Cultura: Secretaria vai mapear resultado de ações culturais nos municípios mais carentes

Trabalho será realizado em parceria com a Fundação Seade, que fará a pesquisa de campo

ter, 18/01/2005 - 15h22 | Do Portal do Governo

Em abril deste ano, técnicos da Fundação Seade voltarão aos 67 municípios paulistas mais carentes com uma missão especial: identificar o que mudou entre seus moradores depois de uma série de ações promovidas pela Secretaria de Estado da Cultura dentro do programa “Todos os Cantos”. Desses localidades, 50 são classificadas entre aquelas com menor Índice do Desenvolvimento Humano (IDH) e 17 possuem os menores coeficientes do Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS), utilizado pelo Legislativo paulista. Criado pela programa das Nações Unidas para desenvolvimento, o IDH considera a longevidade da população, nível educacional e renda.

O “Todos os Cantos” buscou a realização de atividades culturais em massa nesses municípios. Sustentou-se pelo tripé música, teatro e poesia. As medidas de formação cultural consistiram de oficinas de teatro, música e poesia, realizadas em todas as cidades selecionadas. Ao final de cinco meses, os resultados estão sendo apresentados para os moradores e depois serão trocados entre si, de modo a promover a integração entre os artistas e a população envolvidos no projeto.

Como reforço, foram organizadas mostras de artes plásticas itinerantes, doações de livros para as bibliotecas, oficinas de contadores de história, programas musicais – como o Interior Acústico –, entre outros. Estão sendo investidos R$ 730 mil, dos quais 40% vieram de patrocínio do Banco Santander/Banespa.

Para implementá-lo, foram reunidos esforços de diversos departamentos da Secretaria da Cultura. “Temos consciência de que isto é apenas um começo, o início de uma grande empreitada para garantir e assegurar o direito de inclusão social a todos”, diz o governador Geraldo Alckmin. “A idéia é que a cultura aja como elemento transformador nestas localidades, de modo a conscientizar a população de que a arte é uma importante ferramenta de inclusão social”, acrescenta a secretária estadual de Cultura Claudia Costin.

O diretor Fernando Calvozo explica que a nova pesquisa prevista para abril trará instrumentos mais precisos para se saber se a secretaria está no caminho certo. Até o momento, foram feitas algumas constatações como a predominância de uma preocupação maior dos moradores com emprego. Na questão estimulada, cultura aparece em terceiro lugar, depois de trabalho (1) e saúde (2). “Vamos buscar projetos de cultura que ajudem as pessoas a se capacitarem melhor para o trabalho”, ressalta Calvozo.

Os relatórios parciais dos “oficineiros” – que levam atividades culturais às comunidades – mostram os desafios a serem superados. Em Caiuá, por exemplo, é grande a dificuldade de deslocamento para parte dos moradores, o que atrapalha a adesão ao programa. Dos 50 inscritos, 20 mantêm assiduidade.

Em Queiroz, os moradores demonstram grande interesse, apesar do “acanhamento e da incrível dificuldade de leitura”. O técnico também constatou “total desconhecimento do que seja teatro”. Em Tejupá, identificou-se entre os participantes “muitos moradores dedicados e que observam atentamente tudo que é aplicado na aula”.

Os técnicos da Secretaria também recolheram emocionados depoimentos que revelam as descobertas dos moradores que nunca tiveram contato com formas de fazer arte. “O teatro é muito bom porque nós aprendemos muitas palavras novas”, diz Osiane de Vasconcelos, 17 anos, moradora de Salmourão. A professora Silvana Moura, de Itararé, destaca a função educativa da iniciativa: “Embora não esteja fazendo a oficina para me tornar atriz, o que temos praticado tem ajudado a perceber o quanto as pessoas precisam praticar o hábito de leitura, enriquecer seu vocabulário e interpretar o que lê ou fala”.

Além de mudar as estatísticas, o “Todos os Cantos” está transformando vidas. E os números de 2005 devem confirmar isso.

O cinema aonde o povo está

Embora os moradores das comunidades carentes não falem em cultura quando apontam suas principais necessidades, uma queixa constante é a falta de cinema. Por isso, através de uma parceria com a empresa Cinemagia, especializada na projeção de filmes, a Secretaria de Cultura promoveu entre os meses de agosto e dezembro a exibição de três filmes brasileiros – Tainá – Uma Aventura na Selva Amazônica,Os Xeretas e Central do Brasil.

A caravana chegou a nada menos que 55 municípios e reuniu uma média de público de 400 pessoas por sessão. O número total de espectadores chegou a 22 mil moradores.

A produtora Claudia Franceschi explica que, para que a ação não se tornasse efêmera, a Secretaria ofereceu antes de cada sessão, através da funcio-nária Graça de Jesus, uma palestra sobre o Cinema Brasileiro – que cobriu desde os tempos da Vera Cruz até os dias de hoje.

As projeções foram realizadas em locais como centros comunitários e culturais e escolas estaduais. “Um fato interessante nesta palestra é que colocamos as possibilidades do cinema enqua-nto gerador de empregos, e destacamos funções como figurinista, camareiro, maquiador, eletricista, abrindo horizontes para o público jovem”.

Da Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado da Cultura

(LRK)