Defesa do Consumidor: Procon-SP constata variação de 47% no custo médio da Cesta Básica

Levantamento feito nos oito anos do Plano Real registra maior variação no grupo Limpeza

ter, 23/07/2002 - 11h38 | Do Portal do Governo

O Procon-SP constatou que o custo médio da Cesta Básica apresentou, no período de 1º de julho de 1994 a 28 de junho deste ano, variação de 47,07%. O consumidor que no início do Plano Real gastava R$ 106,40 para adquiri-la, passou a dispender R$ 156,48. A maior variação foi do grupo Limpeza com 65,07%, seguido do grupo Higiene Pessoal com 62,84% e do grupo Alimentação com 42,98%.

Com grande diversidade de marcas no mercado, tanto os produtos de higiene como os de limpeza apresentaram tendência de alta no período. O papel higiênico teve maior destaque entre as altas desses grupos, 124,44%.

Os altos preços internacionais matéria-prima e a desvalorização cambial levaram os fabricantes a destinar grande parte da produção ao mercado externo, provocando aumentos significativos entre 1999 e 2001, quando o preço do papel higiênico variou 50,55% e 18,06%, respectivamente.

Embora com uma variação menor em relação aos dois outros grupos mencionados (42,98%), os produtos do grupo Alimentação tiveram maior influência na alta da Cesta, considerando os produtos com maiores pesos na variação. É o caso da carne bovina e do arroz. Estes mesmos produtos influenciaram, também, significativamente em termos de peso, a variação positiva da Cesta no período de sete anos do Plano Real, analisado no ano passado.

O alho, por sua vez, figura como o produto que teve a maior variação, 203,35%. Apesar da produção nacional ter aumentado nos últimos anos, é grande, ainda, a dependência do produto importado. A concorrência no mercado entre o produto nacional e o importado costuma ser mais acentuada em agosto e setembro, meses que estão inseridos no período de entressafra da produção nacional. Nesta época, a demanda é atendida, em grande parte, pelo alho proveniente da China e Espanha, pressionando os preços para cima.

Produtos de origem animal apresentaram em vários momentos altas significativas. As condições climáticas, muitas vezes pouco favoráveis às pastagens, favoreceram o aumento de preço, sobretudo das carnes. O frango vem apresentando ao longo do período tendência de alta. O quilo do frango resfriado inteiro que, em 30/06/94, era R$ 1,17, chegou a R$ 1,81 em 28/12/01.

Dois fatores importantes influenciaram as oscilações: os preços elevados, em vários momentos, da carne bovina, em função de problemas climáticos (estiagem), provocando o aumento da demanda por frango e o aumento do preço do milho e do farelo de soja, principais componentes da alimentação de aves.

A queda do consumo da carne bovina na Europa em 2001, em razão da crise sanitária, incrementou as exportações de frango, colaborando para manter o preço em alta no comércio interno.

Tanto o arroz como o feijão, componentes tradicionais na alimentação do consumidor brasileiro, apresentaram alta no período pesquisado, ocasionados principalmente por fatores climáticos. Estiagens prolongadas bem como chuvas excessivas prejudicaram a produção, tanto na safra das águas (período de verão), como na safra de inverno. Nesses oito nos, o arroz tipo 2 teve variação de 61,33% e o feijão carioquinha, 88,17%.

O café vem sendo comercializado com preços baixos no decorrer deste período, tendo na Cesta Básica variação negativa de -43,25% (café em pó -papel laminado). Nos anos de 2000 e 2001, este problema acentuou-se ainda mais, com variações negativas na Cesta de -19,43% e -23,68%, respectivamente. Seu valor que era R$ 2,89 em 30/06/94 e R$ 2,83 em 30/12/99, chegou em 2001 a R$ 1,74 (pacote de 500 g). Em junho de 2002, o preço médio verificado foi de R$ 1,64. Diante de um clima favorável às plantações no Brasil e de uma grande produção mundial, há um excesso de oferta, tanto no mercado interno quanto externo, indicando preços baixos para o produto.

Assim como o café, o açúcar tem registrado safras compensadoras não só no Brasil, mas também em outros países produtores, acarretando em alguns momentos preços baixos diante de uma oferta mundial considerável e uma demanda retraída.

No primeiro semestre de 1999, por exemplo, o açúcar registrou as cotações mundiais mais baixas num período de quatorze anos. No período de oito anos de Plano Real, o açúcar teve uma variação negativa de -13,87%.

Da Assessoria de Imprensa da Fundação Procon-SP