Cultura: Orquestra Sinfônica do Estado é ovacionada em sua primeira turnê européia

Um ano após se apresentar em Nova York, Osesp se consagra em Zurique

ter, 04/11/2003 - 10h42 | Do Portal do Governo

A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo chega aos 49 anos com fôlego renovado. Considerada o melhor conjunto sinfônico da América Latina, a Osesp passou por glórias e adversidades até chegar à posição de destaque que ostenta hoje. Em sua primeira turnê européia, a Osesp está se apresentando na Alemanha (Nuremberg e Augsburg) e Suíça (Basiléia, Genebra, Zurique, Berna e St. Gallen).

No concerto deste domingo, dia 2, a orquestra foi ovacionada pelo público presente ao concerto na Tonhalle, em Zurique. Alternando maestria, arrojo e graça, os músicos executaram Mandarim Maravilhoso, de Béla Bartok (1881-1945); Festas Romanas, de Respighi (1879-1936); Concerto nº 2 para Piano e Orquestra, de Villa-Lobos (1887-1959); Botafogo, do compositor carioca Jean-Louis Steuerman; Tocata, do suíço Othmar Shoeck; e finalizaram a apresentação com o Prelúdio das Bachianas Brasileiras nº 4, de Villa-Lobos, que comoveu a platéia.

História da Osesp

Criada em 1954, a Orquestra teve existência efêmera até a chegada, em 1972, do maestro Eleazar de Carvalho. Nos 24 anos seguintes, a Osesp passou por um período de grande atividade e prestígio, porém, a partir da década de 90, enfrentou o descaso e o abandono. Sem dispor de estrutura para o funcionamento, e devido à baixa remuneração, a Orquestra perdeu parte de seus profissionais.

Após a morte de Eleazar de Carvalho, em 1996, o Governo do Estado deu início ao trabalho de reestruturação da orquestra, sob a coordenação do maestro carioca John Neschling.

Dono de vasta experiência com orquestras européias, o então diretor artístico do Teatro Massimo de Palermo aceitou o desafio de tornar a Osesp uma orquestra de nível internacional. Com apoio do Governo paulista, Neschling fomentou uma reforma completa na estrutura da Osesp. Estabeleceu metas e regras claras que visavam fazer do conjunto um paradigma no País.

Após reavaliar os músicos da Orquestra, abriu testes na Europa, nos Estados Unidos e no Leste Europeu. Uma nova administração foi montada e, após um ano no Teatro São Pedro, a a Sala São Paulo, nova sede da Orquestra, foi inaugurada na antiga estação Júlio Prestes, no centro da Cidade.

Mas as conquistas não pararam por aí: foram agregados os coros sinfônico, de câmara e infantil da Orquestra. Para atender ao público crescente —que passou da média de 200 para 1.300 pessoas por apresentação—, a Orquestra implantou séries de concertos, distribuídas em um sistema de assinaturas que já supera 7 mil inscrições.

Para este público, foi criado o Centro de Documentação Musical Maestro Eleazar de Carvalho, que iniciou atividades em 2001 para atender à população, preservar a memória da Osesp e auxiliar no trabalho dos músicos e da administração.

No mesmo ano, entraram em funcionamento a Coordenadoria de Projetos Educacionais da Osesp —que oferece cursos, concertos didáticos e desenvolve um portal de educação musical— e o Serviço de Voluntários, que já conta com mais de 240 inscritos.

No palco da Sala São Paulo, o trabalho não foi menos intenso. Nestes cinco anos, a Osesp apresentou-se com regentes e solistas de renome internacional, entre eles Kurt Masur, Alain Lombard, Barbara Hendricks, Miriam Fried, Natalia Gutman, Emmanuel Pahud, Nikolai Demidenko, Stephen Kovacevich, Renaud Capuçon, Jean-Jacques Kantorow, Sergiu Comissiona, Hansjörg Schellenberger, Shlomo Mintz, entre muitos outros.

Para celebrar o quinto ano de sucesso do projeto, em 2002, a Orquestra lançou os dois primeiros CDs de uma série pela gravadora sueca BIS, inaugurou a editora de partituras da Osesp, Criadores do Brasil, e realizou com grande sucesso uma turnê por 18 cidades norte americanas, que incluiu uma apresentação no Avery Fisher Hall, no Lincoln Center, onde a orquestra foi ovacionada pelo público nova-iorquino.

Neste ano, além da turnê européia, a Orquestra ampliou as séries de concerto e voltou a gravar e lançar CDs pela BIS.

São seis anos de trabalho árduo da nova direção para fazer da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo uma referência de qualidade e competência no cenário nacional e internacional.

(LRK)