Discurso do governador Geraldo Alckmin na posse dos secretários

Cerimônia está sendo realizada neste momento no Palácio dos Bandeirantes

qui, 02/01/2003 - 11h27 | Do Portal do Governo

Discurso do governador Geraldo Alckmin na posse dos secretários

Ao dar posse ao novo secretariado do Estado de São Paulo, quero primeiramente dirigir minha saudação e meus agradecimentos a todos os secretários que participaram do governo Mário Covas e, depois, do meu.

Esses homens e mulheres empenharam todos os seus esforços para garantir o sucesso da mais importante revolução ética, política e administrativa que o povo paulista já viu. Receberam um governo arrasado, completamente arruinado e desacreditado. Com muito trabalho, inteligência e espírito público, ajudaram Mário Covas a recolocar o governo bandeirante em pé, altaneiro e forte, como ele sempre mereceu ser.

Alguns desses dedicados e leais colaboradores deixaram seus nomes inscritos em placas de inaugurações de obras – modestas e raras, no começo do governo, importantes e freqüentes, nos últimos meses. Mas isso não é o mais relevante. O importante, mesmo, é que todos têm seus nomes associados à maior obra de restauração da dignidade da administração pública, que a História do Brasil já registrou.

SENHORES E SENHORAS,

Hoje começamos uma nova etapa nessa interminável jornada rumo a uma vida melhor para todos os paulistas. Neste momento, o governo mantém alguns secretários e ganha outros colaboradores em seu primeiro escalão. Da soma de antigos e novos, teremos como resultado uma equipe harmônica, que saberá integrar experiência e arrojo na busca das melhores soluções para os problemas do nosso povo.

Ao saudar essa nova equipe, quero fazer algumas observações e recomendações. A luta por um futuro melhor exige, primeiro, que se preserve as coisas boas que já se conquistou no passado, sem se esquecer que evolução significa a permanente correção de erros e o permanente seguir em frente.

Assim, vamos preservar os princípios de austeridade moral e administrativa; de religioso zelo com o dinheiro público; de honrar compromissos; de respeitar adversários políticos e de manter diálogo franco e permanente entre todos os níveis de governo e com todos os setores da sociedade. Esse diálogo não é apenas exigência da democracia. Também é uma necessidade de ordem prática, pois, quanto mais se ouve, menos se erra.

Vamos manter preocupação permanente com o ajuste das contas públicas. Para que os governos enfrentem suas necessidades orçamentárias só há dois caminhos: aumentar impostos ou tornar mais eficiente a administração do gasto público.

Nosso governo é inimigo de aumento de impostos, essa solução fácil para dificuldades financeiras, mas penosa e até injusta para a maioria da população. Em seu lugar, preferimos o emprego criterioso dos recursos públicos, por controle rígido das despesas.

Com isso quero ressaltar a necessidade do ajuste fiscal fino, mais difícil até que o já realizado, pois que feito em um contexto de gastos já enxutos, mas que nem por isso é menos necessário.

Por isso, quero que o secretariado se envolva de corpo e alma nesse processo, que significa a melhoria contínua da relação custo/benefício dos serviços devidos pelo estado e das despesas por ele efetuadas.

Também vamos manter o processo de descentralização das ações governamentais, pois precisamos contar com a participação dos municípios, que são os melhores parceiros do estado. Essa descentralização continuará sendo feita, nas mais diversas modalidades de parcerias, sem qualquer discriminação de ordem político-partidária, pois cabe ao Estado dar atenção ao povo dos nossos 645 municípios e, não, à legenda que abriga esse ou aquele prefeito.

O mesmo princípio se aplicará às parcerias com a iniciativa privada e as entidades do Terceiro Setor, que avança em todo país, como resultado de um crescente processo de conscientização social de empresários, trabalhadores e da sociedade em geral.

Acima de tudo, vamos manter o princípio de que um governo sério faz mais e melhor. Este foi o princípio consagrado pelo povo paulista nas três últimas eleições para governador. É um princípio que já se consolidou e passou a fazer parte da cultura do nosso eleitorado. Portanto, temos de conservá-lo a qualquer custo.

Norteados por esses princípios, vamos realizar um ousado plano de ações que terá como suporte quatro governos integrados e harmônicos:

  • O governo empreendedor, que se esforçará ao máximo no sentido de desenvolver investimentos públicos e privados para a geração de emprego e renda. Com isso, estaremos enfrentando a questão do trabalho, que é o grande desafio desta gestão;
  • O governo educador, que vai perseguir a meta do analfabetismo zero; que vai manter a criança e o jovem na escola; que vai ampliar programas para a formação e aperfeiçoamento dos professores; que vai implementar projetos de qualificação e requalificação profissional; que vai ampliar o ensino universitário, e democratizar o acesso a ele.
  • O governo solidário, que vai fortalecer e expandir a rede de proteção social, pela qual o Estado não só vai procurar atender às necessidades dos mais carentes, mas também vai se preocupar com a promoção social de famílias excluídas. Ou seja, quando tratarmos da erradicação de cortiços – por exemplo – vamos lembrar que levantar paredes é fácil. O difícil é levantar o sentimento de cidadania no coração e nas mentes de uma população sofrida. E é nessa tarefa que também vamos nos empenhar.
  • Finalmente, faremos o governo prestador de serviços de qualidade. Queremos levar para todos os serviços públicos estaduais o padrão poupatempo, que é uma das ações de governo mais respeitadas e melhor aprovadas, não só porque mostra enorme eficiência no uso das tecnologias mais avançadas de informática, mas – principalmente – porque atende cada cidadão com todo o respeito e atenção que ele merece.

    Para realizar esses quatro governos, temos um vasto e excelente conjunto de metas. Mas quero lembrar que não é muito difícil fazer bons planos de governo. Basta diagnosticar e procurar atender as principais demandas da sociedade.
    O difícil é transformar planos em realidade. Para isso é preciso ter muito mais que boas idéias e boas intenções: é preciso ter muita disposição para o trabalho e grande capacidade de gestão.

    Creio que estas qualidades marcam o caráter e o perfil profissional de todos os integrantes desse time de craques que, com muita honra, eu acabo de escalar. Mas tudo isso não basta.

    Preciso dizer, aqui e agora, que não vou me conformar com secretários bem comportados, fiéis e simples cumpridores de suas obrigações. Quero muito mais:

  • quero secretários tomados pela inquietude e a rebeldia dos justos;
  • a inquietude e a rebeldia dos inconformados, dos que querem o melhor para o povo e não se contentam com o que é apenas bom ou razoável;
  • a inquietude e rebeldia de quem não aceita aquilo que é possível, e por isso luta incansavelmente para conseguir o que é ideal.

    Sei que isso vai gerar disputas e controvérsias. Mas é isso que faz crescer as pessoas e o governo, como um todo. Não, a acomodação, o conformismo, a tranqüilidade do dever cumprido, pois todos temos de ter a consciência de que jamais cumpriremos todo o nosso dever.

    Como disse no início, é interminável a jornada para se alcançar uma vida melhor para todos os paulistas. Mas nós queremos e podemos avançar muito nessa jornada. E é isso que, com a ajuda de Deus, vamos fazer.

    Time formado, equipe unida, está dada a partida, deixando o conforto dos gabinetes com ar condicionado, para tomar sol e amassar barro do solo paulista.

    MUITO OBRIGADO