Cultura: Sala São Paulo é atração turística

Scretaria criou um sistema de visita monitorada que permite ao cidadão conhecer as instalações e a história do local

sex, 19/11/2004 - 21h07 | Do Portal do Governo

A imponência do prédio da Sala São Paulo, na região central, não apenas chama a atenção de quem se dirige à Estação da Luz ou ao comércio da rua 25 de Março. Provoca uma sensação de mistério e inacessibilidade. Tudo, claro, não passa de impressão, uma vez que a Secretaria de Estado da Cultura, que funciona no mesmo prédio, criou um sistema de visita monitorada que permite a qualquer cidadão conhecer as instalações e a rica história do local onde é ensaiada a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp).

O passeio tornou-se ótima opção de lazer e cultura para moradores da cidade e turistas de todos os cantos e de todas as idades. “Há muitos detalhes desconhecidos pelo público e fazemos questão de explicar para que saiam daqui satisfeitos e informados”, explica Gisele Amazonas, monitora e estudante de arquitetura.

Sob os cuidados de guias experientes e treinados, a visita começa no Salão das Artes, isolado por vidros acústicos que mantêm a visão da Estação ferroviária Júlio Prestes e permite que o público sinta o ambiente original da construção. Ainda no salão, com piso original do início do século passado, chama a atenção as colunas e os vitrais alemães de 1914. Na passarela que dá acesso a sala de concertos, muitos visitantes costumam tirar dúvidas sobre o restauro das paredes e das colunas.

O local mais esperado do roteiro é a Sala São Paulo. Não por acaso. A entrada no maior espaço de concertos da América Latina produz os momentos mais emocionantes entre outras razões por causa de sua grandiosidade. Os monitores preferem aguardar que os visitantes olhem, conversem e tirem fotos. Há tempo para tudo e até para explicar, através de fotos, como era o local antes da construção da sala, em 1997.

Entre comentários e indagações, sabe-se que o isolamento acústico do local, após estudos e projeções, absorve qualquer impacto sonoro. A escolha da madeira, o pau-marfim, permite a reverberação perfeita do som. Tudo na sala foi idealizado para produzir perfeição. “Já tinha ouvido falar dessa acústica, mas não imaginei que era assim”, observa o estudante Wagner Henrichs em visita ao local.

A dinâmica do famoso teto da Sala São Paulo é um dos assuntos mais comentados. Formado por 15 placas que pesam 7,5 toneladas cada uma, deixa os visitantes com medo de que uma delas possa cair. Os monitores, no entanto, asseguram que toda a estrutura que sustenta o forro móvel foi construída para garantir a segurança do público.
Sob os olhares interessados dos visitantes, os guias contam também a história da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Lembram que a cada concerto, o sistema informatizado que controla a mobilidade das placas do teto aperfeiçoa a emissão do som para cada apresentação. “É coisa de primeiro mundo. Vou indicar o passeio a todos os meus amigos”, empolga-se o administrador de empresas João Carlos Fornari.

No tom dos pequenos

As crianças também podem conhecer a história do prédio. Os monitores fazem visitas direcionadas para os pequenos por meio de técnicas artísticas e linguagem infantil. “Pedimos que passem para o papel todas as impressões que tiveram durante a visita. Saem desenhos maravilhosos”, observa a monitora Paula Brandão. Segundo ela, crianças entre dois e quatro anos desenham, pintam e fazem perguntas como gente grande.

Desses passeios animados, quatro monitoras criaram um projeto literário direcionado para o publico infantil. O enredo conta a transformação da sede da empresa Sorocabana, de transporte ferroviário, em uma sala de concertos, parte do complexo cultural Júlio Prestes. O livro Do trem ao tom foi escrito com base nas dúvidas das crianças que passaram pela visita. As autoras narram a história através de dois personagens que passeiam pela Estação da Luz.

Sala São Paulo. Praça Júlio Prestes, s/nº – Luz. Agendamento de visitas (11) 3351-8286.