Educação: Projeto conscientiza educadores da pré-escola sobre seu papel na formação de crianças ativ

Curso é desenvolvido na Faculdade de Ciências de Bauru

sex, 08/11/2002 - 20h59 | Do Portal do Governo

Toda forma de comunicação que o adulto estabelece com uma criança representa estímulo essencial para o seu crescimento. É no convívio social com os adultos e com os coleguinhas que ela obtém as primeiras lições para o aprendizado da linguagem e para o desenvolvimento de suas habilidades motoras e cognitivas. A vida moderna, no entanto, obriga que um número cada vez maior de crianças, logo nos primeiros meses de vida, ingressem em creches e berçários, privando-as do convívio familiar. Por essa razão, o papel dos educadores que trabalham nesses locais torna-se tão significativo quanto o dos próprios pais. ‘Eles são cada vez mais importantes para a formação das crianças’, afirma a psicóloga Lígia Ebner Melcheori, do Departamento de Psicologia da Faculdade de Ciências (FC), campus de Bauru.

Com o objetivo de prevenir possíveis atrasos no desenvolvimento dessas crianças, Lígia coordena o projeto de extensão Acompanhamento do Desenvolvimento de Crianças de Creches nos Dois Primeiros Anos De Vida: Avaliação e Orientação aos Cuidadores. O Projeto, coordenado por Lígia e por sua colega Olga Rodrigues, encarrega-se de orientar educadores sobre a importância deles para a formação das crianças que cuidam.

Realizado em nove creches municipais da cidade Bauru, o trabalho recebe a colaboração da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e conta com a participação de 19 alunos do curso de Psicologia da FC. ‘Os alunos se sentem felizes em poder auxiliar o trabalho dos educadores e com o desenvolvimento das crianças nas creches, além do próprio enriquecimento profissional’, completa a psicóloga.

Organizados em grupos que atuam sempre na mesma instituição, os alunos da FC avaliam a capacidade de integração social e o desenvolvimento das crianças tanto na aquisição de linguagem como no que diz respeito à capacidade motora e cognitiva. ‘Ao detectar atrasos significativos de locomoção ou expressão, por exemplo, os alunos mostram aos educadores das creches como ajudar a criança a superar as suas dificuldades’, explica Lígia. ‘Observando os métodos aplicados pelos estudantes, os cuidadores adquirem a experiência necessária para diagnosticar problemas e auxiliar as crianças. Por essa razão, o projeto aprimora o educador’, enfatiza Lígia.

O aluno Luiz Carlos Francisco Júnior, da FC, único bolsista do Projeto, explica que, nas creches, os testes são realizados apenas entre crianças de quatro meses a um ano e meio de idade. ‘Para cada mês de vida existe um tipo diferente de teste’, explica. ‘Por meio de um kit de materiais psicopedagógicos, denominado Escala, promovemos atividades para avaliar o desempenho de cada uma delas’. Júnior conta que, para conseguir desenvolver esse trabalho, assim como os seus colegas, precisou conquistar a confiança da garotada.

‘Para avaliá-las, tivemos que participar ativamente do cotidiano da escolinha. Antes de começar a aplicar o Escala, ajudamos os cuidadores com alguns de seus afazeres diários, como a limpeza e a alimentação de seus alunos’, diz. ‘Pudemos, assim, conhecer melhor as crianças, que, com o tempo, passaram a brincar com a gente também.’ Segundo Lígia, para que uma criança se desenvolva adequadamente, é fundamental que ela nunca deixe de ter a atenção dos pais e de seus professores. ‘Conscientizar os educadores dessa missão é a grande importância desse Projeto’, conclui.