Educação: Índios ingressam no magistério e começam a dar aulas em fevereiro

Iniciativa visa melhoria do atendimento aos alunos indígenas e preservação da sua cultura

ter, 14/01/2003 - 11h25 | Do Portal do Governo

O primeiro grupo formado por 19 índios das etnias Guarani, Kaiagang, Krenac e Terena começa a dar aulas nas aldeias do Guarujá, Bauru e da Capital no dia 10 de fevereiro. Fazem fazem parte da primeira turma do Curso de Formação de Professores Indígenas para Educação Infantil e Ciclo I (1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental).

A formação desses novos professores foi promovida pela Fundação da Faculdade de Educação da USP em parceria com a Secretaria de Estado da Educação e vai formar, até o final de setembro deste ano, mais 49 professores-índios.

Para a Coordenadora do Núcleo de Educação Indígena da Secretaria, professora Deusdith Bueno Velloso, a iniciativa deve melhorar a qualidade de atendimento aos alunos indígenas nas escolas criadas em reservas do Estado e possibilitar a preservação da cultura desses povos. ‘É um projeto pioneiro e representa um avanço para o alcance da cidadania dessas crianças. Antes, o direito à escola estava apenas no papel’.

Além disso, o projeto assegura aos professores indígenas a formação mínima exigida por lei e os inclui no quadro do magistério estadual como professor de educação indígena.

Capacitação

Eles passaram por 3.040 horas de estudo nas áreas de Linguagem, Código, Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Fundamentos e Didática, compreendendo estágio supervisionado. Em fevereiro, participarão das capacitações de planejamento para definir a forma como será aplicado o novo conhecimento.

Os professores habilitados para as aulas de 1ª a 4ª também poderão transmitir os conhecimentos da língua e da cultura étnica para os alunos de 5ª a 8ª séries.

Os índios tornaram-se agentes do processo de alfabetização. A metodologia lingüística possibilita a criação de um material pedagógico diferenciado, feito especificamente para a aldeia indígena.

‘Com a escola indígena, a cultura fica assegurada, protegida. Todo o conhecimento que recebi, pretendo retornar para a comunidade. Eu quero que as crianças possam transmitir a nossa cultura para as outras que virão. Eu me sinto feliz fazendo esse trabalho’, diz Poty Porã, professora formada, da aldeia Guarani, do Jaraguá.

Escolas Indígenas

Aproximadamente 700 crianças e adolescentes indígenas de São Paulo estudam em escolas da rede oficial de ensino. A maioria (487) é formada por alunos de 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental, que freqüentam aulas na própria aldeia de origem.

São sete escolas criadas pelo Governo do Estado, por meio do Programa de Apoio à Educação Indígena, em parceria com as prefeituras. Em outras 13 aldeias, há escolas em fase de construção. Além do local apropriado, as aulas são bilíngües (em português e na língua materna).

Da Agência Imprensa Oficial
(Fonte: www.educacao.sp.gov.br)

A.M.