Escrivão organiza o trabalho investigativo da Polícia

Para exercer a função, os escrivães passam por um curso de 600 horas/aula na Academia da Polícia Civil

seg, 04/02/2002 - 10h51 | Do Portal do Governo

Organizar o trabalho da Polícia Investigativa é a função principal do escrivão. Ele é o responsável por redigir e montar o inquérito policial, no qual constam as informações necessárias para o esclarecimento de um crime e sua autoria. O trabalho de montagem é acompanhado pelo delegado principal, que preside o inquérito.

A função do escrivão é considerada uma das mais importantes pela Academia da Polícia Civil do Estado. Segundo o delegado titular da Secretaria de Cursos de Formação da Academia da Polícia Civil, João Pinto, a base para uma boa investigação depende da atividade do escrivão. ‘Por isso, antes de assumirem os cargos, eles passam por um treinamento de, aproximadamente, quatro meses e 600 horas/aula na Academia’, explicou.

João Pinto informou que há uma proposta para aumentar a carga para 1.000 horas/aula. ‘O escrivão passaria por cinco meses de curso na Academia e mais um mês de estágio monitorado na unidade policial’, disse. Ele informou que a proposta surgiu dos estudos realizados pelo Núcleo de Segurança do Estado – formado por especialistas da Universidade de São Paulo (USP), que analisaram os cursos de outros Estados brasileiros e de países considerados como referência em Segurança.

O curso tem ênfase no desenvolvimento do inquérito policial. Além disso, o futuro escrivão tem contato com outras 35 matérias durante os meses de aprendizado. Aulas de administração, direito, armamento, processamento de dados, condicionamento físico, ética policial, relações humanas, pronto socorrismo e investigação estão entre as principais do curso. ‘Somente após a conclusão do treinamento é que eles estarão aptos para iniciarem o trabalho’, concluiu o delegado.

O escrivão Augusto Carrasco é chefe de escrivães na delegacia do Aeroporto de Congonhas, na Capital. Segundo ele, o escrivão aprende no curso a se relacionar com o público. ‘Muitas vezes, a pessoa que chega na delegacia acabou de passar por alguma perda e, obviamente, está abalada. O escrivão precisa realizar os procedimentos necessários sem causar um novo trauma para ela’, observou.

Ele também destacou que o sucesso das investigações depende de um bom trabalho do escrivão. ‘Ele coloca no papel todos os dados que vão ser investigados. Como num texto jornalístico, o que está escrito precisa ser entendido pelo leitor, só que no caso do escrivão o texto é técnico, pois é dirigido para um investigador’, comparou.

O delegado João Pinto informou que o piso salarial dos escrivães é de R$ 1.150,00. João Pinto disse ainda que durante três anos estes profissionais estarão em estágio de avaliação. ‘Nesse período é analisada a conduta, assiduidade, disciplina, aptidão, dedicação ao serviço e eficiência’, afirmou.

Além dos escrivães que tomaram posse, o Governo do Estado está com inscrições abertas até o dia 8 de fevereiro para preencher mais 678 vagas nesta função. ‘Os pré-requisitos são curso médio, dezoito anos completos, bons antecedentes e boa saúde’, completou o delegado.

Rogério Vaquero