Da Agência Imprensa Oficial
Por Claudeci Martins
Em comemoração ao centenário do nascimento de Cândido Portinari, o Museu Casa de Portinari, em Brodowski, dedica uma semana de atividades homenageando o filho ilustre. Do dia 15 a 24 de agosto, os artistas e habitantes prestam tributo ao pintor e também celebram os 90 anos de existência da pequena cidade do interior do Estado.
Na programação do museu – mantido pela Secretaria de Estado da Cultura – consta apresentações musicais, concertos, danças, espetáculo de teatro, exposições, concursos literários e festival de desenho. Instalado na antiga residência de Portinari e inaugurado em 1970, seu acervo permanente compõe-se de objetos de uso pessoal do artista, documentos e a história de sua vida.
Exercitanto talento
O destaque do evento, apoiado pela prefeitura local, é a exposição ‘O Brasil de Portinari’. Vai mostrar 80 réplicas de obras significativas, como Café (1934), Retirantes (1936) e o painel Guerra e Paz (1956), instalado na sede da ONU, em Nova York. A instituição vai exibir, dia 24 de setembro, 150 estudos realizados para fazer o painel e documentação do Projeto Portinari, registrando a evolução do artista.
Os muros do centro de Brodósqui e pontos de ônibus servirão de tela para os artistas exercitarem a pintura mural. A escolha deve-se ao fato de o acervo da Casa Portinari constituir-se, principalmente, de trabalhos realizados nesse estilo.
A temática das obras é predominantemente sacra. Entre elas, estão a pintura mural e têmpera Sagrada Família (1941) e o óleo sobre tela Santo Antônio (1942). A praça de mesmo nome do artista também receberá alegorias de suas obras.
‘Além de homenagear Portinari, descobrimos vocações e abrimos espaço para que outros artistas exponham seus trabalhos e pratiquem seus talentos. É o caso da Exposição Coletiva de Artes Plásticas em que acolheremos novas propostas artísticas e técnicas e releituras de Portinari. Queremos incentivar a apreciação artística e estética’, conta a diretora do museu e coordenadora do evento, Angélica Fabbri.
MAM do Ibirapuera expõe 30 obras do artista
Aproximadamente 30 obras de Portinari, pertencentes a colecionadores e museus de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Buenos Aires, estão em exposição, até 28 de setembro, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), no Parque do Ibirapuera.
Intitulada ‘Portinari 100 anos: Alegorias do Brasil’, a mostra traz trabalhos realizados entre as décadas de 30 e 40, época de maior criatividade do artista. A produção garantiu-lhe o prêmio Exposição Geral de Belas-Artes e uma temporada na Europa.
Com curadoria de Tadeu Chiarelli, a mostra – patrocinada pelo Grupo Telefônica – reúne desenhos, óleos, gravuras e têmperas retratando a figura feminina em diversos contextos. Entre elas estão Flagelados com Moringa e Baú (1939) e Os Retirantes (1936). Nessas telas, o pintor valoriza o volume e a definição tridimensional com nítida distinção entre a figura e o fundo, como faziam os grandes mestres da pintura italiana – Michelângelo, Rafael e De Chirico.
Talento precoce
Filho de imigrantes italianos, Cândido Portinari foi menino pobre no interior paulista e revelou talento precoce. Nasceu em 1903, aos 7 anos realizou seus primeiros desenhos de estrelas no teto da igreja matriz. Aos 15, mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar. Lá, permaneceu até a sua morte, exceto entre os anos de 1928 e 1930, quando estagiou na Europa, desfrutando prêmio de viagem.
Pintor, desenhista, gravador e muralista, deixou mais de 4,6 mil trabalhos. Suas obras mais famosas são as de denúncia social, que exploram os contrastes brasileiros, a tragédia da seca nordestina, os esqueletos humanos barrigudos, os trabalhadores de mãos calejadas e pés desproporcionais e as lavadeiras de mãos ossudas. Morreu em 1962, aos 58 anos de idade, intoxicado pelo chumbo presente nas tintas a óleo.
Serviço:
A Casa de Portinari fica na Praça Cândido Portinari, 298, em Brodowski, São Paulo.
Visitação pública: de terça a domingo, das 9h às 17h.
O MAM está localizado no Parque do Ibirapuera, portão 3, Ibirapuera, São Paulo.
Horário: Terça, quarta e sexta, das 12h às 18h. Quinta, das 12h às 22h. Sábado, domingo e feriados, das 10h às 18h.
Preço: R$ 5,00 (estudantes pagam meia). Sócios do MAM, crianças até 10 anos e adultos com mais de 65 anos não pagam. A entrada é franca às terças-feiras, durante todo o dia, e às quintas, a partir das 17 horas.
(LRK)