Ecologia: Jatobá pode ser usado contra poluição atmosférica

Árvores tropicais podem ser opção para limpar atmosfera caso o efeito estufa aumente

qui, 10/10/2002 - 18h50 | Do Portal do Governo

Transformar as florestas tropicais em aspiradores de dióxido de carbono (CO2) e, assim, livrar a atmosfera de grandes quantidades do principal gás responsável pelo aumento do efeito estufa na Terra é, por ora, uma idéia tão polêmica quanto inatingível.

Se um dia esse feito for possível, um grupo de especialistas em fisiologia vegetal do Instituto de Botânica de São Paulo acredita que o jatobá, uma árvore extremamente adaptada aos ecossistemas brasileiros e presente em praticamente todas as latitudes do território nacional, pode ser um bom candidato a desempenhar o papel de ‘faxineiro do ar’ – ou, no mínimo, mostrar como essa tarefa poderá ser desempenhada por outras plantas. Esse sonho, um devaneio ainda longínquo, é baseado nos resultados de uma série de experimentos realizados com mudas de uma espécie de jatobá, a Hymenaea courbaril , cujo crescimento parece se acelerar em ambientes ricos em gás carbônico, o nome popular do CO2.

Em linhas gerais, os estudos indicam que, quando cultivadas por três meses num local com 720 ppm (partes por milhão) de CO2 no ar, o dobro da atual concentração atmosférica, as mudas de Hymenaea courbaril duplicam a absorção de gás carbônico e a produção de açúcares (carboidratos) e aumentam em até 50% a sua biomassa, sobretudo na área foliar e nas raízes, visto que, com essa idade, as plantinhas ainda não produzem caule (madeira).

Se o comportamento do jatobá adulto na floresta for semelhante ao de sua muda criada em ambiente controlado, essa árvore poderá engordar consideravelmente caso a atmosfera da Terra atinja os tais 720 ppm de CO2 em 2075, como sugerem algumas estimativas.

Mais informações sobre esse tema na Revista Fapesp.