Cultura: Museu de Arte Sacra inaugura mostra do barroco paulista

Integra a exposição, entre outros, o altar de Nossa Senhora da Luz, originalmente pertencente ao Mosteiro da Luz

sáb, 18/12/2004 - 12h17 | Do Portal do Governo

Quem quiser apreciar a mostra do rico patrimônio artístico do barroco paulista deverá visitar a exposição Altares Paulistas Resgate de Um Barroco. A iniciativa reúne, pela primeira vez, cinco retábulos (construção de madeira, mármore, ou outro material que fica por trás ou acima do altar) de diferentes regiões do Estado. Será inaugurada hoje, às 11 horas, no Museu de Arte Sacra e estará aberta ao público a partir de amanhã até o dia 30 de abril.

O barroco paulista destaca a imensa diversidade de cores – vermelhos, azuis e verdes em profusão. Integram a mostra os altares de Nossa Senhora da Luz, que pertenceu à estrutura do complexo Mosteiro Imaculada Conceição da Luz, da antiga Matriz de Santo Amaro (dois exemplares), da Fazenda São Mathias, em Ilha Bela, e o da Capela da Fazenda de Piraí, da região de Itu. Os retábulos datam do final do século 17 e começo do 18, e podem ser vistos em sua pintura original. Em todos, nota-se uma aparência que imita o mármore em vários tons de vermelho, azul, rosa, ouro e prata.

A luz do mundo

Durante os trabalhos de recuperação das obras, foi possível chegar às primeiras camadas de pinturas. Assim, o visitante pode conhecer e reconhecer o barroco paulista. Júlio de Moraes, responsável pelo restauro, considera que esse resultado vem acrescentar uma redescoberta que está sendo feita nos últimos anos em relação a esse estilo da arte paulista.

Outro ponto importante a ser ressaltado é o esforço integrado entre a equipe de restauradores, do museu e de historiadores renomados como Aracy Amaral, Carlos Lemos, Percival Tirapeli, José Roberto Teixeira Leite, Mozart Bonazzi e Benedito Lima de Toledo, que colaboraram na análise, estudo e pesquisa das obras.

“Nos meus 30 anos de experiência profissional, só me lembro de um trabalho que envolveu um grande técnico do Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico Nacional (Iphan). Na maioria das vezes, as peças são restauradas apenas com o ponto de vista do recuperador. Aqui, elas foram reinterpretadas pelos especialistas, que nos ajudaram nas opções da reconstituição propriamente dita”, destaca Júlio de Moraes.

Um dos altares, o do Mosteiro da Luz, foi recuperado na presença do público. “É um restauro democrático”, explica Moraes. O Museu de Arte Sacra realizou este importante resgate por meio do Projeto Museu a Céu Aberto, com patrocínio da Fundação BNP – Paribas Brasil.

Dom Pedro I

Haverá, também, a mostra de lampadários – o segundo maior acervo do mundo em variedade, atrás apenas do Museu do Vaticano. A coleção, que pertence ao Museu de Arte Sacra, é composta por 20 lampadários de origens italiana, portuguesa e brasileira, provenientes de igrejas de Sant’Ana do Parnaíba, do Embu e da capital. Um dos destaques é a peça que Dom Pedro I doou à antiga Catedral da Sé, de São Paulo. Usados desde a Idade Média, ao lado dos sacrários, eles indicam a Presença Divina durante a cerimônia. São objetos que, presas por correntes ao teto ou a um braço, emanam focos de luz, cuja finalidade litúrgica é mostrar a verdade evangélica na qual Deus se revela como “A Luz do Mundo”.

Serviço
– Museu de Arte Sacra: Av. Tiradentes, 676 – Luz
– Telefone (11) 3326-1373.
– Funciona de terça-feira a domingo, das 11 às 19 horas.
– Ingressos: R$ 4,00. Estudantes com carteirinha pagam meia.
– Grátis para idosos acima de 65 anos e menores de 7.