu a honraria a Paulo César de Barros, diretor da Penitenciária Valentim Alves da Silva. O mestre de cerimônias anunciou o diretor como alguém que ‘discorda de tudo que é novo e acha sempre que aquilo não vai dar certo. Discorda, discorda e não concorda. Mas, para a surpresa de todos, mesmo discordando e bradando em alto e bom som críticas positivas, quando as medidas com as quais não concorda são efetivamente tomadas, é um dos mais eficientes organizadores’.
Paulo Barros agradeceu, divertindo os convidados: ‘Me pegaram de surpresa. Dedico o prêmio a todos que me agüentam 27 anos. Quem escreveu o texto é um mentiroso, eu não concordo’. O nono troféu foi entregue pelo secretário-adjunto da pasta, José Carneiro de Campos Rolim Neto, para Ary Camargo Barbosa, diretor do Centro de Detenção Provisória de Suzano. ‘O feito não é só meu, é de todos. Se alguém necessitar de ajuda, tenho plena e convicta certeza que irá receber’, agradeceu Ary, que foi destaque em 2004 por ter sido solidário ao ajudar um colega, diretor de outra unidade, que estava com todos os carros quebrados e precisava transferir presos.
A última homenageada foi a juíza de direito da Comarca de Birigüi, Jacira Jacinto da Silva. O prêmio, por sua dedicação e envolvimento com a ONG que administra o Centro de Ressocialização de Birigui, foi concedido pelo secretário Nagashi. ‘Estou profundamente emocionada e surpresa. Vim para a festa apenas para compartilhar o sucesso do trabalho dos funcionários’, disse a juíza.
Emoção e agradecimentos
Em 2004, foi instituída mais uma modalidade de premiação: o Nobel do Sistema Penitenciário. ‘Esse prêmio só pode ser recebido por alguém que é capaz de chorar e se emocionar com o resultado do trabalho que, diuturnamente, de segunda a segunda, realiza há cinco anos. O primeiro Nobel instituído pela SAP vai para o secretário Nagashi’, anunciou Fabiane Furukawa, dirigente da ATG. ‘Eu me emociono e não tenho vergonha de chorar. Estamos de passagem por aqui, e vocês, funcionários de carreira, permanecerão. Ouso dizer que, a cada dia que passa, me sinto mais como um agente de segurança penitenciária’, declarou, emocionado, o secretário.
Clayton Alfredo Nunes, diretor do Departamento Penitenciário Nacional, recebeu do secretário o troféu remanescente de 2003. ‘Tudo que estou executando é fruto do que aprendi neste Estado e nesta Secretaria. Faço papel de gestor, ouvidor, engenheiro, mas sempre visando à melhoria do tratamento penitenciário’, disse Clayton, acrescentando que São Paulo tem a terceira maior população carcerária da América Latina, perdendo apenas para o México e para o próprio Brasil.
Melhoria na gestão – Na cerimônia foram entregues os certificados do Programa de Melhoria na Gestão Penitenciária. ‘Nos últimos dois anos, houve cooperação entre o Brasil e o governo britânico. Estabelecemos uma relação de amizade. A abordagem do nosso projeto incluiu todos os que estão envolvidos, desde os presos até os funcionários. Aqui aprendemos como unir a sociedade civil com as prisões’, declarou Andy Barclay, representante da Embaixada Britânica e coordenador do programa. Melhoria na Gestão Penitenciária foi desenvolvido de acordo com o Memorando de Entendimento, de dezembro de 2002, entre o Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça, o Centre for Comparative Criminal Justice, o International Centre for Prison Studies, a Embaixada Britânica, o British Council e a Secretaria da Administração Penitenciária.
Agentes de segurança participam de programa de valorização
Cerca de 600 funcionários da secretaria participaram do Programa de Valorização de Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo, realizado em Atibaia. Divididos em duas turmas, assistiram às palestras de motivação e criatividade, além de atividades de ginástica laboral. Para o evento, organizado pela Escola de Administração Penitenciária, foram convidados agentes prisionais de todo o Estado, com a condição de que estivessem há mais de dez anos trabalhando no sistema, que nunca tivessem ocupado cargos de chefia ou de direção e que nunca houvessem participado de programas do tipo. Com isso, a secretaria obteve a presença de funcionários do chamado ‘fundão’ das penitenciárias, que trabalham em contato direto com os presos.
Além das palestras, a reunião de agentes de diferentes modelos e regiões no mesmo local proporcionou troca de experiências que pode ajudar no cotidiano das atividades nos presídios. O objetivo da secretaria e da escola é atender a 1,2 mil agentes de segurança penitenciária por ano com o programa. O jornalista, publicitário e escritor José Luís Tejon Macedo falou sobre motivação. Desenvolveu trabalhos na Índia, Japão, Escócia, Estados Unidos, México, Peru, Holanda e França. Nos últimos anos, vem realizando pesquisas no intuito de descobrir e compreender os fatores que levam as pessoas a realizar seus sonhos, metas e objetivos.
O escritor Evandro Daolio, que tem três livros publicados da série Ria da minha vida antes que eu ria da sua, tratou de qualidade de vida. Suas obras relatam situações do cotidiano. A palestra de Gisela Kassoy foi sobre criatividade. Além da formação como facilitadora de grupos de Geração de Idéias e em Liderança Criativa no Center for Creative Leadership, nos EUA, ela utiliza sua experiência com o teatro amador para criar técnicas que estimulam o desenvolvimento da criatividade em palestras e seminários.
Para o tema Enfrentando desafios, nada melhor que o empresário Júlio Fialdi, primeiro brasileiro a chegar aos dois pólos do planeta. O espírito de expedições trouxe aos ouvintes compreensão no modo de enfrentar desafios. O ouvidor da secretaria, Pedro Armando Egydio de Carvalho, foi convidado para ministrar a palestra Repensando a Profissão. O Grupo Corpo e Saúde ficou responsável pelas atividades de ginástica laboral e exercícios antiestresse.
Da Agência Imprensa Oficial
Por Regina Amábile
