Economia: Rotatividade é maior causa de desemprego entre jovens

É o que mostra estudos feito em seis capitais brasileiras pela USP

sex, 28/05/2004 - 10h57 | Do Portal do Governo

Do Portal da USP
Por Antonio Carlos Quinto

Ao contrário do que muitos pensam, o problema do desemprego entre jovens brasileiros pode não ser a falta do primeiro emprego. Um estudo desenvolvido no Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP mostra que, entre os anos de 1983 e 2002, houve grande rotatividade de jovens no mercado de trabalho. ‘Este é o fenômeno causador dos altos índices de desemprego entre os mais jovens que, em 2001, chegou a 13,5%, mais que o dobro dos adultos, que foi de 5,2%’, informa a economista Priscilla Matias Flori.

Em sua pesquisa de mestrado Desemprego de jovens: um estudo sobre a dinâmica do mercado de trabalho juvenil brasileiro, Priscilla utilizou como base os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O objetivo era saber os motivos de uma taxa tão alta de desemprego, principalmente em relação aos adultos. Os números referiram-se a jovens com idade entre 14 e 24 anos, das regiões metropolitanas de seis grandes cidades brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife.

O desemprego foi decomposto em dois determinantes: a duração média no desemprego e a taxa de entrada no desemprego, que é a rotatividade no mercado de trabalho.’ A duração média do adulto no desemprego é maior do que a taxa de sua entrada no desemprego’, explica Priscilla. A duração média no desemprego entre os jovens, segundo ela , é igual a dos adultos. ‘A diferença é justamente na rotatividade, que é maior entre os jovens. Talvez por estarem em busca de uma melhor oportunidade’.

Os números da PME analisados pela pesquisadora apontaram que entre os jovens que estão desempregados, 80% já trabalharam antes, ou seja, estão em busca, quem sabe, de melhores oportunidades. Somente 20% buscam seu primeiro emprego. O estudo não fez qualquer separação por renda, sexo, etc.

Taxa crescente

No período estudado, Priscilla detectou que as taxas de desemprego foram crescentes. ‘Os índices foram um pouco mais altos em 1983. Caiu no meio da década de 80 mas, a partir de 1990, começou a subir e não parou mais’, conta a pesquisadora. Ela acredita que as taxas de desemprego entre jovens ainda continuarão altas e sugere que, para combater o fenômeno, sejam criados centros para que todos os jovens, de maneira geral e independente de sua formação, tenham mais acesso a oportunidades de trabalho.

Os números com relação ao desemprego de jovens nas regiões metropolitanas das cidades citadas no estudo são muito semelhantes, segundo Priscilla. O estudo realizado também não foi detalhado por setores: indústria, comércio ou serviços. Os números da PME envolvem todas as atividades, inclusive às do mercado informal de trabalho. Atualmente, a pesquisadora já reúne dados para dar continuidade a seus estudos num programa de doutorado, com mais detalhes e dados que envolvam todos os setores.

Mais informações: (0XX11) 3091-5889, com Priscilla Matias Flori

V.C.