Educação: Parceria com a Unesco levará programa Escola da Família à rede de ensino

Escolas vão desenvolver atividades com as comunidades nos finais de semana

qua, 21/05/2003 - 15h50 | Do Portal do Governo

Da Secretaria de Estado da Educação


A partir do segundo semestre deste ano, cerca de seis mil escolas da rede pública estadual deverão exibir, nos finais de semana, a mesma inquietação estudantil que as caracterizam em dias de aula. Será uma mudança completa de cenário, que marcará a implantação do projeto Escola da Família: Espaços de Paz, uma parceria entre a Secretaria de Estado da Educação e a Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Essa iniciativa visa a despertar, entre 7 milhões de jovens e suas respectivas comunidades, novos referenciais para a elaboração de uma cultura de paz.

O acordo de cooperação será assinado na próxima segunda-feira, dia 26, às 11 horas, na Escola Estadual ‘Tarcísio Álvares Lobo’, localizada na rua Estela Borges Morato, 500, bairro do Limão, na Capital. Participarão da cerimônia o secretário estadual da Educação, Gabriel Chalita; o embaixador Marcos César Meira Naslausky, diretor geral da Agência Brasileira de Cooperação; e o representante da Unesco no Brasil, Jorge Werthein.

O objetivo do projeto é buscar o estabelecimento de uma nova responsabilidade coletiva, entre jovens e adultos, resgatando junto à comunidade a imagem de intocabilidade e respeito que deve ter a escola pública.

‘A escola deve ser um espaço sagrado, no qual a convivência seja prazerosa’, disse o secretário Chalita a respeito do projeto. Mas, observou, ‘o aprendizado transcende os muros da escola, ultrapassa os limites dos graus de formação, é necessidade constante de todos, professores, alunos e, também, de toda a comunidade’.

Dentro dessa filosofia, as escolas públicas estaduais serão abertas nos finais de semana para criar oportunidades de novas perspectivas em um ambiente acolhedor, cultivando-se a paz e fortalecendo o espírito comunitário, a auto-estima e a identidade cultural dentro e fora da escola. Assim, as famílias serão igualmente bem-vindas para tomarem parte em suas ações associativas.

Nesse ambiente serão desenvolvidas atividades culturais, com oficinas ligadas às diferentes linguagens artísticas; esportivas, com apoio em diversas modalidades; de saúde, com monitores que ministrarão seminários e oficinas sobre qualidade de vida; e relações de trabalho, para disponibilizar, também, recursos profissionais.

A implementação do projeto será realizada graças ao inédito programa de bolsas para universitários que estudaram em escolas públicas e da contratação de educadores profissionais juntamente com os educadores voluntários, que formarão o trio responsável pela atuação direta junto à população. Todos receberão treinamento específico para transmitir os conteúdos previstos e despertar nos jovens a consciência de cidadania e uma cultura de paz.

A partir do lançamento do projeto, que deverá se estender por três anos, os interessados poderão obter mais informações por meio da Central de Atendimento da Secretaria da Educação do Estado (tel. 0800-7700012); na escola estadual mais próxima de suas residências; ou acessando a página da Secretaria da Educação na internet (www.educacao.sp.gov.br).

Alcance do projeto

Com aporte de R$ 59,8 milhões proporcionados pela Unesco, somados à infra-estrutura e aos recursos humanos das escolas, o projeto vai mobilizar 6 mil profissionais da educação, 25 mil estudantes universitários e milhares de voluntários para, nos 645 municípios de São Paulo, procurar despertar potencialidades e desenvolver hábitos saudáveis entre 7 milhões de jovens e suas comunidades.

O projeto supera em amplitude e recursos outras iniciativas nessa direção, promovidas ao longo dos últimos anos, incorporando em sua concepção experiências recentes e bem-sucedidas como os programas Parceiros do Futuro, Comunidade Presente, Prevenção Também Se Ensina e Jovem Protagonista’. Por exemplo, uma análise realizada junto a jovens de 115 escolas participantes do programa Parceiros do Futuro ajudou a definir pontos importantes da nova iniciativa, como o principal enfoque das atividades a serem desenvolvidas e a presença dos educadores profissionais e dos bolsistas universitários.

Na avaliação feita em 2001, ficou claro que 96% dos jovens – a maioria entre 13 e 19 anos, alunos da rede pública – consideravam esse tipo de atividade na escola extremamente útil, por incentivar os talentos a educar. Desse total, 73% dos pesquisados viam no projeto uma forma de evitar a violência e propiciar uma diversão sadia.

Os quase 7 mil questionários respondidos revelaram como principais temas de interesse a orientação profissional, o aprendizado de computação e língua estrangeira, além da transmissão de conteúdos ligados à educação sexual e prevenção ao uso de drogas. Outra solicitação que emanou da pesquisa foi pelo estímulo à presença de pais e familiares na escola como forma de aperfeiçoar a iniciativa.

Os jovens assinalaram, igualmente, a necessidade de buscar uma preparação mais adequada para os profissionais e voluntários que atuam nesse tipo de programa, preferencialmente atraindo pessoas com uma formação anterior.

É evidente em nossa realidade que muitos jovens ficam marginalizados pelo desemprego gerado pela sociedade moderna. ‘Por isso – disse o secretário – no universo cada vez mais competitivo em que ora vivemos, está cabendo à escola também acumular a tarefa da educação como forma de prepará-los para a vida como um todo. Construir homens e mulheres para não apenas viver, mas, principalmente, entender a vida e participar dela de forma intensa.
Gente que, pelo saber, exerça a liberdade com responsabilidade e saiba defender os seus direitos, como verdadeiros cidadãos’, enfatizou Chalita ao expor uma das facetas principais do projeto Escola da Família: Espaços de Paz.

(LRK)