Decreto garante desapropriação de área para implantação de gasoduto

As redes de distribuição de gás natural estão crescendo rapidamente em São Paulo. Energia a gás é limpa, barata e oferece boa qualidade

sex, 19/07/2002 - 15h24 | Do Portal do Governo

Uma nova rede de distribuição de gás natural será implantada no Interior de São Paulo. O decreto que será publicado neste sábado, dia 20, pelo Governo do Estado garante a desapropriação de uma faixa de 10 metros de largura que passará pelos municípios de Boa Esperança do Sul, Araraquara, Matão, Américo Braziliense, Santa Lúcia, Rincão, Guatapará, Luís Antônio, Cravinhos, Bonfim Paulista e Ribeirão Preto.

Com a posse desta área, a empresa concessionária Gás Brasiliano dará continuidade à construção da Rede Noroeste, que atenderá diversas indústrias paulistas. Parques industriais como Sorocaba, Araraquara, Campinas e Ribeirão Preto são prioridades e o Governo do Estado já assinou cinco decretos permitindo a desapropriação de áreas nestas regiões.

O crescimento acelerado das redes de distribuição de gás natural no Estado de São Paulo está permitindo que este tipo de energia ganhe projeção e passe a concorrer com outras fontes energéticas. Nos últimos três anos, a malha foi ampliada em 700 quilômetros e passou a atender cerca de 500 indústrias paulistas.

As ligações residenciais também estão aumentando. Cerca de 350 mil consumidores já trocaram o bujão pelo gás canalizado em suas casas. Outra novidade é o aumento do número de veículos movidos a gás e dos postos de abastecimento. Hoje já é possível ir de São Paulo ao Rio de Janeiro com um carro a gás, porque pelas rodovias que fazem a ligação destas duas capitais há diversos postos especializados.

As vantagens do gás em relação aos outros tipos de energia são essencialmente preço e qualidade. Nas indústrias, onde a demanda é grande, o gás natural é vendido com um preço 50% menor ao bujão, permitindo aos empresários aumentar a competitividade. Outra vantagem é a qualidade do gás em comparação aos tipos de óleo combustível utilizados nas empresas para produzir vapor. Já nas residências e no comércio, o preço do gás canalizado se equipara ao do bujão, mas permite uma utilização mais prática, segura e limpa, causando menos problemas aos equipamentos e ao meio ambiente.

As redes de distribuição de gás em São Paulo estão sendo implantadas nas ramificações do Gasoduto Brasil-Bolívia, que foi concluído no ano de 1999. As obras são realizadas por três empresas que receberam a concessão de 30 anos do Governo do Estado para administrar o setor: Comgás, Gás Brasiliano e Gás Natural.

O comissário-geral da Comissão de Serviços Públicos de Energia, Zevi Kann, informou que até o ano de 2005 a meta é elevar o uso do gás para 12% do consumo total de energia no Estado. Atualmente, o produto representa 3% da matriz energética. ‘Isso está avançando muito rápido. E agora vai crescer de forma mais acelerada com a implantação de novas redes’, assegurou.

Ele disse que por enquanto apenas a empresa Comgás atua na distribuição. ‘As outras duas concessionárias estão construindo as redes’, explicou. Nos próximos três anos, a Gás Brasiliano terá aberto mais 220 quilômetros de malha e a Gás Natural outros 200 quilômetros, o que representará investimentos de R$ 300 milhões.

Interior

As concessionárias Gás Brasiliano e Gás Natural estão atuando no Interior de São Paulo, para permitir que a rede atinja áreas de intenso pólo industrial. Kann afirmou que as indústrias precisam do gás natural para poder reduzir os preços e se manterem no mercado. ‘Por exemplo, algumas empresas de cerâmica já são atendidas pela Comgás e conseguiram reduzir seus preços. Outras, do mesmo ramo, aguardam a chegada da distribuição de gás nas cidades onde estão instaladas para poderem fazer o mesmo e ficarem competitivas’, analisou.

Com a implantação das redes próximas dos pólos industriais, o gás natural também começa a chegar às residências. ‘Para tornar viável a construção das redes é preciso que haja um grande volume de demanda. Por isso, inicialmente elas chegam às indústrias e às termoelétricas, depois é possível estender para o comércio e moradias’, sustentou Kann. Segundo ele, ainda neste ano a empresa Gás Natural deverá ligar cerca de mil residências na região de Sorocaba e a Gás Brasiliano atenderá às casas da região de Araçatuba. ‘A Comgás tem crescido na base de 15 a 20 mil ligações residenciais por ano’, afirmou.

Comgás

As metas de crescimento da Comgás são ambiciosas. A empresa deverá investir mais de R$ 1 bilhão nos próximos cinco anos na expansão da rede, equipamentos e manutenção. ‘Esta empresa superou em muito as metas iniciais, traçadas pelo Estado durante a privatização’, disse Kann. Ele informou que hoje a rede da Comgás é de 3.000 quilômetros e que o volume de vendas é de 8,5 milhões de metros cúbicos por dia. ‘Antes da privatização a empresa vendia menos de 3 milhões de metros cúbicos. Ou seja, praticamente triplicou a produção’, comparou.

Outro mercado promissor é o de veículos a gás. Hoje, a Comgás está com 110 postos de gás natural veicular implantados e as outras duas concessionárias também já irão começar a construí-los. O preço do metro cúbico de gás, que equivale a um litro de gasolina, custa por volta de 70 centavos. ‘Em breve será possível rodar em todo o Estado de São Paulo com um carro movido a gás’, confirmou Kann.

Rogério Vaquero