Especial D.O.: Centro Paula Souza faz parcerias com empresas públicas e privadas para beneficiar jov

Instituição administra 105 Escolas Técnicas Estaduais e 17 Faculdades de Tecnologia

qui, 19/08/2004 - 13h47 | Do Portal do Governo

O Centro Paula Souza desenvolve amplo processo educacional na área de tecnologia. Vinculado à Secretaria da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado, administra 105 Escolas Técnicas Estaduais (ETEs), com mais de 90 mil estudantes e 17 Faculdades de Tecnologia (Fatecs), somando 14 mil universitários. O relacionamento dessas instituições de ensino com empresas e produtores tem permitido a formação de profissionais com ingresso rápido no mercado de trabalho. Empresas públicas e privadas firmam parcerias com o Centro Paula Souza por meio de convênios para o desenvolvimento de projetos agropecuários, ecológicos e sociais.

A área de 35 mil metros quadrados, na Cidade A.E. Carvalho, zona leste da capital paulista, seria destinada a mais um Centro de Detenção Provisória. Mas a comunidade, organizada, deu exemplo de que pode ter voz e vez. E o local foi aproveitado para a instalação do Centro Tecnológico da Zona Leste, a Fatec-ZL, como é conhecida. “Essa unidade, inaugurada em abril de 2002, tem algumas diferenças”, afirma seu diretor, Geraldo da Silva. Estabelecer contato com indústrias locais é uma delas. Na região existem pequenos e médios empreendedores que nem sempre têm acesso às informações ou novidades tecnológicas.

Estreitar o relacionamento foi uma iniciativa da Fatec. “Procuramos levar o aluno para conhecê-las e trazer o empresário até aqui.” São 1,6 mil estudantes nos três períodos, tanto nos cursos superiores de graduação em tecnologia quanto nos de nível técnico. “Setenta por cento deles estão na região. Não vai adiantar nada se tivermos os muros fechados para a comunidade”, compara o diretor.

Um exemplo de parceria de resultado é a estabelecida com o Centro Empresarial de Ermelino Matarazzo, criado em março e que já reúne cerca de 80 micro e pequenas empresas.

O propósito é promover o intercâmbio, por meio de palestras e cursos, além de ser um facilitador para o aumento de competitividade e lucratividade. Para o presidente do Centro, Adilson Charles dos Santos, a região tem potencial de desenvolvimento. “Se nos organizarmos, haverá um crescimento sustentado. Nesse sentido, a Fatec pode nos ajudar.” O coordenador da Fatec-ZL, José Angelo Bortoloto, diz que o empresariado coloca à disposição sua maquinaria para as aulas práticas. Cita, também, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) como outra parceria de sucesso.

“Aqui existe grande quantidade de indústrias com atuação na construção civil, confecção de roupas e plásticos. A proposta é fazermos um trabalho integrado. A partir de uma pesquisa, podemos saber quais são as necessidades da população da zona leste e estudar a possibilidade de oferecer novos cursos. O Sebrae entra com a verba e nós realizaremos o estudo. Todo o processo será feito pelos estudantes, o que representa excelente exercício”.

Bortoloto garante que alguns dos cursos oferecidos na unidade estão entre os primeiros do Brasil: “Os de logística e de tecnólogo em produção, com ênfase em plásticos, são dois bons exemplos”.

Pólo de empregos – O diretor da Fabusforma do Brasil, Paulo Rogério Ignacio, avalia que o inter-relacionamento com a unidade é fundamental. “Na minha indústria tem um profissional, indicado pela Fatec, que trabalha no controle de produção e almoxarifado. O resultado é positivo porque ele leva o conhecimento da faculdade para a empresa”. Para Antonio Paulo Previtero, da Indalo Industria e Comércio, o trabalho conjunto promove benefício para todos. “Aqui temos pouca mão-de-obra especializada”, explica. Charbêl Najib Mattar, diretor industrial da Primo Industrial Termoplásticos – um dos primeiros parceiros da Fatec-ZL – afirma que a aproximação é relevante. “Tenho seis alunos estagiando e um contratado”. Mattar é um tecnólogo mecânico de projeto formado pela Fatec. “Queria um estagiário chão-de-fábrica. O tecnólogo é quem mais atua no processo. Acredito que as universidades deveriam estimular essa troca de relações”.

O subprefeito de Ermelino Matarazzo, Milton Nunes Júnior, destaca que a unidade representa a resposta do governo à reivindicação da comunidade. O contato com o empresariado local é valioso. “Em três anos, Ermelino Matarazzo conseguiu gerar 57 mil vagas, e a Fatec é um ponto importante desse pólo de desenvolvimento”.

Igor Baria é engenheiro mecânico e faz pós-graduação, em nível de mestrado, na USP de São Carlos. Na Fatec, está cursando logística com destaque em transporte. “Passei a valorizar alguns conhecimentos depois de ingressar nessa faculdade”, afirma Baria, que trabalha no Metrô de São Paulo, onde é responsável pela manutenção da via permanente da Linha 3 (Leste-Oeste) e pelo Expresso Leste (Itaquera-Guaianases). “Exemplos são a geografia econômica e o estudo de como se dão os fluxos de bens e serviços no mundo. Aprendo em logística o que não vi na faculdade de engenharia. Essas disciplinas propõem visão ampla e me auxiliam no planejamento de atividades”.

