Cultura: Memorial da América Latina sedia 47ª edição do Prêmio Jabuti

Imprensa Oficial recebeu cinco premiações

qui, 22/09/2005 - 16h05 | Do Portal do Governo

Com a maior premiação de sua história, o mais importante e tradicional prêmio do mercado editorial brasileiro escolheu Vozes do Deserto e Os 50 Mandamentos do Marketing como os melhores livros do ano

Na 47ª edição do Prêmio Jabuti, promovido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo conquistou cinco troféus, sendo dois em primeiro lugar. A cerimônia de entrega da premiação das 17 categorias disputadas lotou, na última terça-feira, com escritores e profissionais do mercado editorial. a sala Simon Bolívar do Memorial da América Latina. As obras Vozes no Deserto, de Nélida Piñon, e Os 50 Mandamentos do Marketing, de Francisco Alberto Souza, foram eleitos, respectivamente, o “Livro do Ano – Ficção” e o “Livro do Ano – não Ficção”.

O presidente da CBL, Oswaldo Siciliano, informou que em 2004 foram lançados no Brasil 35 mil títulos, com 320 milhões de exemplares produzidos. Contudo, observou, esses números impressionam no contexto da América Latina, mas se projetados sobre a população brasileira são “pouco animadores”. Lembrou que “o hábito de leitura faz parte do cotidiano de apenas 15% dos brasileiros. Nosso país precisa urgentemente de mais livros e leitores e temos condições de produzir mais e melhor”.

Credibilidade, visibilidade, prestígio – Quarta mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras e primeira a presidir a instituição, a imortal Nélida Piñon também venceu na categoria romance e levou uma estatueta. “É um grande preito à imaginação humana e à arte de fabular”, comentou, a respeito de sua obra, que conta a história de Scherazade, a mais famosa narradora da literatura oriental. “Como presidente do Memorial da América Latina, estou muito feliz em entregar as premiações nessa festa da inteligência brasileira e da boa literatura”, afirmou Fernando Leça. “O prêmio Jabuti é inegavelmente apreciadíssimo por todos”, acrescentou.

O secretário estadual da Educação, Gabriel Chalita, declarou: “Nós, que somos educadores, sabemos da importância da leitura. Ela precisa ser incentivada para se construir um país de leitores.” O presidente da Associação Nacional de Livrarias, Eduardo Yassuda, afirmou que o Jabuti é uma referência de qualidade e justifica colocar-se uma obra na prateleira. “Por isso, parabenizo a Imprensa Oficial pelo excelente trabalho editorial e pela conquista de cinco prêmios”.

Há quinze anos como curador da premiação, José Luiz Goldfarb disse que o Prêmio Jabuti começou com 300 inscritos e hoje, com muito vigor, vem conquistando credibilidade, visibilidade, prestígio e atenção. “Está havendo um aumento no número de editores premiados. Temos o problema de edições reduzidas, mas com a premiação fica mais fácil pôr em evidência o que de bom estamos produzindo”.

Doação de 15 mil livros – A Imprensa Oficial tem um papel muito importante na questão editorial, disse o secretário-adjunto da Cultura, Fábio Magalhães. “Ela tem encaminhado projetos gráficos importantes e selecionado textos da maior envergadura”.
A representante da Editora da Universidade de São Paulo, Marilena Vizentin, ressaltou que era “uma grande honra para a Edusp ter livros premiados; eles provam que a parceria entre a editora e a Imprensa Oficial resulta em bons livros e em prêmios”.

Durante a solenidade, Goldfarb anunciou a doação de 15 mil livros, pela Imprensa Oficial, para o programa da Secretaria Estadual da Cultura São Paulo: Um Estado de Leitores, que cuida da revitalização das bibliotecas públicas.

Conheça as cinco premiações da Imprensa Oficial

Coleção Terra Paulista: História e Costumes conquistou o primeiro lugar na categoria Projeto e produção editorial. Maria Alice Setúbal, uma das autoras do livro, disse que descobriu o rico patrimônio cultural paulista, as festas religiosas e populares e constatou o papel fundamental exercido pela mulher. “Como ficavam sozinhas nas terras, administravam as fazendas. Trabalhavam das 5 horas da manhã até tarde da noite, cuidando de tudo.”

Na categoria Ciência Humanas, o vencedor foi São Paulo Ensaios Entreveros, de Aziz Nacib Ab´Sáber. O geomorfologista explica que o livro é uma reunião de quase tudo o que escreveu sobre São Paulo. “Como o título já diz, há um entrevero, uma mistura. No Sul, é usado para lembrar a mistura do português com o espanhol. Contempla a Avenida Paulista e a mais distante periferia; as pessoas das áreas ricas e as pessoinhas, as crianças das regiões mais pobres.”

O livro de Graça Pizá e Gabriella Ferrarese Barbosa, A violência Silenciosa do Incesto, obteve o segundo lugar na categoria Educação, psicologia e psicanálise. Fruto de material clínico de uma pesquisa com 853 crianças, trata de afetos e sentimentos nomeados por elas. O segredo, mistério, ambivalência e o nojo são os mais recorrentes. A capa do livro é um auto-retrato de uma menina de cinco anos, a imagem de seu pai e um desenho feito pela autora a pedido da criança. Ela pediu que a imagem fosse retratada sem os braços.

Na categoria Arquitetura e Urbanismo, a obra Arquitetura do Café, de André Munhoz de Argollo Ferrão, ficou em terceiro lugar. “Foram 10 anos de pesquisas do processo produtivo do café, da arquitetura e da cultura e o livro evoluiu com o tempo. Traz seleção de imagens do final do século 19 e começo do 20. Destaco dois mapas que mostram a mancha do café avançando por São Paulo e cobrindo lugares em que nem havia cidades.” O autor comenta a “bela” capa, que é um desenho colorido, de 1774, feito em bico de pena, descrevendo a planta.

Ganhador do segundo prêmio Jabuti, Ricardo Assis, autor do livro Antônio Lizárraga: Quadrados em Quadrados, conquistou a terceira colocação na categoria Projeto e Produção Editorial. “Ficamos seis meses dentro da Imprensa Oficial fazendo todo o tratamento das imagens e o trabalho de produção gráfica. Sem dúvida, metade desse prêmio é da Imprensa Oficial, porque foi graças a ela que conseguimos ter esse produto final. Apesar de no catálogo sair só o nome de uma pessoa, o prêmio é para toda a equipe que o produziu. Subirei ao palco representando todo mundo.”

Claudeci Martins
Da Agência Imprensa Oficial