Economia: Cesta básica de março apresenta alta de 3,30%

Pesquisa foi feita pela Fundação Procon-SP

qua, 06/04/2005 - 15h50 | Do Portal do Governo

No mês de março de 2005, o valor da cesta básica do paulistano apresentou alta de 3,30%, revela pesquisa da Fundação Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Governo do Estado de São Paulo, em convênio com o Dieese. O preço médio da cesta, que no dia 28/2/05 era de R$ 209,38 passou para R$ 216,30 em 31/3/05. Por grupo, foram constatadas as seguintes variações: alimentação, 4,30%, limpeza, -1,70% e higiene pessoal, 1,14%. A variação no ano é de -0,54% (base 29/12/04), e nos últimos 12 meses, de 2,91% (base 31/3/04).

Dos 31 produtos pesquisados, na variação mensal, 23 apresentaram alta, 6 diminuíram de preço e 2 permaneceram estáveis.

O grupo Alimentação foi o que registrou a maior variação positiva (4,30%). Dentre os produtos que compõem o grupo, destacamos a batata (kg), que registrou alta de 21,64%; o alho (kg), que registrou alta de 16,03%; o café em pó papel laminado (pac. 500g), que registrou alta de 8,58%; o biscoito Maizena (pac. 200g), que registrou alta de 5,15% e o frango resfriado inteiro (kg), que registrou alta de 4,85%.

Destacamos, ainda, a carne de segunda s/osso (kg), que apresentou alta de 4,81%. Apesar de não figurar entre as maiores altas, está entre os produtos que mais pressionaram o resultado da Cesta, considerando seu peso.

No primeiro trimestre de 2005 o preço da batata apresentou variações de comportamento, com elevação expressiva em janeiro, seguida de uma variação negativa em fevereiro e voltando a apresentar alta em março. A batata é um produto que apresenta grande vulnerabilidade às condições climáticas.

O alho, que vinha apresentando quedas sucessivas de preço desde novembro do ano passado, voltou a subir em março deste ano.

O café em pó apresentou em março de 2005 a maior variação mensal positiva desde agosto de 2003, quando a alta foi de 12,56% em relação a julho daquele ano.

O biscoito de maizena, depois de ter ficado dois meses sem alteração de preço, apresentou alta em março de 2005. Não apresentava variação mensal positiva desde outubro do ano passado.

O frango resfriado teve variação negativa de preço nos dois primeiros meses deste ano, voltando a apresentar alta em março. O mercado do frango, no início do ano, costumeiramente é marcado por baixa demanda.

É importante salientar que os aumentos ou quedas de preço dos produtos que compõem a cesta básica nem sempre estão atrelados a algum desequilíbrio entre oferta e demanda, motivado por razões internas (quebras de safra, política de preços mínimos aos produtores, conjuntura econômica do país, etc.) ou por razões externas (mudanças no cenário internacional, restrições políticas ou sanitárias às importações brasileiras, etc.). As alterações de preços, especialmente as de pequena magnitude, podem refletir tão somente procedimentos adotados por determinados supermercados da amostra, seja para estimular a concorrência, para se destacar em algum segmento, ou simplesmente para ‘desovar’ estoques através do rebaixamento temporário dos preços.

A análise a seguir pretende focalizar, dentre os produtos com maior participação na variação do valor médio da cesta básica deste mês, aqueles cuja oferta e demanda estejam sendo (ou poderão ser) influenciados por fatores macroeconômicos.

Batata

As chuvas do início do ano no Estado de São Paulo prejudicaram a colheita da batata. Além da chuva, o plantio foi menor este ano pois os produtores ficaram desmotivados com os prejuízos do ano passado.

Os produtores da região de Guarapuava/PR também não estão colhendo o esperado. A seca que atingiu a região por mais de trinta dias, na época em que a batata estava se formando, prejudicou o desenvolvimento do produto e a produtividade também caiu.

A redução da oferta teve como conseqüência a melhor remuneração ao produtor e o aumento do preço ao consumidor final.

Alho

O abastecimento do mercado interno, apesar da entrada do alho importado, começa a sentir os efeitos da redução da área cultivada. Estima-se uma queda substancial da quantidade de alho colhido em solo catarinense. Os baixos preços do alho importado afetaram negativamente a comercialização. Esse fato, associado ao período de entressafra, tem efeito altista sobre os preços.

Café

O setor cafeeiro vive um momento de otimismo com a recuperação dos preços no mercado internacional. A redução dos estoques internacionais e o aumento do consumo mundial de café contribuem para a elevação dos preços.

Outro fator que se junta ao otimismo quanto aos preços é a safra menor este ano. A redução já era esperada, por causa da bianualidade do café.

No mercado interno os preços do café também estão em alta. Os cafeicultores estão retendo estoques na expectativa que as cotações aumentem.

Carne Bovina

A alta dos juros norte-americanos pode aumentar a competitividade da carne brasileira no exterior. Com a alta dos juros, o dólar voltou a se fortalecer ante o real no Brasil, permitindo que a arroba do boi voltasse a ficar atraente no mercado externo. Desde que o real começou a se fortalecer ante o dólar, os exportadores de carne bovina começaram a reclamar da perda da margem de lucro.

No mercado interno, o consumo de carne bovina continua aquém do esperado. O feriado da Semana Santa, período de menor consumo de carne, veio tornar mais aparente o enfraquecimento da demanda doméstica. A oferta, contudo, pode estar sendo prejudicada pela temperatura elevada e a baixa umidade do solo que prejudicam o desenvolvimento das pastagens, piorando a qualidade do alimento para o gado e, consequentemente, retardando a venda para abate.

Milho

A seca que atinge várias regiões do Rio Grande do Sul provocou uma alta especulativa no mercado de milho, que é uma das culturas mais prejudicadas.

Em São Paulo, na região de Araçatuba, os produtores de milho estão desanimados com o preço pago pelo grão. Muitos ainda guardam parte da safra passada à espera de melhora nas cotações.

Produtores da região de Umuarama, no Paraná, também estão preocupados. A temperatura elevada e a falta de chuva atrapalharam o desenvolvimento das lavouras.

Os preços do milho também subiram no Brasil por causa das altas cotações no mercado internacional.

Procon-SP / Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania
Assessoria de Imprensa