Cursos de idiomas gratuitos abrem novas oportunidades aos alunos da rede estadual

O Centro de Estudos de Línguas, programa da Secretaria da Educação, oferece o ensino de espanhol, francês, italiano, alemão e japonês

qua, 09/03/2005 - 13h22 | Do Portal do Governo

Caroline Soler, Priscila Grassi e Patrick Ribeiro são professores de espanhol; adoram a atividade e fazem curso de especialização no idioma. A oportunidade oferecida pela rede estadual de ensino alterou o rumo de suas vidas profissionais. A escolha ocorreu durante curso no Centro de Estudos de Línguas (CEL), programa da Secretaria da Educação que oferece aos estudantes o ensino de uma segunda língua estrangeira, além do inglês ministrado nos quadros regulares.

Pelo projeto, são realizados cursos de níveis básico e intermediário em cinco línguas: espanhol, francês, italiano, alemão e japonês, sem custo para o jovem. Caroline, de 25 anos, dá aulas há 9, desde que se formou no CEL. ‘Quando faltava um ano para receber o certificado, decidi que seria professora de espanhol, pela qualidade do ensino que estava recebendo’, conta. De lá para cá, se especializou e chegou ao nível superior do Instituto Cervantes, órgão oficial do governo espanhol para difusão do idioma. Além de dar aula em escolas particulares, ensina no local em que aprendeu: é professora de espanhol do CEL da Escola Estadual Martim Afonso, em São Vicente.

‘Gosto de trabalhar aqui porque o pessoal que freqüenta é superinteressado’, explica. Também é o caso de Alan Santinele Martino, 16 anos. Assim que soube que seriam abertas inscrições para um curso de espanhol na Martim Afonso, agarrou a oportunidade. ‘Sempre quis aprender o castelhano, pois minha família é de origem espanhola, mas não dava para pagar uma escola particular’, relata.

No terceiro ano, seu esforço garantiu-lhe uma conquista: foi um dos 20 jovens de todo o Brasil selecionados em 2005 para representar o País no Programa Jovens Embaixadores, iniciativa da Embaixada dos Estados Unidos. Esse projeto oferece uma viagem aos EUA – de intercâmbio cultural e educacional – para um grupo de estudantes qualificados em escolas públicas e privadas que, sem apoio financeiro, não teriam condições de uma experiência no exterior. ‘Tenho certeza que o fato de ter espanhol no currículo ajudou para que eu fosse escolhido’, afirma. Diz que aproveitou a viagem para treinar um pouco. ‘Pude conversar em espanhol com alguns colegas’, revela.

Chance imperdível – Para Priscila e Patrick, a chance de aprender um idioma a mais, gratuitamente, foi considerada imperdível. ‘Mudou a minha vida’, conta Priscila, de 24 anos. ‘Estudava inglês desde os 11 anos e queria ser tradutora, mas o modo como foi ensinado o espanhol no CEL fez com que eu me apaixonasse pela língua e optasse por lecioná-la’, revela. Patrick, que tinha muitos amigos chilenos e colombianos, começou o curso para se comunicar melhor com eles, mas tomou gosto e foi mais um que decidiu trabalhar na área. ‘Os professores do programa são muito competentes.’

Ambos lecionam na Martim Afonso e formaram currículo relevante: cursaram letras em português e espanhol, fazem especialização na USP e têm diploma do Instituto Cervantes, e outros cursos de atualização. ‘Ganhei um concurso de poesia na Espanha e tenho grande inclinação para a literatura espanhola’, orgulha-se o jovem de 26 anos.

Segundo a coordenadora do programa na Martim Afonso, Ilka Aparecida de Oliveira Fidalgo, o espanhol é o carro chefe do CEL, por isso é sempre uma das opções, ao lado de duas outras línguas, selecionadas em cada local por pesquisa de preferência. Na escola de São Vicente, as alternativas são francês e alemão. Ao todo, 1.355 estudantes da rede estadual participam dos cursos no local.

Em 18 anos de programa, 73 núcleos

O Centro de Estudos de Línguas objetiva propiciar aos alunos diferentes oportunidades de desenvolvimento, novas formas de expressão lingüística, enriquecimento curricular e acesso a outras culturas, além de aumentar as chances de entrar no mercado de trabalho. Foi criado em 1987 para oferecer ensino do espanhol, em razão do contexto político da época, de integração do Brasil com a comunidade latino-americana. No ano seguinte, nova resolução determinou que o ensino da língua espanhola fosse considerado preferencial, mas não mais exclusivo nos CELs, permitindo estender aos alunos a oferta de outros idioma.

Atualmente são 73 núcleos do programa em funcionamento, distribuídos por 56 Diretorias Regionais de Ensino, dos quais 17 na capital, 12 na Grande São Paulo e 48 no interior. Esses núcleos atendem 40 mil alunos da rede estadual de ensino do Estado de São Paulo, por semestre. Para participar, o jovem deve estar cursando da 6ª à 8ª série do ensino fundamental ou o 1º ano do ensino médio da rede estadual.

A duração do curso nos centros é de três anos, distribuídos em dois níveis, cada um com 240 horas. É organizado em três módulos semestrais de 80 horas cada, com quatro horas de aulas semanais. As inscrições são abertas no início de cada semestre e a oferta é feita em todas as escolas estaduais. O aluno pode optar pela unidade do programa que lhe seja mais conveniente, pertencendo ou não à Diretoria de Ensino do seu município. A EE Martim Afonso, em São Vicente, oferece os cursos desde o início da criação do CEL. Está subordinada à Diretoria Regional de Ensino de São Vicente com a EE Benedito Calixto, de Itanhaém. Na Baixada Santista, há uma escola-sede do programa em Santos, a EE Olga Cury.

Simone de Marco
Da Agência Imprensa Oficial