Empresários visitam Complexo do Tatuapé da Febem

Participantes do Conselho Especial Consultivo da Febem conheceram oficinas profissionalizante do Complexo

ter, 29/06/2004 - 13h57 | Do Portal do Governo


Um grupo de 14 empresários de São Paulo visitou, nesta terça-feira, dia 29, o Complexo do Tatuapé da Febem. Eles fazem parte do Conselho Especial Consultivo da Febem, composto por 40 empresários. Durante a visita tiveram a oportunidade de conhecer a rotina dos internos nas oficinas profissionalizantes e em uma das unidades do complexo.

O objetivo, de acordo com o secretário da Educação, Gabriel Chalita, é que os empresários tenham contato com os jovens e conheçam os trabalhos realizados na Febem para a criação de perspectivas de trabalho para os adolescentes e também para o incremento dos programas em andamento, como as oficinas profissionalizantes e atividades esportivas e culturais. “Conversando com os adolescentes, os empresários sentem que esses jovens podem ter um futuro, se tiverem uma oportunidade”, disse.

Na opinião de Chalita, a falta de perspectiva dos adolescentes é um dos principais fatores que levam à reincidência. “Quando os jovens voltam para as famílias e encontram as mesmas dificuldades, os mesmos problemas e não enxergam perspectiva, eles acabam voltando a cometer atos infracionais”, afirmou.

Reincidência zero entre os que saem com emprego

Atualmente, o índice de reincidência da Febem é de 16%, contra uma média histórica de 50%. Já entre os 1.050 adolescentes que saíram da Febem com emprego, o índice de reincidência foi zero.

De acordo com o secretário, os adolescentes precisam sair da Febem com possibilidade de continuar os estudos e de emprego. “Fazer com que o adolescente saia da Febem trabalhando é uma grande alternativa. E esses empresários têm condições de contratar esses jovens nas empresas, de dar a eles uma oportunidade”, explicou.

Além da perspectiva de trabalho, outras idéias podem surgir a partir dessas visitas que estão sendo feitas pelos empresários às unidades da Febem. Este é o caso da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein, que deverá implantar, nos próximos meses, alguns cursos profissionalizantes na área da saúde como, por exemplo, o de hotelaria hospitalar.

De acordo com o presidente do Albert Einstein, Cláudio Luiz Lottenberg, os hospitais precisam de profissionais com esse conhecimento, mas o curso não é ministrado tradicionalmente em escolas de saúde. Assim, a empresa criou o curso para os funcionários, numa universidade corporativa, e estará estendendo o curso aos internos da Febem. “Evidentemente existe espaço no hospital para absorver essa mão-de-obra, mas não em grande quantidade. Mas vamos divulgar isso para que outros observem esse tipo de iniciativa e passem também a participar de um processo de inclusão social”, disse Lottenberg.

Outra iniciativa gerada pelas visitas surgiu na semana passada. “Levamos alguns empresários da área de seguros para ver a oficina de carros. Agora, eles vão doar máquinas para os jovens trabalharem nas oficinas”, lembrou Chalita.

Complexo conta com 1.200 jovens em oficinas profissionalizantes

O Complexo do Tatuapé, a maior unidade da Febem, é dividida em 18 unidades e conta com cerca de 1.700 adolescentes. Todos eles freqüentam o Ensino Fundamental ou Médio dentro da unidade e 1.200 participam das 52 oficinas profissionalizantes, com 31 cursos diferentes, oferecidas no Complexo.

A participação nas oficinas é opcional, mas, segundo Chalita, os jovens sentem-se obrigados a participar já que os laudos seguem para o Poder Judiciário. “Se o adolescente não faz nenhuma atividade, isso consta no laudo”, afirmou.

Mas os adolescentes parecem mesmo gostar de participar das oficinas profissionalizantes. R.S., de 15 anos, mostrava com orgulho os livros encadernados por ele. Há um ano e três meses internado, esse já é o segundo curso profissionalizante de que participa. Ele já fez o de mecânica e, quando terminar o de encadernação, pretende participar do curso de panificação. “É bom para passar o tempo e também para aprender alguma coisa”, afirmou.

Outro exemplo é A.J.O, de 18 anos, que está no terceiro curso. Já recebeu o certificado Senai dos cursos de informática e corte e costura; e agora está participando do curso de digitação. “Quero terminar os estudos e arrumar um bom emprego”, disse.

Empresários do Conselho Especial da Febem devem visitar outras unidades

O Conselho Especial Consultivo da Febem foi criado para oferecer sugestões e aconselhamento ao Governo do Estado sobre as alternativas para qualificar o atendimento ao jovem em conflito com a lei. O Conselho já realizou duas reuniões com o governador Geraldo Alckmin e com o vice-governador Cláudio Lembo, respectivamente, em dezembro de 2003 e março de 2004.

Agora, os empresários deverão conhecer o trabalho realizado nas diversas unidades da Febem. “O empresariado, hoje, é muito sensível, disposto a ajudar, mas não resolve apenas dar um cheque e pagar alguma coisa. Ele precisa ver e se comprometer”, apontou Chalita.

Cíntia Cury