Especial D.O.: Capacitação de funcionários leva atendimento de qualidade ao Hospital Pedreira

Hospital é referência em ortopedia, pediatria e maternidade de alto risco

ter, 10/08/2004 - 16h02 | Do Portal do Governo

Logo que os doentes chegam à recepção do Hospital Geral de Pedreira (HGP), as atendentes verificam suas queixas e os encaminham à assistência médica de acordo com a gravidade do caso. Todos são identificados como pacientes vermelhos (casos de alto risco, atendidos imediatamente pela emergência do setor de tratamento, priorizando os idosos), amarelos (médio risco, recebem atendimento em menos de 30 minutos); e verdes (são os de baixo risco, queixas simples). Esse é o procedimento de rotina do hospital, situado na região de Santo Amaro, zona sul da capital, que atende, em média, 1,2 mil pessoas por dia.

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) dispõe de 247 leitos, distribuídos entre áreas de tratamento: adulto, infantil, neonatal, clínicas médica e cirúrgica, pediatria, maternidade, ortopedia e pronto-socorro. No mês de junho foram realizados 25.173 consultas e 18 mil exames de diagnósticos (pacientes externos e internos).

A dois quilômetros dali, na Vila São Pedro, funciona o ambulatório Jardim dos Prados do HGP. “É o primeiro de especialidades médicas do Brasil a ser avaliado por uma instituição alemã e a concorrer à certificação ISO 9000”, destaca a irmã Maria da Penha Fiorido, diretora do hospital. Com hora marcada, a unidade recebe encaminhamentos de pacientes que foram atendidos inicialmente na unidade básica de saúde da prefeitura e casos pós-cirúrgicos do Pedreira. O ambulatório Jardim dos Prados oferece exames complementares de diagnósticos e de laboratório.

Seus usuários são os moradores da região de Santo Amaro, que inclui os distritos de Pedreira, Campo Grande e Cidade Ademar. Quase mil índios guaranis de uma aldeia a cerca de 40 quilômetros, em Parelheiros, são assistidos pela equipe da instituição, principalmente nos setores de pediatria, maternidade e UTI.

O promotor de vendas Rodrigo Silva de Lima, 21 anos, morador da Vila Andrade, teve uma crise de enxaqueca. A dor foi tão intensa que teve uma parada respiratória e precisou ser submetido a procedimento cirúrgico no HGP para a abertura da traquéia. Após dez dias de internação está quase recuperado e sem seqüela. Rodrigo elogia o empenho dos profissionais: “Esse hospital é muito bom, mas ninguém gosta de ficar internado. Conto as horas para sair daqui”, brinca.

Qualidade e eficiência

Inaugurado em junho de 1998, o hospital tem 13 mil metros quadrados de área construída, distribuída em quatro pavimentos. É administrado pela Organização Social da Saúde (OSS), gestão resultante de parceria entre a Secretaria da Saúde e a Associação Congregação de Santa Catarina, instituição religiosa e filantrópica que fundou o Hospital Santa Catarina da Avenida Paulista. A congregação atua em creches, hospitais, escolas de diversos Estados, além de firmar convênios direcionados à assistência social. O Pedreira foi o primeiro hospital público da capital a conquistar o certificado de qualidade e eficiência da Organização Nacional de Acreditação (ONA), ligada ao Ministério da Saúde.

Sua manutenção financeira fica por conta do Estado, por meio de contrato de cinco anos. “Todos os colaboradores sabem o valor dos recursos que recebemos. Com as chefias, elaboramos plano estratégico e metas para cada área”, informa a irmã Penha. Cada setor tem uma verba e um controlador: “Com isso, todos sabem o que podem gastar e passam a entender a importância da qualidade do serviço, produtividade e desempenho.” Esta é a missão de seus 970 funcionários e 300 médicos.

Economia e segurança

O hospital Pedreira é instituição de referência na aplicação de medicamentos em portadores de hepatite C. Um convênio com a Secretaria da Saúde possibilita a aplicação desse caro produto (em média R$ 1 mil a dose) uma vez por semana em mais de 100 pacientes cadastrados. Em São Paulo, somente quatro hospitais públicos estão habilitados para esse serviço. A diretora disse que os portadores de hepatite C são conscientes, respeitam o tratamento e não faltam. “Até ricos vêm aqui e sabem que é difícil conseguir o injetável, por isso valorizam nosso trabalho”, enfatiza.

