Cultura: Secretária defende políticas em favor dos jovens

Cláudia Costin cita as Fábricas de Cultura como alternativa para diminuir a violência

qua, 26/02/2003 - 11h11 | Do Portal do Governo

Da Agência Imprensa Oficial


A falta de espaços públicos e de programas de cultura, lazer e esportes são fatores importantes no crescimento da violência entre os jovens. Uma articulação de toda a sociedade contra essa situação foi o que propôs a secretária de Estado da Cultura Cláudia Costin durante debate promovido ontem, dia 25, em São Paulo. “Precisamos de políticas públicas que possibilitem ao jovem ser reconhecido por produzir e não por ter uma arma na mão”, disse.

A discussão foi realizada durante o debate “Vida de jovem: cultura e lazer ou violência?’, no Instituto Itaú Cultural, em parceria com a Rádio CBN. Conduzido pelo jornalista Heródoto Barbeiro, o debate contou com a participação do rapper Rappin Hood, do jornalista Gilberto Dimenstein, presidente da organização não-governamental Cidade Escola Aprendiz, do escritor Marçal Aquino e do pesquisador Marcelo Daher, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo.

O rapper deu o tom da experiência à conversa. “Uma criança na periferia pode ganhar de R$ 500,00 a R$ 600,00 por mês para avisar aos traficantes que a polícia está chegando. Às vezes, o pai dela não ganha isso”. Ele enfatizou, ainda, que existem poucas e precárias escolas na periferia (normalmente fechadas nos finais de semana), em contraste com os bares, que são muitos e estão sempre abertos.

Para o jornalista Gilberto Dimenstein será muito mais difícil resolver o problema se não houver uma ocupação com renda mínima para os jovens. Mas soluções baratas também podem ser consideradas como alternativas: “Em Nova York, jogar basquete de madrugada reduziu a violência porque tirou os jovens da rua”, contou.

Iniciativas culturais

A secretaria de Estado da Cultura tem priorizado iniciativas para o combate à violência com atividades culturais. Um exemplo são as Fábricas de Cultura, com a criação de nove centros para crianças e adolescentes em áreas carentes da Capital.

Com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o projeto prevê espaços para o desenvolvimento de atividades culturais para crianças, adolescentes e suas famílias, em áreas de violência. A expectativa, segundo a secretária, é que em junho comecem a ser construídas as primeiras unidades.

Outra preocupação é levar os projetos para o Interior. “Estão sendo estudadas formas de financiamento para que o Projeto Guri seja levado a cidades do Interior”, informou. O projeto possibilita a criação de orquestras e corais de crianças em áreas carentes. Já são 109 na capital. “O dilema da política cultural é fazer um governo que garanta o acesso à cultura universal e ainda possibilite o desenvolvimento cultural local.”

Joice Henrique
(AM)