Educação promove festa de confraternização para professores indígenas

Encontro também comemora formação dos primeiros 19 alunos no curso especial

qui, 12/12/2002 - 17h41 | Do Portal do Governo

A Secretaria da Educação e a Fundação da Faculdade de Educação da USP promovem nesta sexta-feira, dia 13, a partir das 11 horas, uma festa de confraternização para a comunidade indígena. Eles encerram o ano letivo de 2002 do 1º Curso Especial de Formação de Professores Índios para Educação Infantil e Ciclo I (1ª a 4ª série) do Ensino Fundamental.

A comemoração, que será realizada no Hotel Fazenda Terras Altas, em Itapecirica da Serra – Região Metropolitana de São Paulo – também vai homenagear os primeiros 19 alunos que concluíram o curso. Eles fazem parte do grupo pioneiro de 60 estudantes indígenas. Por já terem formação básica, os 19 alunos só fizeram as aulas da etapa de conhecimento específico. A formatura oficial dos 60 estudantes indígenas será realizada no segundo semestre de 2003.

Histórico do primeiro curso especial

As aulas do primeiro grupo de 60 estudantes indígenas no Curso de Formação de Professores Índios para Educação Infantil e Ciclo I (1ª a 4ª série) do Ensino Fundamental começaram em 15 de julho deste ano. Eles já ensinavam sua própria cultura em escolas criadas nas aldeias indígenas do Estado de São Paulo e, pela primeira vez, estão em sala de aula para se qualificar oficialmente no Magistério.

Dividida em três turmas: Bauru, Guarujá e São Paulo (cada uma com 20 alunos), as aulas estão a cargo da Fundação da Faculdade de Educação da USP, que firmou convênio com a Secretaria da Educação para ministrar o curso. O curso está sendo desenvolvido com metodologia própria, preservando o caráter intercultural dos alunos, que nesta primeira turma representam as etnias Guarani, Kaingang, Krenak e Terena.

Os estudos estão se realizando em duas etapas: básica e específica. Na primeira delas há atividades de aprendizagem e projetos de intervenção e aplicação em sala de aula. Na fase de estudos específicos, o enfoque é para o desenvolvimento de atividades baseadas nos conceitos do estudo básico, além da prática profissional supervisionada por meio de projetos interdisciplinares.

O grupo de Bauru está formado por membros de aldeias dos municípios de Arco-Íris, Braúna e Avaí, na região oeste do Estado. A turma do Guarujá conta com índios das cidades de Cananéia, Pariquera-Açu, Sete Barras, Miracatu, Iguape, Peruíbe, Itanhaém e Mongaguá, na região de Registro e Litoral Sul. Já o grupo que com aulas no bairro do Tucuruvi, Zona Norte da Capital, está formado por índios de reservas de Bertioga e Ubatuba, além de aldeias dos bairros do Jaraguá e Parelheiros.

Valorização da Cultura Indígena

Sugerido pelo Núcleo de Educação Indígena, vinculado à Secretaria da Educação, o curso especial visa melhorar a qualidade de atendimento dos alunos índios nas escolas criadas em reservas indígenas de todo o Estado. O objetivo é possibilitar a valorização plena da cultura desses povos, além da afirmação e manutenção de suas diversidades étnicas.
Outro objetivo do projeto é assegurar aos professores índios a formação mínima exigida por lei para o exercício da docência no Ciclo I do Ensino Fundamental. Com a conclusão do curso, eles podem se incluir no quadro do magistério estadual como professor de Educação Indígena.

Atualmente, 14 índios atuam como professores leigos em escolas de aldeias ensinando, na língua materna, tudo sobre a cultura e tradição da sua comunidade. O conhecimento universal nessas escolas é dado, em português, por professores não índios, vinculados ao quadro do magistério da rede oficial de ensino.

“Com o curso, além de formar os atuais índios que atuam como professores nas aldeias, vamos conseguir ampliar esse quadro para atender futuras escolas indígenas”, explica a coordenadora do Núcleo de Educação Indígena, Deusdith Bueno Velloso. A intenção, segundo ela, é posteriormente qualificá-los para o Ciclo II do Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

Os resultados do Saresp (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) de 2001, informa Deusdith, apontaram que os alunos índios assimilam melhor o conhecimento nas escolas de aldeia. A explicação pode estar na elaboração de uma proposta pedagógica que vem atendendo as necessidades da comunidade.

Gislene Lima