Economia: Alta dos preços do café arábica indicam expectativa quanto à safra brasileira

No mercado de Nova Iorque, a cotação teve alta de 7,98%

qua, 14/05/2003 - 15h55 | Do Portal do Governo

Os preços do café reverteram a tendência em abril, iniciando a recuperação nos diferentes mercados internacionais. No mercado de Nova Iorque, a cotação do arábica (Contrato C, segunda posição) teve uma alta de 7,98% na posição de julho. No mercado da Bolsa de Londres, o preço do robusta aumentou apenas 1,41%. Na BM&F, o arábica atingiu alta de 13,25%, enquanto o preço composto diário da OIC foi de 4,19% a mais.

Essa alta nos cafés arábicas indica a expectativa do mercado quanto à pequena safra brasileira que está sendo colhida, entre 28 e 32 milhões de sacas. A conseqüência é a menor oferta desses cafés nos próximos meses, uma vez que mesmo os demais países produtores de arábicas indicam safras menores para o atual ano-safra.

É importante destacar que a tendência é haver instabilidade nas cotações dos cafés arábicas, uma vez que a partir de maio aumentam os riscos de geadas no Brasil, tornando as bolsas muito especulativas e intensificando as flutuações de preços do produto.

Os cafeicultores brasileiros também estão enfrentando valorização do real em relação ao dólar de 13,84 % no mês de abril, fazendo com que os preços recebidos pelos produtores crescessem apenas 2,69% no mesmo mês. Esses dois fenômenos, juntos, afetam os negócios, pois os produtores estão recebendo menos reais por saca exportada, dificultando as transações com os exportadores.

Todavia, mesmo com as instabilidades das cotações de café em mercados de futuros nos últimos 12 meses, verifica-se alta acumulada menos expressiva, de apenas 16,47% nas cotações médias mensais para o café arábica na BM&F, de 12,39% na bolsa de Nova Iorque para o arábica e de 43,84% para o robusta na de Londres.

De igual maneira, quando se avalia a trajetória dos preços de café recebidos pelos produtores, em reais, nos últimos 12 meses, verifica-se que cresceram 52,35%.

Mas é importante destacar que, desde outubro de 2002, se tem mantido os mesmos patamares de preços, o que tem trazido enorme insatisfação aos produtores e às cooperativas, que pressionam o governo para implementar leilões de opções para setembro e novembro, no sentido de elevar os preços do produto.

Existe, porém, enorme dificuldade na definição dos preços de contrato de opção, em função da instabilidade do câmbio e da indefinição da disponibilidade de recursos governamentais para o programa. Esta situação está freando a comercialização do produto a partir de abril, o que deverá dificultar o cumprimento das metas de exportações futuras.

Exportações do agronegócio café no primeiro trimestre

As exportações brasileiras de café (verde mais solúvel) apresentaram excelente desempenho no primeiro trimestre de 2003 frente a igual período de 2002. Particularmente, o café robusta teve incremento superior a 100% nos embarques (enquanto o arábica cresceu apenas 16,1% ou 693 mil sacas).

Também cresceram os embarques de café solúvel (13,2%), com volume de 77.500 sacas de incremento. Em temos de receitas cambiais, os embarques ocorridos permitiram ganho adicional de US$ 109,8 milhões, sendo possível estimar que, ao término do ano, o agronegócio alcance receita próxima a US$ 1,6 bilhão (tabela 1).

As exportações de café torrado e torrado e moído também tiveram excelente desempenho. Muito embora tenha-se observado ligeiro declínio nos volumes embarcados, as receitas tiveram crescimento superior a 100% no primeiro trimestre de 2003 (tabela 2).

Tal notícia deve ser comemorada. Como tem sido amplamente divulgado, o governo, por meio da Agência de Promoção das Exportações (APEX) 1 em parceria com o setor privado (SINDICAFESP 2 e ABIC 3), está empenhado em aumentar o valor agregado das exportações de café, através da dinamização das transações envolvendo o torrado e moído.

Nelson Batista Martin e Celso Luis Rodrigues Vegro do Instituto de Economia Agrícola
C.A