Curso: USP terá primeiro curso de viola caipira do mundo

Evento irá abordar o instrumento desde sua chegada ao Brasil até os dias atuais

qui, 12/08/2004 - 17h27 | Do Portal do Governo

Os alunos que prestarem o vestibular 2005 para o curso de Música na Escola de Comunicações e Artes da USP, em Ribeirão Preto, terão mais uma opção: o bacharelado em Viola Caipira.

‘Abordaremos a viola em todas as épocas, desde sua chegada no Brasil até os dias de hoje, e em todos os seus usos, do mais popular ao mais erudito’, comenta Ivan Vilela, professor de viola caipira recentemente concursado.

Serão cinco vagas e, com isso, a USP torna-se a única universidade do mundo a ter um bacharelado específico para esse instrumento. ‘Vai ser uma experiência muito rica, pois a viola é a porta-voz do homem do interior, do homem sertanejo’, garante o professor, que também é diretor e arranjador da Orquestra Filarmônica de Violas de Campinas, além de idealizador da ONG Núcleo de Cultura Caipira.

Instrumento de catequese

A viola caipira, com cinco pares de cordas de arame, também é conhecida como viola brasileira, ou viola braguesa. Originária da região de Braga (Portugal), foi introduzida no Brasil pelos colonizadores ainda no século XVI. ‘Foi usada pelos jesuítas, como instrumento de catequese, e também pelos desbravadores que entraram pelos interiores do nosso país’, conta Vilela. ‘Graças a isso, a viola ganhou uma importância fundamental em nossa cultura, tornando-se um instrumento idiomático nacional’.

Segundo o professor, existe um interesse cada vez maior pela viola caipira. Só para se ter uma idéia, nos últimos seis anos foram lançados mais de trinta CDs com músicas baseadas no instrumento. ‘É uma espécie de efeito colateral da globalização, uma desilusão com o sonho da cidade grande’, explica Ivan Vilela. ‘As pessoas se voltam para suas origens. Hoje encontramos a viola não só na música de raiz, mas na música erudita, na música pop e até mesmo em bandas de rock do interior do estado de São Paulo’.

Ivan Vilela é mestre em Composição Musical pela Unicamp. Como professor, atua em diversos festivais de música. Desde 1996, realiza apresentações no exterior, tendo tocado na França, Portugal, Itália, Inglaterra e Espanha. Atua no campo de pesquisa há mais de 15 anos, enfocando manifestações da cultura popular em Minas Gerais e interior de São Paulo. O professor é autor de uma Ópera Caipira com libreto de Jehovah Amaral.

Marcia Blasques, especial para a Agência USP