Desenvolvimento Social: Projeto Reciclar emprega 500 pessoas de baixa renda

Projeto piloto trabalha com reciclagem de lixo na região de Piracicaba

sex, 05/08/2005 - 15h32 | Do Portal do Governo

Muita harmonia, disposição e motivação para ampliar metas são as regras básicas dos 14 trabalhadores da Cooperativa de Reciclagem “Cooper Boa Esperança”, localizada no município de Capivari, à 140 km da Capital. Formada por ex-catadores de um antigo lixão desativado no município, a cooperativa faz parte do Projeto Reciclar 2000 Regional: Nosso Futuro Sustentável, uma parceria da Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social – SEADS, entidades sociais e prefeituras.

O Projeto Reciclar 2000 surgiu do Centro de Reabilitação de Piracicaba, entidade social, que buscou apoio junto a Divisão Regional da SEADS de Piracicaba, e foi aprovado pelos técnicos da secretaria. A partir daí, a SEADS procurou, dentro dos 30 municípios que compõe a regional de Piracicaba, outras entidades conveniadas com o Estado, que trabalhavam com reciclagem de lixo, e assim se organizaram nas quatro micro-regiões que hoje atuam no projeto e são gerenciadas pela APAE de Rio Claro, APAE de Sumaré, Associação de Reabilitação Infantil Limeirense – ARIL e o Centro de Reabilitação de Piracicaba, e a parceria das prefeituras locais e o apoio das regionais da CETESB.

A cooperativa “Cooper Boa Esperança”, de Capivari, é gerenciada pela APAE de Sumaré e seus integrantes já chegaram a faturar, cada um, até R$ 580 mensais. D. Tereza Batistela da Silva, 58 anos, mãe de 5 filhos, é uma das cooperadas e trabalhou no antigo lixão durante 10 anos. “Quando trabalhava no lixão tinha que dormir por lá, durante toda a semana. Voltava para casa só no sábado. Se tivesse sorte conseguia trazer uns R$ 70”, explica D. Tereza. Ela e seus companheiros dormiam durante a semana no lixão, aguardando os caminhões que descarregavam durante à noite, trazendo todo o tipo de material, muitas vezes até alimentos que eram aproveitados pelos catadores.

“Era uma festa quando chegavam frango congelado, iogurtes e outros alimentos”, relata D. Efigênia Vieira Prado, 55 anos, referindo-se aos alimentos com prazo de validade vencidos e jogados no lixão pelos supermercados da região. “Mas hoje, aqui na cooperativa temos refeitório e horário de trabalho definido. Estamos aqui das 8 às 16 horas , o caminhão vai buscar na porta de casa e leva de volta. Trabalhamos com material reciclado que vamos buscar na porta das casas, sem correr o risco de abrir os sacos plásticos e encontrar coisas que não queremos ver”. define D. Efigênia. Lembrando que além dos materiais recicláveis, muitas vezes recebem da população alimentos e roupas.

Os matérias reciclados e comercializados pela cooperativas são papelões, garrafas pet, plásticos, alumínio e vidro e as embalagens de tetra-pak , utilizadas no condicionamento do leite longa vida . O responsável pela comercialização dos matériais da cooperativa Boa Esperança é o Ivanildo Quirino Feliz, 35 anos, conhecido por todos como “Boca”, e afirma que os preços, por quilo, variam muito de acordo com aproveitamento do material. Por exemplo: a garrafa pet é vendida por R$ 0,65; papelão chega a R$ 22; e as disputadas latinhas de alumínio a R$ 2,60, lembrando que essas são as mais procuradas,“Quando recolhemos latinhas aqui na cooperativa, temos que trancar , senão corremos risco de, durante à noite, entrarem aqui e roubarem”, explica Boca, dizendo que até os comerciantes de bares e barracas de bebidas já não doam mais esse tipo de material, pois eles próprios estão vendendo as latinhas vazias.

Boca é o antigo comprador dos materiais recolhidos pelos catadores do lixão de Capivari, fechado há mais de três anos, mesma época em que a cooperativa foi fundada. Hoje ele também é um dos cooperados, junto com sua mulher Maria Aparecida, 28 anos, que conheceu no antigo lixão e depois de entrarem para a cooperativa, resolveram morar juntos e já têm um filho de um ano e meio.

Como o exemplo de outros municípios do projeto, a prefeitura de Capivari cedeu o espaço para a cooperativa Coper Boa Esperança, com galpão para a reciclagem dos materiais e armazenamento. Doou um caminhão, que passa diariamente nos bairros da cidade recolhendo os materiais. Uma vez por semana, a cooperativa também recebe R$ 100 da prefeitura de Rafard, cidade próxima, para recolher os materiais reciclados no centro e em alguns bairros.

O Projeto Reciclar 2000 permite a utilização racional de espaços disponíveis, com baixíssimos investimentos e também o estabelecimento de metas a curto, médio e longo prazo. A reciclagem de materiais se apresenta como uma alternativa econômica, social e ambiental, embasada no perfil de alto desperdício verificado na quantidade de materiais orgânicos e inorgânicos descartados pela população, cuja reciclagem é possível em média até 35% (atualmente no país apenas 1,5% do lixo é reciclado).

A conscientização desse trabalhado pode se somar a ações que visem o retorno econômico às populações em situação de exclusão social, além do que, coloca-se o desafio da observação e resgate de valores mais legítimos que, acoplados a ação, venham promover o desenvolvimento humano e a preservação da qualidade de vida, perfis tão necessários aos projetos de cunho social.

Atualmente, existem 500 catadores envolvidos nesse projeto, com renda média mensal que varia de R$ 250 a R$ 500 de acordo com o nível de organização e comercialização da cooperativa e as relações com as empresas e prefeituras municipais.

O total dos recursos que a SEADS destina às quatro entidades que administram o projeto é de R$ 270 mil, no ano de 2005.

Da Assessoria de Imprensa da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social

J.C.