Há três anos foram instalados equipamentos de unitarização de sólidos (comprimidos) e de líquidos (injetáveis) na farmácia para economizar tempo, dinheiro, evitar contaminação, desperdícios e controlar a validade dos remédios. “A fármaco-economia não observa só a contenção financeira como também a segurança do paciente”, reforça a farmacêutica Suzana da Silva Freire Costa. O Pedreira é a única instituição administrada por OSS que tem aparelhos.

Em períodos de “pico” na unitarização de injetáveis – principalmente os destinados à UTI pediátrica, à neonatologia, ao berçário e à pediatria – a moderação ultrapassa R$ 800,00 por dia, pois a máquina introduz em cada frasco somente a quantidade prescrita. Os profissionais da farmácia se responsabilizam pela triagem, individualização dos produtos do doente e rigorosa conferência. “Se detectarmos interação medicamentosa consultamos médicos ou enfermeiros para alterar horários da ingestão dos remédios”, explica Suzana. Graças às máquinas, todo mês são individualizados 15 mil comprimidos e introduzidos líquidos em 3 mil seringas e em 1,4 mil injetáveis.

Melhorar sempre

Outro diferencial foi a instituição do programa de qualidade de terapia intensiva (QuaTI), desenvolvido pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) e operado por empresa de bioengenharia. “O programa mede a qualidade dos serviços prestados em UTI adulta e pediátrica para identificar problemas, propor soluções e verificar se as sugestões foram boas ou não para o atendimento. Erra-se menos”, resume o intensivista Marcelo Moock, coordenador da UTI no hospital e diretor da Amib. O QuaTI está em desenvolvimento na unidade de terapia neonatal do Pedreira.

Os pacientes admitidos são cadastrados no sistema com informações relacionadas ao diagnóstico, motivo da internação e sinais clínicos. Com esses dados calculam-se suas chances de vida. “Esses números são confrontados com a sobrevivência observada ao longo de um período e servem de fundamentação para a análise da qualidade dos serviços”, explica o médico.

O sistema QuaTI introduz cultura de trabalho fundamentada na análise de desempenho. Elege alguns indicadores mensuráveis como mortalidade estimada, mortalidade real, média de tempo de alta, de permanência no hospital, taxa de leitos, infecção hospitalar e passa a medi-los sistematicamente. “As comparações podem ser feitas no decorrer do tempo e com outras UTIs participantes. O que importa não é ser ótimo e sim trabalhar continuamente para melhorar sempre”, destaca Moock.

Tratamento humanizado

Como atende a dezenas de casos de partos de alto risco, os bebês prematuros ficam mais tempo internados e são acompanhados por equipe médica e encaminhados ao projeto Mãe Canguru. Os recém-nascidos ficam “colados” ao corpo da mãe, durante o tempo que for necessário, até ganharem dois quilos. “O contato materno favorece a criação de laços afetivos, acelera o desenvolvimento da criança, que ganha peso mais rápido”, explica irmã Penha. Bebês prematuros, alérgicos a leite de vaca, portadores de HIV e hepatite C serão beneficiados, ainda este mês, com um Banco de Leite. Terá capacidade para armazenar até 30 litros de leite materno em equipamentos doados por empresas privadas.

Durante o parto normal, realizado no Centro de Parto Humanizado, a gestante pode ser acompanhada de familiares. Por ser considerada uma das melhores maternidades públicas do País, está concorrendo ao prêmio Galba Araújo, do Ministério da Saúde. Uma vez por semana, cinco voluntários percorrem os corredores do HGP e levam alegria e descontração aos doentes e funcionários. “A risoterapia auxilia no tratamento e na recuperação dos pacientes”, destaca a diretora.

Com o apoio de paróquias vizinhas e da Diocese de Santo Amaro, grupo de voluntários da Pastoral da Saúde visita diariamente os pacientes oferecendo incentivos espirituais, além de ajudá-los na alimentação e corte de cabelo. Também acompanha crianças sozinhas e enfeita espaços para festas. O Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo (Fussesp) e a iniciativa privada doaram brinquedos para a instalação da brinquedoteca na pediatria e no pronto-
Socorro.

SERVIÇO:
O Hospital Geral de Pedreira fica na Rua João Francisco de Moura, 251 (atrás do Shopping Center Interlagos). Tel. (11) 5613-5900

Viviane Gomes
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)