A partir de janeiro de 2002 começa a primeira fase de despoluição do rio Pinheiros. O contrato entre a Empresa Metropolitana de Água e Eletricidade (EMAE) e a Petrobrás foi assinado nesta sexta-feira, dia 7, na Usina Termoelétrica Piratininga, no Bairro de Pedreira, Zona Sul da Capital. Além da limpeza do rio, por meio de flotação, a iniciativa está resgatando o uso múltiplo do Pinheiros, como a melhoria da qualidade e oferta de água no reservatório Billings, na Baixada Santista e Médio Tietê, além do aumento de geração de energia na Usina Henry Borden.
A Petrobrás vai assumir o custo e a responsabilidade pela execução da obra orçada em R$ 130 milhões. Vai instalar sete estações, que irão tratar 50 metros cúbicos por segundo de água.
A primeira etapa do projeto, que inclui a flotação, deve levar oito meses, adiantou o governador Geraldo Alckmin. “Esta fase terá investimentos de R$ 42 milhões e engloba seis quilômetros do Rio Pinheiros. Vai daqui da Usina de Piratininga até o Centro Empresarial, possibilitando o bombeamento de 10 metros cúbicos por segundo”, disse. A segunda fase inclui todo o rio Pinheiros. “São 50 m2 por segundo, e prevê a produção de 280 megawatts de geração de energia elétrica.
Um dos principais objetivos da primeira fase é aumentar em 59 megawatts a geração de energia da usina Henry Borden, que serão distribuídos entre a Petrobrás e a EMAE. Alckmin disse que, até 2003, as termoelétricas de São Paulo estarão produzindo 7.500 megawatts.
O governador lembrou que esta é a segunda parceria firmada com a Petrobrás no mesmo local. “A Usina de Piratininga funcionava com óleo combustível e lançava enxofre no meio ambiente, que caía como uma chuva ácida sobre toda a região. A parceria trouxe dois grandes benefícios: primeiro, a substituição do óleo combustível por gás natural, acabando com a chuva ácida e o lançamento do enxofre na região. Segundo, mais quatro turbinas que geram 400 megawatts, 200 MW neste mês de dezembro, e mais 200 MW até meados de 2002” , explicou.
Limpeza do rio era esperada há 60 anos
O secretário do Meio Ambiente, Ricardo Tripoli, disse que há 60 anos a cidade esperava pela limpeza do rio. “O sistema de flotação introduz uma tecnologia diferenciada para que o canal do Pinheiros se transformasse em um cartão postal de São Paulo”. Ele também destacou os benefícios que a despoluição vai trazer como a disponibilidade de água no Médio Tietê e na Baixada Santista, a redução da carga de poluição, o aumento de energia – com novas linhas de transmissão – e o uso de água nas indústrias e residências.
O presidente da Petrobrás, Philippe Reichstul, disse que a empresa vem cumprindo sua responsabilidade social e está gastando em torno de US$ 1,5 bilhão para transformar-se em 2003, num exemplo nas questões humanas, operacionais e do meio ambiente. Reichustul afirmou que a Petrobrás não é apenas uma empresa de petróleo. Tem capacidade de empreendimento e deve transformar-se numa grande empresa de energia, que vai prover produtos energéticos, que serão demandados no futuro.
Como funciona o processo de flotação
O processo de limpeza será feito por flotação, já implantado com bons resultados nos lagos do Ibirapuera, Aclimação e Horto Florestal. Aplicado no próprio leito do rio, permite aumento significativo dos níveis de oxigênio e condições para o retorno da vida aquática. O sistema de flotação utiliza produtos químicos, que, adicionados à água, provocam a aglutinação de partículas poluentes. Depois, com injeção de oxigênio, formam-se microbolhas que levam o lodo depositado no fundo do rio para a superfície, onde é colhido por dragas.
Valéria Cintra
