Toda vez que limpamos uma bandeja de prata para deixá-la brilhando não imaginamos que estamos desgastando essa peça 0,5 mícron por ano. Isso é muito? Bem, não precisa se preocupar, pois 1 mícron é o equivalente a 0,00004 polegada. Mas, cuidado. A deterioração de objetos forjados neste metal vai além. As condições do ambiente onde estão guardados também influem no desgaste, como a alta variação da temperatura ambiente, os produtos químicos usados na limpeza e até o tipo de piso e forro do imóvel.
Você não precisa se preocupar com a sua bandeja, pois ela ainda irá durar muitas gerações. Mas se não cuidarmos das peças dos nossos museus, esta lenta ação do tempo consumirá nossos tesouros históricos e aí pode ser que o tataraneto do seu bisneto não venha a conhecer aquela cruz de prata do século XVI que você viu exposta no Museu de Arte Sacra.
Nem todo mundo tem esta preocupação. A engenheira metalúrgica Virgínia Costa tem e é especialista no assunto. Tanto que há oito anos trabalha em Paris como consultora de museus como Louvre e Petit Palais. Agora, a convite do Departamento de Arquivos e Museus (Dema), Virgínia trouxe a sua experiência para um Ateliê Sobre Conservação de Objetos de Prata que será desenvolvido em três módulos até o final do ano na Pinacoteca do Estado.
No primeiro, realizado em março, os alunos fizeram uma avaliação e documentação do estado de conservação de algumas peças do Museu de Arte Sacra. Em agosto, serão avaliadas as condições de manutenção dessas peças e registros periódicos de umidade e temperatura do local. No final do ano, em função do estado de conservação e das condições ambientais, haverá uma análise se as obras deverão ser submetidas à intervenção ou apenas protegidas da agressão do meio.
Os alunos, que são funcionários de museus de todo o estado, estão exultantes com a oportunidade de reaprender a olhar para os objetos de prata de seus acervos. As futuras gerações agradecem.
Secretaria de Estado da Cultura
Assessoria de Imprensa
(LRK)