Joice Henrique, da Agência Imprensa Oficial

Agricultura familiar chega às salas de aula dos assentamentos

Escolas técnicas estaduais estão oferecendo curso direcionado à agricultura familiar, beneficiando jovens assentados. A iniciativa é resultado da parceria entre o Centro Paula Souza e a Fundação Instituto de Terras (Itesp), da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania. Iniciado neste ano em caráter experimental, está sendo ministrado em duas escolas do Pontal do Paranapanema – nos municípios de Presidente Prudente e Rancharia –, com 30 moradores de assentamentos, e numa escola de Itaberá, que tem 60 alunos (leia abaixo). O Centro Paula Souza promove o curso também em outras regiões do Estado, atendendo aos filhos de agricultores.

Podem participar alunos que concluíram ou que estão cursando o segundo ou terceiro ano do ensino médio. O programa possibilita a formação de agente de processamento de produtos agropecuários (540 horas), agente de produção vegetal (620 horas) e agente de produção animal (680 horas). O objetivo é fixar a permanência do jovem no campo, com qualificação voltada às atividades típicas da agricultura familiar. O conteúdo dos cursos foi definido a partir de pesquisas com trabalhadores do setor, que levantaram os principais problemas enfrentados, como dificuldades de produção e de comercialização.

Empreendedor – Os ensinamentos estão sendo úteis para Valdenício Aparecido da Silva, 34 anos, morador do assentamento Palu, em Presidente Bernardes, que vem desenvolvendo sua principal atividade: a fabricação artesanal de farinha de mandioca. ‘Além de questões técnicas da agricultura, como manejo de pragas, estou aprendendo a administrar pequenos negócios.’ Valdenício faz um cálculo simples para demonstrar a vantagem de se agregar valor à produção: ‘O preço de uma tonelada de mandioca é R$ 200,00. Com essa quantidade, produzo 5,5 sacos de farinha. Cada um ao custo de R$ 90,00, são quase R$ 500,00’, conclui.

Responsável pelo gerenciamento do lote agrícola do pai, investiu R$ 8 mil na construção de um galpão e na aquisição de equipamentos para a fabricação da farinha. Empreendedor por natureza, e impulsionado pelos novos conhecimentos adquiridos, Valdenício planeja inovações como a produção de farinha temperada. E não quer outra vida: ‘A melhor coisa que aconteceu foi ganhar esta terra’.

Segundo o diretor-executivo do Itesp, Jonas Villas Bôas, a capacitação do produtor assentado é uma das prioridades do governo do Estado. Lembra que o Intituto de Terras mantém outro convênio com o Centro Paula Souza, no Programa de Formação de Jovens Empresários Rurais (Projovem) nos assentamentos paulistas. A intenção é qualificá-los para o gerenciamento de seus negócios de forma competitiva, ampliando o nível de renda de suas famílias.

O programa utiliza a pedagogia da alternância, metodologia de ensino em que o aluno passa parte do tempo na escola e um período aplicando seus conhecimentos nas plantações da família. Ainda neste ano será inaugurada uma escola em Mirante do Paranapanema, Oeste do Estado, para atender aos participantes do Projovem.

Assentados aprendem novas técnicas

A Escola Técnica de Agricultura Familiar Pedro Pomar, no assentamento Pirituba II, em Itaberá, foi inaugurada em julho. Ali será realizado o Curso de Habilitação Técnica em Agricultura Familiar para jovens assentados. São duas turmas de 30 alunos, e alguns filhos de agricultores também serão beneficiados. O objetivo é fixar o jovem no campo, com qualificação direcionada às atividades típicas da agricultura familiar.

Instalada na antiga sede da fazenda Pirituba, reformada e adaptada pelo Itesp, a escola atende a uma reivindicação dos próprios assentados. Segundo o analista de desenvolvimento agrário do instituto, Francisco Feitosa, o prédio escolar tem duas salas de aula, uma de informática, uma para professores, secretaria, laboratório, biblioteca e cozinha. O custo da reforma foi de R$ 108 mil. Ainda está prevista a construção de quadra coberta para a prática de esportes.

O Itesp ficará responsável pela parte prática do curso. As atividades relacionadas com o conhecimento adquirido em sala de aula serão desenvolvidas nos próprios lotes dos assentados. Outras oito ETEs do Centro Paula Souza também oferecem o ensino. “Os jovens estavam buscando serviço fora da área onde foram fixados, por isso queríamos uma qualificação para que pudéssemos aprender a cultivar a terra e administrar o lote”, justifica Ediane Lara Garcia, 18 anos, moradora do local. Uma pesquisa conduzida pela adolescente, na qual foram entrevistadas 125 pessoas, comprovou o interesse pelo curso.
O pai de Ediane, José Batista Lara Neto, comemora: ‘Essa conquista é importante para a gente que não tem condições de pagar escola para os filhos.’

Da Assessoria de Imprensa da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania