Educação: Escola de Engenharia de São Carlos desenvolve método econômico e seguro para tubulações te

Geovala permite economia de até 30% com manutenção e instalação de tubulações

seg, 21/07/2003 - 16h29 | Do Portal do Governo

Sistema pode ser empregado em tubulações de água, fios elétricos e outros. Técnica é inédita, e faz com que tubulações sofram menos o impacto de cargas que passem pela sua superfície

Uma alternativa econômica e segura para a instalação de tubulações terrestres para transportar de água, abrigrar fios elétricos e outros fins, acaba de ser desenvolvida na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP. A Geovala é um sistema de técnicas e instrumentos usados para diminuir a pressão de cargas sobre os tubos e permite que sejam instalados mais próximos da superfície.

O sistema pode ser usado em tubulações enterradas em trincheiras ou instaladas acima do nível do terreno, caso em que é feito um aterro. ‘Nas duas situações, a pressão exercida pelas construções e veículos pode causar estragos na tubulação’, diz o professor Benedito de Souza Bueno, do Departamento de Geotecnia da EESC. ‘A proximidade da superfície aumenta a transferência de cargas e os danos, mas diminui os custos de instalação e facilita a manutenção. Com a Geovala, conseguimos uma economia média de 30%, com uma tubulação bem protegida’.

Nos casos em que os tubos são enterrados em trincheira, o trabalho propõe que a vala construída tenha dois níveis, um abaixo do outro. Primeiro é cavada uma vala mais larga e depois, a partir do fundo desta, é feita uma outra, mais estreita, que acompanha todo o comprimento da primeira. Os tubos são colocados dentro da vala mais estreita, que é recoberta de terra. Em seguida, uma manta fina de material geotêxtil, feita de poliéster ou poplipropileno é colocada sobre o piso já nivelado.

A vala mais larga é então preenchida de terra, com uma compactação mais alta que a da vala mais estreita. A manta fica comprimida e ancorada nas laterais da trincheira mais larga, sustentando a carga que cairia sobre a tubulação. ‘A baixa compactação da terra na vala inferior e a proximidade da superfície são os principais fatores que barateiam a instalação. Além disso, a manutenção é facilitada, porque a manta pode ser cortada com uma tesoura, no sentido transversal, e depois substituída’, explica Bueno.

Acima do nível

A pesquisa apresenta uma outra proposta, para os casos em que a tubulação é instalada acima do nível do terreno e em seguida é aterrada. Nestas condições, um pouco depois que a altura do aterro ultrapassa o tubo (cerca de metade de seu diâmetro acima), é colocada uma calha sólida sobre a terra, paralela à tubulação. Esta calha tem a forma de um ‘U’ baixo, com a mesma largura do tubo e um quarto de sua altura.

O nível do aterro é então elevado até as laterais da calha que, desta forma, passa a constituir uma pequena vala. A calha e o solo ao seu redor são recobertos pela manta geotêxtil, e o aterro continua a ser feito, a partir deste nível. ‘Assim, todo o peso do solo e das cargas externas que atuariam sobre a tubulação são absorvidos pela manta, através de um fenômeno denominado efeito membrana. A deformação da manta também faz com que a sustentação da coluna acima da calha seja distribuída pelo solo lateral, diminuindo ainda mais a carga sobre o que existe embaixo’.

Segundo o pesquisador, as tubulações são cada vez mais utilizadas em atividades de grande importância. ‘As medições do consumo de água nas cidades apontam uma perda de até 40%, considerando o que é liberado nas estações de distribuição, mas temos também tubulações para esgoto, gases, óleos, sólidos em suspensão para mineração, fios condutores de eletricidade, fibras óticas e muitas outras coisas. No mundo todo não existe um trabalho como a Geovala, que precisa ser conhecido, para que chegue ao mercado. A engenharia é conservadora’, avalia.

Lucas Oliveira Telles
Da Agência USP de Notícias