Cultura: Pacientes do Servidor Público assistem a sessão de cinema

Evento foi realizado em parceria com a Secretaria da Cultura

sex, 06/06/2003 - 8h56 | Do Portal do Governo

Na última quarta-feira, dia 04, o Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe) apresentou, no Anfiteatro B do Hospital do Servidor, uma sessão de cinema mostrando um acervo de vários filmes pertencentes ao cineasta e coletor de sucatas José Luiz Zagati.

Também foi apresentado um documentário de 15 minutos contando a história de vida do cineasta. O evento fez parte de uma parceria entre o Instituto e a Secretaria da Cultura do Estado e já possui até um calendário cultural. Acompanhe, no quadro abaixo, o calendário Cultural do Iamspe.

Cineasta foi coletor de sucata

José Luiz Zagati, 52 anos, um homem simples, natural de Gariba, região de Ribeirão Preto, no interior do Estado de São Paulo, aos cincos anos de idade percebeu sua paixão pelo cinema quando a irmã o levou a um pequeno cinema que havia na cidade. ‘A bela imagem não saiu de minha cabeça. Havia muitas luzes, uma tela enorme e muitos cavalos. Entramos pela porta dos fundos, já que minha irmã era amiga do dono. Ela contou-me, depois, que o nome do filme era Durango Kid. Fiquei fascinado com aquilo que vi’, disse Zagati com lágrima nos olhos e muita emoção.

A história foi contada pelo cineasta antes da apresentação do filme. Ele disse que logo depois desse episódio, mudou-se para a Capital com a família e foi morar na periferia de Taboão da Serra, região da Grande São Paulo, onde reside até hoje, com sua esposa e filhos, no Bairro Sítio das Madres.

Aos 10 anos, Zagati contou que foi ao mini Cine Tupi, no Centro de Taboão, pela primeira vez e adorou o cinema local. Com essa idade, pegava pedaços de tábua e colava com sabão caseiro, feito pela mãe, pequenos recortes de figuras de gibis e de personagens de revistas de telenovelas. Coisas de um menino deslumbrado com o mundo das telas, que cresceu desejando ter a oportunidade de trazer um pouco da cultura do cinema à periferia e à sua comunidade, sem condições de usufruir os lazeres e prazeres que a ‘cidade dos sonhos’, como se refere à São Paulo, tem a oferecer.

Zagati trabalhou como servente e como pedreiro até ficar desempregado, há oito anos. Nessa época, por falta de opção e sem nenhuma perspectiva, resolveu coletar sucatas. Nos primeiros dois anos, ele juntou as fitas que conseguia obter nas ruas. ‘O pobre é discriminado pela classe que tem dinheiro. Foram muitas as pessoas que me maltrataram e humilharam, dizendo que cinema era coisa para quem tem estudo, cultura e condições financeiras’, disse ele.

‘Não desanimei diante das dificuldades. Se todos os dias eu conseguisse ganhar 10 reais, dois eu guardava para comprar no futuro um retroprojetor e fitas para poder realizar meu sonho de passar filmes aos moradores da periferia. E consegui’, comemorou.

Graças à muita luta e perseverança, há seis anos Zagati conseguiu realizar seu sonho. Com pedaços de fitas misturadas, coladas com duréx, passou vários filmes a sua comunidade. Pipoca e chá complementam sua festa, quando mostra os filmes às crianças, jovens, adultos e idosos.

Só que sua luta não parou por aí. O sonhador cineasta queria mais: Zagati precisava de filmes inteiros. Por intermédio da Distribuidora Poles Filme chegou até o Cine Clube Ipiranga, onde assistiu ao filme Cruéis Dominadores. Antônio Leão da Silva Neto, dono do cine, gostou de Zagati, comoveu-se com sua história e doou a ele vários filmes.

Hoje Zagati tem o apoio da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo e está apresentando seus filmes por toda Grande São Paulo. Um roteiro feito por uma produtora independente para a confecção de um filme, contando todas as suas facetas e mostrando sua história, está em Brasília para ser aprovado.

Da Assessoria de Imprensa do Iamspe

C.C.