Defesa do Consumidor: Procon-SP constata variação semanal de 0,37% na cesta básica

Preço médio passou para R$ 171,14

sex, 11/10/2002 - 13h06 | Do Portal do Governo

Na segunda semana do mês de outubr, o valor da cesta básica teve alta de 0,37%, segundo pesquisa diária da Fundação Procon-SP, vinculada à Secretaria da Justiça do Governo do Estado de São Paulo, em convênio com o Dieese.

O preço médio, que no dia 3 era R$ 170,51, passou para R$ 171,14 nesta quinta, dia 10. Por grupo, foram constatadas as seguintes variações: alimentação, 0,35%; limpeza, 2,17% e higiene pessoal, -1,28%, ficando a variação acumulada no mês de outubro em -1,96% (base 30 de setembro) e nos últimos 30 dias em 2,47% (base 10 de setembro). No ano, a cesta variou 8,18% (base 28 de dezembro de 2001), e nos últimos 12 meses 13,19% (base 10 de outubro de 2001).

Dos 31 produtos pesquisados, na variação semanal, 15 apresentaram alta, nove diminuíram de preço e sete permaneceram estáveis. Os produtos que mais pressionaram a alta no período, considerando os respectivos pesos na cesta, foram nesta ordem: sabão em pó (pacote 1 Kg): 0,21%; leite em pó integral (embalagem 400-500 g): 0,21%; óleo de soja (900 ml): 0,15%; frango resfriado inteiro (kg): 0,15%; açúcar refinado (pacote 5 kg): 0,13%.

O grupo alimentação apresentou alta de 0,35% e o produto de maior variação foi a farinha de trigo, com aumento na semana equivalente a 5,69%. A safra brasileira de trigo deste ano teve quebra de aproximadamente 38%. A estiagem durante o plantio e as chuvas na colheita são as principais razões para a quebra da produção. No sul do Brasil, a produtividade teve redução de 15% devido às geadas no final do inverno.

O mercado brasileiro, em sua grande parte, é abastecido por meio das importações de trigo argentino, contudo, neste ano, houve também queda na produção daquele país. No Canadá, terceiro maior exportador mundial, a safra estimada também é menor se comparada com o ano anterior e, ainda, a menor colheita em 28 anos.

Desta situação resultou a necessidade de importação de trigo da Europa, mas o aumento no preço do grão no mercado externo e a desvalorização do real frente ao dólar, resultaram na redução do volume importado. Não bastasse o cenário mundial com redução da oferta e a escassez do produto no País, o Ministério da Agricultura proibiu a entrada de um carregamento de trigo importado da Ucrânia, por suspeita de apresentar fungos, para evitar a contaminação do produto nacional. Há desequilíbrio entre a oferta e a demanda, justificando a alta do produto e de seus derivados.

Por outro lado, devido aos bons preços pagos ao produtor e a alta de preços no mercado interno, a situação trouxe estímulo aos produtores de Mato Grosso e Goiás para aumentar a área plantada, objetivando melhores preços e até o plantio para a safra de inverno. No Brasil a área plantada para a próxima safra poderá aumentar em 40 mil hectares.

Quanto ao leite, a forte crise no setor em 2001 desestimulou investimentos no setor. Alguns pecuaristas tiveram inclusive que vender seu rebanho. Neste ano, mesmo com preços melhores ao produtor, os custos de produção, sobretudo do milho e da soja, estão bastante elevados. O Brasil é responsável por 5% das exportações mundiais de produtos lácteos.

Analistas do setor acreditam que as vendas externas possuem grandes possibilidades de aumentar e já se encontram em crescimento, podendo ainda ser estimuladas pela alta internacional do leite em pó. Não só no Brasil a situação é delicada mas também na Argentina e no Uruguai.

Na Argentina a produção leiteira deve cair 15% este ano e no Uruguai pelo menos 5%. Não se pode esquecer que estes países são os maiores fornecedores de leite em pó para o Brasil. A tendência, no entanto, é a redução no volume importado face o início da safra 2002/2003 e à desvalorização do real frente ao dólar. Assim, a queda no nível de oferta nacional bem como nos países exportadores do Mercosul, comparada à demanda pelo produto, pode ser a causa da alta no preço do leite em pó verificada na Cesta Básica nas últimas semanas.

Mantendo a tendência de queda, a batata apresentou variação negativa de 15,53% nesta semana, não havendo portanto, mudanças significativas na sua comercialização com relação ao verificado na semana anterior. Segundo a Bolsinha de Cereais de São Paulo há boa oferta do produto no mercado.

O clima propicia a colheita de alho em São Paulo, trazendo maior abastecimento ao mercado e, conseqüentemente, maior oferta do produto com queda no preço de 2,76% na semana. No Rio Grande do Sul, maior estado produtor, o clima favorece o crescimento das lavouras prevendo-se com isso uma boa colheita no estado.

A pesquisa da cesta básica registrou queda nos preços da carne bovina, de primeira e de segunda sem osso, de respectivamente -0,96% e -1,61% e alta nos preços do frango resfriado e salsicha avulsa equivalente a 2,59% e 1,32%. Analistas informam instabilidade nos preços da carne em função das eleições.

Na semana, no campo, o boi gordo registrou mais uma alta. As acentuadas altas no preço da carne bovina causaram a diminuição no consumo, tendo em vista o poder restrito de compra do consumidor, forçando a queda dos preços no varejo. Houve, em conseqüência, substituição do consumo pela carne de frango que, frente à maior demanda, teve aumento na cesta básica de 2,59%.

Da Assessoria de Imprensa do Procon-SP