Cultura: Plataforma da Luz da CPTM se transforma em ateliê a céu aberto

Novo painel incrementará as modificações do local

qui, 12/08/2004 - 8h11 | Do Portal do Governo

Os desenhos da arquiteta e artista plástica Teresa Saraiva espalhados pela plataforma central da centenária Estação da Luz têm despertado a curiosidade dos usuários que passam por ali diariamente. É neste ateliê improvisado a céu aberto onde ela busca inspiração para criar um painel, de duas partes, cada uma com 1,20 de altura por 6,20 de comprimento, que será incorporado ao acervo dos subterrâneos, construídos na estação, atualmente.

“A obra pretende traduzir dados desse espaço”, afirma Teresa que, quase todos os dias, está na Luz com seu nanquim, pincel e papéis para “tentar captar o que emana da estação, de seu espaço, seus significados e transcrevê-los em sinais gráficos e em formas expressivas”. A idéia da artista é deixar sua marca na estação centenária e acompanhar com ela a evolução da própria cidade.

O novo painel incrementará as modificações que o local sofrerá com a inauguração do “Projeto Integração Centro”, prevista para o final de setembro e que permitirá a ligação das regiões Leste e Oeste da Capital com mais rapidez, bem como a integração direta e gratuita com as linhas do Metrô.

A arquiteta, que em sua carreira trabalhou por muito tempo com patrimônio histórico, está impressionada com a modernidade que a Luz passará a ter com a implantação do “Integração Centro”, aliada ao perfil de edifício histórico. “A Luz, construída com material importado da Inglaterra, apresenta grande esplendor em sua arquitetura, é um lugar urbano por excelência, pertencendo ao cidadão comum, não só aos usuários. Impregnada do passado, é ligada à história das pessoas”, analisa.

Tereza optou por trabalhar com aço patinável, cedido pela Cosipa, um material que desenvolve uma pátina produzida pela ação do tempo. Esta, por sua vez, isola a continuidade da corrosão, ganhando a coloração do ferro, que é muito utilizado na própria estrutura da estação. Normalmente, esse tipo de aço é usado em construção civil. A pesquisa dela aborda seu uso em uma obra de arte: um painel, em que são trabalhadas as gradações de tons.

Formarão o traçado final do painel oito chapas de 1,20m por 85 cm. Desse modo, por suas características próprias – obra em processo de criação – o trabalho não será colocado pronto na parede: uma chapa sai para adquirir a pátina em outro local, enquanto uma gravura dessa mesma chapa ficará exposta ao público e, assim, sucessivamente.

Paixão antiga

O interesse pela Luz é antigo para Teresa. Há pelo menos 10 anos, ela se dedica a retratar os vários aspectos da estação, em desenhos que realiza lá mesmo, em contato com o vai-e-vem dos trens e das milhares de pessoas que circulam todos os dias por seus acessos, escadas e plataformas. “É um dos marcos da cidade, um bem histórico e cultural, um patrimônio vivo”, explica a arquiteta, que costuma encontrar gente de todos os tipos quando está desenhando.

A atração da arquiteta pela estação já rendeu pelo menos dois trabalhos de ilustração que reproduzem suas imagens: o do livro “Um século de Luz” e o “Traços Urbanos”, em que retrata com lápis grafite vários pontos e bens culturais da cidade. Ilustrou também, entre outros, “Os trilhos da Modernidade”, sobre a Linha 5, construída pela CPTM e operada pelo Metrô.

Quando Teresa teve que decidiu sobre qual seria o tema de sua tese de doutorado para a FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da Universidade de São Paulo, não poderia ser de outra maneira: novamente a Luz foi a escolhida. Nada melhor do que trabalhar com um material que resultasse em uma obra para ficar eternizada em suas paredes: o painel, que poderá ser visto por milhares de pessoas todos os dias.

Da Assessoria de Imprensa da CPTM

C.C.