Cultura: Pinacoteca expõe olhar do pintor italiano Ferrigno sobre São Paulo

Durante 12 anos em que viveu no Brasil, o artista retratou fazendas de café do interior, centro e litoral do Estado

sex, 01/07/2005 - 11h00 | Do Portal do Governo

Depois de cem anos de sua passagem pelo Brasil, Antonio Ferrigno (1863-1940) tem a primeira mostra individual no País exibida pela Pinacoteca do Estado. O chamado pintor do café, por retratar em detalhes e com realismo as fazendas, cafezais e o dia-a-dia dos colonos, viveu em São Paulo de 1893 a 1905. A exposição integra a programação do centenário do museu e traz 69 quadros do artista italiano para visitação pública até o dia 14 de agosto. “Passou-se um século desde que Ferrigno deixou São Paulo. Agora, com esta exposição, o artista, quase esquecido, volta à cidade quando a Pinacoteca festeja o centenário de sua fundação. Pretendemos mostrar ao público de hoje um retrato deste excelente artista de ontem, cuja obra poucos conhecem”, escreve a curadora Ruth Tarasantchi no catálogo da mostra.

Desconhecida do público brasileiro e restrita a um pequeno número de estudiosos e colecionadores, a maioria das pinturas da mostra Ferrigno 100 anos depois foram produzidas durante os 12 anos em que ele morou aqui. Nascido em Salerno, na Itália, veio a São Paulo a convite do então conde de Serra Negra para registrar os recantos de sua fazenda cafeeira Santa Gertrudes, em Rio Claro. Nessa época, pintou suas telas mais luminosas, cheias de cores e impregnadas de realismo. As 12 obras foram expostas em Paris pelo conde como peça de propaganda do café brasileiro.

Interesse e beleza – Terminada a encomenda, continuou pintando outras fazendas, reproduzindo etapas do cultivo do café, desde o plantio até o embarque para exportação. Mas sua obra não se restringe à temática dos cafezais. Do centro de São Paulo, retratou a Ladeira Porto Geral, Rua 25 de Março, Várzea do Carmo, Parque Trianon e os rios Tamanduateí e Tietê. Do litoral, reproduziu ondas, enseadas, casas à beira-mar e cantos de praias, principalmente de Guarujá, Santos e São Vicente. Entre as obras dos pintores estrangeiros que passaram pela provinciana São Paulo, do final do século 19 e início do 20, as de Ferrigno “chamam a atenção tanto pela qualidade da sua pintura quanto pelas paisagens de grande interesse e beleza”, comenta a curadora.

Duas das obras em exposição, Mulata Quitandeira e uma pequena paisagem da Rua 25 de Março, pertencem ao acervo da Pinacoteca. As pinturas da Fazenda Santa Gertrudes: Florada do Café, Colheita do Café e Secagem do Café pertencem ao Museu Paulista. As demais telas são de coleções particulares brasileiras e italianas, reunidas com a colaboração da Associação de Amigos da Arte de São Paulo (Sociarte).

Serviço – A Pinacoteca do Estado fica na Praça da Luz, 2, na Capital. Telefone (11) 3229-9844. Abre de terça-feira a domingo, das 10h às 17h30. Ingressos: R$ 4,00 e R$ 2,00. Grátis aos sábados.

Da Agência Imprensa Oficial
Por Claudeci Martins