Economia: Preços agrícolas fecham fevereiro com queda de 0,46%

Dos 19 produtos pesquisados, somente quatro apresentaram aumento no preço

seg, 01/03/2004 - 15h57 | Do Portal do Governo

O índice de preços recebidos pelos agricultores (IPR) caiu 0,46% em fevereiro, ficando 1,53 ponto percentual acima do de janeiro de 2004. Com a plena colheita da safra de verão do ano agrícola de 2003/04 e mesmo com a alta das commodities no mercado internacional, não tem ocorrido uma recuperação dos preços agrícolas no mês, em função da fraca demanda interna e da valorização do real.

As variações dos preços agrícolas, por produto no mês de fevereiro, no acumulado de 2004 e em 12 meses, foram as seguintes:

O comportamento dos preços agrícolas, por grupo de produtos no mês de fevereiro, foi o seguinte:

Dos 19 produtos pesquisados, somente quatro apresentaram aumento no preço em fevereiro (batata, café, cebola e ovos). Entre os vegetais, a alta nos preços de três produtos não compensou a queda em dez, gerando redução de 2,67% no índice do grupo. Já no segmento animal, a forte elevação nas cotações dos ovos gerou a variação positiva de 3,51% nos preços do grupo, devido ao pequeno recuo nos preços das aves, boi e suíno. O resultado foi a queda de 0,46% no índice geral de preços agrícolas, queda inferior à observada no mês de janeiro.

Preços agrícolas em 2004

Em 2004 a variação acumulada do IPR foi negativa em 2,44%, em comparação com a variação positiva de 1,58% do IGP-M e de 0,85% do IPC-Fipe (estimativa). Isto indica perda de poder de troca no período para os agricultores de 4,02 pontos percentuais em relação ao IGP-M e de 2,29 pontos percentuais frente ao IPC-Fipe. Assim, os preços agrícolas, em 2004, estão apresentando perdas para os produtores, desde o início do ano.

No ano, oito produtos apresentaram crescimento no preço, com destaque para batata, café, cebola e ovos, que tiveram aumento acumulado superior a 20%. Já banana feijão, soja e trigo registraram aumentos inferiores a 20%, enquanto onze produtos tiveram reduções no preço, dos quais dois com mais de 20% (amendoim e tomate).

Preços agrícolas nos últimos 12 meses

A variação mensal anualizada do IPR, em fevereiro, indica o que desde abril de 2003 observa-se um contínuo recuo, ficando em a partir de outubro inferior ao IGP-M e ao IPC-Fipe e entra em 2004 com valores negativos. Essa forte queda, a partir de setembro, reduziu o índice acumulado para -2,57% em fevereiro de 2004, em comparação com 5,50% do IGP-M e 5,06% (estimado) do IPC-Fipe. Assim, os preços agrícolas, nos últimos 12 meses, estão apresentando uma perda de 8,07 pontos percentuais em relação ao IGP-M e de 7,50 pontos percentual frente ao IPC-Fipe.

Nos últimos 12 meses, nove produtos apresentaram crescimento positivo no preço, dos quais dois com altas superiores a 20% e sete com taxa menor que 20%.

Produtos que se destacaram

Nos últimos 12 meses, a banana foi o destaque entre os preços analisados, com expressiva alta nas suas cotações (49%) em função de menor oferta por problemas climáticos e crescimento das exportações.

Em 2004, a batata vem mantendo-se como o destaque entre os produtos analisados, com a maior alta de preço no ano devido à menor oferta na safra das águas do ano agrícola de 2003/04. O comportamento dos preços recebidos pelos produtores pode ser observado no gráfico seguinte:

Os ovos apresentaram expressiva alta no mês de fevereiro, em função da menor oferta neste período do ano, associado a aumento de demanda com o final das férias e início da quaresma. O comportamento dos preços recebidos pode ser observado no gráfico seguinte:

O preço do milho intensificou sua queda no mês de fevereiro de 2004, em função dos elevados estoques de passagem e do início da colheita da primeira safra do ano agrícola de 2003/04. O comportamento dos preços recebidos pode ser observado no gráfico seguinte:

O café manteve a tendência de alta verificada em janeiro, sustentada pela alta no mercado internacional em função da expectativa de menor oferta mundial do produto neste ano. O comportamento dos preços recebidos pode ser observado no gráfico seguinte:

Nelson Batista Martin do Instituto de Economia Agrícola
C.A.