Cultura: Nova gestão prioriza produtividade e inclusão social

Casa das Rosas será transformada em Espaço de Leitura com inauguração prevista para o dia 23

qua, 02/04/2003 - 11h22 | Do Portal do Governo

Da Agência Imprensa Oficial


A secretária de Estado da Cultura, Cláudia Costin, afirmou ontem, dia 1º, em coletiva à imprensa que pretende estabelecer uma nova gestão de política pública na área cultural. “Iremos aumentar a produtividade de cada um dos nossos projetos. Nosso objetivo é reduzir o desperdício, gerar eficiente gestão do dinheiro público e permitir acesso de tudo a todos.”

A primeira medida é a criação da Comissão de Estudos de Vocação de Espaços. A equipe, composta de integrantes da secretaria, arquitetos, urbanistas, museólogos e especialistas em política cultural, tem como objetivo discutir o uso adequado dos espaços públicos culturais.

Ela afirmou que na cidade de São Paulo há seis instalações dedicadas à arte contemporânea, sendo três do governo do Estado. São o Museu de Arte Contemporânea (MAC), a Pinacoteca do Estado, o Paço das Artes, o Centro Cultural Maria Antonia, o Centro Cultural São Paulo e o Museu de Imagem e do Som (MIS). “Chegamos à conclusão de que há muito espaço com a mesma função. E ao mesmo tempo, não há oficina de literatura.”

A secretária anunciou que a Casa das Rosas será transformada em Espaço de Leitura Casa das Rosas. A inauguração ocorrerá dia 23, data em que se comemora o Dia Mundial do Livro. O projeto faz parte do Programa São Paulo – um Estado de Leitores, resultado de parceria com a Imprensa Oficial do Estado.

A ação visa a possibilitar o acesso dos jovens e adultos aos livros. O acervo da instituição será transferido para o MIS (com reabertura em agosto) e Paço das Artes.

Inclusão social

Para enfatizar a importância da decisão, disse que, de acordo com pesquisa do Ibope, apenas 26% dos adultos brasileiros são capazes de entender o que lêem. “O problema não é de exclusão social. Não é só o jovem da periferia que não lê. Nós não temos o hábito da leitura.”

Costin salientou seu esforço para capacitar bibliotecários e professores e estabelecer linhas de crédito para criação de pequenas livrarias e cursos de empreendedorismo cultural.
Citou a importância do Projeto Guri, mas ressaltou que atinge um número pequeno de jovens. O projeto oferece educação musical e atende a crianças e jovens em condições de vulnerabilidade social. “Por meio de convênios, vamos valorizar os músicos e a capacidade de gestão de cada município. Capacitaremos os professores e a supervisão técnica. Sai mais barato.”

A novidade é a futura implantação de núcleos do Projeto Guri nas 50 cidades do Estado que têm os menores índices de desenvolvimento humano (IDH). “Estamos captando parceiros que ajudem no financiamento para poder espalhar esse projeto pelo Estado.” Até dezembro do ano passado havia 77 desses pólos culturais no Estado e até março já foram inaugurados mais 30, entre eles o de Registro e de Redenção da Serra (cidades com baixo IDH).

Fábrica da Cultura beneficia regiões violentas do Estado

Programas como o Projeto Arquimedes, que visa a estimular atividades culturais (como dança de rua e teatro) na periferia, regiões mais violentas da cidade, serão beneficiados com a Fábrica da Cultura. “Por meio de financiamento com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BIRD), colocaremos um centro cultural em cada vazio cultural. A ausência dessas atividades é um dos fatores responsáveis pela violência e delinqüência juvenil.”

Em 2002, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) recebeu investimentos de R$ 18 milhões, quase 20% do orçamento da Secretaria e um público assinante estimado em 5.080 pessoas.

Com o objetivo de tornar essas apresentações acessíveis aos jovens da periferia e à população em geral, a secretária está firmando parcerias, que possibilitarão a transmissão dos concertos pela televisão. Também destacou a futura itinerância dos músicos no interior paulista. “Não podemos mais aceitar que só os filhos da elite tenham acesso ao que de mais bonito é produzido pela humanidade e produtores culturais deste Estado.”

A secretária ressaltou que os atuais projetos da pasta estão sendo estudados, com o desafio de redução de até 20% nos custos ou, em alguns casos, aumentá-los, sem perda de qualidade.

Outra proposta da atual gestão é permitir que as secretarias de Estado trabalhem juntas, visando à inclusão social. Disse que foi criado Comitê de Desenvolvimento Social, em que essas questões são discutidas. “Exemplo disso são as oficinas culturais no Hospital Pinel, destinadas a pessoas com deficiências mentais.”

Viviane Santos