Declaração do governador Geraldo Alckmin sobre o episódio que culminou com a morte do prefeito de Sa

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dom, 20/01/2002 - 19h36 | Do Portal do Governo

Eu quero transmitir meu sentimento de pesar e uma enorme consternação à família do prefeito Celso Daniel, à população de Santo André, aos seus companheiros. Um homem público de conduta ilibada, exemplo para todos nós. E mais do que consternação, transmitir a indignação em nome de todo o povo de São Paulo com tamanha barbárie, com tamanha crueldade, como o fato ocorreu. E até pelo meu envolvimento pessoal, ao longo da última noite e desta madrugada.

Ontem, antes da reunião com o PT, que aconteceu a pedido do PT… eu quero antecipar dizendo que fui comunicado imediatamente pelo secretário da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi, do seqüestro. Imediatamente, determinei ao secretário que fosse a Santo André, juntamente com o delegado-geral da Polícia Civil, Marco Antonio Desgualdo, e que todas as forças policias fossem executadas no sentido de recuperar a sua vida e prender os bandidos. Esse esforço foi feito durante todo o dia de ontem. À noite, antes da reunião com o PT, fui procurado pelo senador Eduardo Suplicy e pelo presidente nacional do partido, deputado José Dirceu, que dizia que havia recebido um telefonema, onde alguém se identificava como integrante da quadrilha desses seqüestradores, dizendo que poderia libertar o prefeito Celso Daniel, desde que alguns presos, cujos nomes não foram citados e que estão fora do Estado de São Paulo, fossem trazidos de volta para cá. Eu disse ao senador Eduardo Suplicy que, caso retornasse essa conversa com a pessoa que o havia procurado, dissesse-lhe que caso pudesse garantir que o prefeito estava vivo – que poderia ser sua voz ao telefone, ou uma foto com o jornal do dia -, que ele continuasse as negociações e que o Governo analisaria a hipótese para tentar salvar a vida do prefeito. Isso foi por volta de onze e meia, onze e quarenta da noite. O senador depois retornou, dizendo que havia combinado com a pessoa que havia telefonado, que como ele viajaria às seis horas da manhã para o Ceará, para Juazeiro, a pessoa telefonaria para o celular dele às cinco e meia da manhã, solicitaria esta comprovação de vida e voltaria a falar conosco. Eu até deixei o telefone do secretário da Segurança Pública e deixei também o meu telefone com o senador. Quando foi hoje, às seis horas da manhã, o senador Suplicy ligou dizendo que a pessoa alegou dificuldades para poder prestar essa comprovação de vida, mas insistia na possibilidade da transferência desses presos que estão fora de São Paulo. Ele disse que deu o meu telefone para ele e o telefone do secretário da Segurança. Ele disse que em dez minutos a pessoa iria telefonar para mim. Aguardei o telefonema. Orientei a pessoa que fica aqui no telefone do Palácio para que qualquer ligação para mim fosse imediatamente transferida. Depois de dez minutos, a pessoa ligou dizendo: ‘eu sou a pessoa que conversou com o senador Suplicy’. E eu reiterei que o Governo de São Paulo estava aberto à possibilidades para que a vida do prefeito fosse salva, embora nem soubesse que presos são esses, pois em nenhum momento o nome deles foi falado. Ele disse que voltaria a telefonar às dez e meia da manhã e desligou o telefone. Depois de dez minutos o senador Eduardo Suplicy ligou do aeroporto dizendo: ‘a pessoa voltou a ligar para mim dizendo que não vai mais ligar para você, mas que vai ligar para mim às 15 horas’. E aí pararam os telefonemas.

Estou relatando esses fatos que ocorreram de ontem à noite até hoje cedo. Nós tivemos a triste notícia sobre o caso e estou até extremamente chocado, porque acabei tendo envolvimento pessoal nesse caso.

Dito isso, eu quero dizer que vou amanhã, dia 21, para Brasília encontrar com o presidente Fernando Henrique às 17 horas e vamos levar a ele um conjunto de medidas. Passamos o dia todo trabalhando em um conjunto de medidas no qual estivemos trabalhando durante a semana. São medidas administrativas e legais. Não vou antecipá-las, até porque depois de entregar em mãos ao presidente da República e for do seu conhecimento, vamos divulgá-las. Além disso, estamos tomando uma série de medidas em nível estadual, além de todo o esforço da polícia na localização e na prisão desses criminosos. Essa é uma guerra e nós vamos trabalhar firmemente na prisão deles. Aliás, já temos hoje 253 seqüestradores presos e 18 mortos no embate com a polícia, além do empenho absoluto do DEIC – Departamento de Investigação Contra o Crime Organizado. Ele vai empenhar todos os seus esforços, somando esforços à Divisão Anti-Seqüestro.

Nós estamos regulamentando por decreto a Lei de Recompensa e anunciando que vamos pagar o máximo que a lei permite, de R$ 5 mil a R$ 50 mil, àqueles que denunciarem e nos transmitirem informações que nos levem a prisão dessa quadrilha. Além de solicitar à Assembléia Legislativa a aprovação urgente de outro projeto de lei que recompense aqueles que denunciarem criminosos. Também estamos concluindo um trabalho de caráter emergencial de contratarmos, por processo seletivo simples, seis mil jovens para substituir os policiais de função administrativa. O governo tem o compromisso de aumentar o efetivo da polícia, ter mais polícia na rua, e o recrutamento das polícias e concursos públicos da Polícia Civil já vinham sendo acelerados. Mas essa é uma medida mais rápida, na qual nós poderemos ter seis mil jovens do serviço voluntário preparados para assumir funções não evidentemente policiais e poderemos trazer mais seis mil policiais rapidamente para aumentar o efetivo. Há um conjunto ainda de outras medidas que já vinham sendo estudadas, que já vinham sendo trabalhadas e que nós vamos implementar.