A Pinacoteca do Estado exibe, pela primeira vez numa grande mostra, cerca de 350 obras das coleções de Eva e Ema Klabin. É a exposição Universos Sensíveis, aberta para convidados no dia 16 e para o público no dia seguinte, que fica em cartaz até o dia 2 de maio.
A exposição reúne pinturas, desenhos, esculturas, prataria, mobiliário, objetos de arte decorativa e livros que atravessaram um período de mais de 30 séculos (entre cerca de 3,5 mil a.C. até a primeira metade do século 20). Abarca artistas como Renoir, Goya, Rembrandt, Chagall, Dürer, Frans Post, Tintoretto, Della Robia, ao lado de importantes nomes brasileiros: Lasar Segall, Tarsila do Amaral, Brecheret, Portinari, Di Cavalcanti, Mestre Valetim. Também poderão ser vistas obras atribuídas a Botticelli, Donatello e Lorenzo Ghiberti. Depois da temporada na Pinacoteca do Estado, a exposição segue para o Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro.
Arte integra quatro continentes
O acervo reunido pelas irmãs Klabin é abrangente e diversificado, dificultando uma definição. As colecionadoras, com visão diversa da apresentada por um historiador de arte ou curador, constituíram, ao longo de décadas, coleções com mais de mil peças, procedentes de quatro continentes: Europa, Ásia, África e América.
Com o objetivo de tornarem seus acervos disponíveis ao público, Eva e Ema idealizaram fundações culturais que levam seus nomes: a Fundação Eva Klabin, no Rio de Janeiro (aberta à visitação desde 1995) e a Fundação Ema Klabin (que será aberta à visitação pública em São Paulo).
Trocou São Paulo pelo Rio
Eva Klabin Rapaport nasceu em São Paulo em 1903. Era a primeira das três filhas dos imigrantes lituanos Fanny e Hessel Klabin. Seu pai foi um dos fundadores das indústrias Klabin de Papel e Celulose. Ela começou a colecionar ainda mocinha, hábito que herdou do pai, apreciador de peças de prata. Casou-se em 1933, como o advogado Paulo Rapaport, austríaco naturalizado brasileiro, trocando São Paulo pelo Rio de Janeiro.
Anfitriã requintada, recebeu nos seus salões personalidades de grande expressão nacional e internacional, entre as quais o ex-presidente Juscelino Kubtschek, o norte-americano David Rockefeller e o estadista israelense Shimon Peres.
Fascinada pelo Oriente, esteve no Japão, na China e no Sudeste Asiático, ocasiões em que adquiriu raros e belos objetos, que hoje constituem o núcleo oriental da coleção.
Não tendo herdeiros, Eva generosamente legou sua coleção à cidade em que viveu.
Apreciava música e arte
Ema Gordon Klabin nasceu no Rio de Janeiro em 1907. Como a irmã Eva, foi educada no Brasil e na Europa (Alemanha e Suíça), onde residiu durante a Primeira Guerra Mundial.
Além da atividade empresarial, assumida em 1946 com a morte do pai, dedicou-se a inúmeros trabalhos filantrópicos e assistenciais, dentre os quais se destaca seu empenho na construção do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
Apreciadora de música e arte, teve uma significativa atuação na vida cultural da cidade, com a participação nos conselhos de instituições culturais, além de promover artistas e participar de leilões beneficentes em prol das entidades que apoiava.
A partir do final dos anos 40, passou a adquirir importantes obras de arte em várias galerias européias e americanas, além de comprar peças de colecionadores brasileiros e de diplomatas estrangeiros de passagem pelo País.
Com o acervo reunido começou a acalentar o sonho de construir uma residência onde pudesse conviver com as obras adquiridas e receber familiares, amigos e artistas em ambiente refinado. A casa, feita sob medida para abrigar sua coleção, foi inaugurada no final da década de 60.
SERVIÇO
Pinacoteca do Estado
Exposição Universos Sensíveis
Abertura a partir de 17 de março
De terça-feira a domingo, das 10 às 17h30
Entrada: R$ 4,00 (inteira), R$ 2,00 (meia) e gratuita aos sábados
Telefone (11) 229-9844
Da Agência Imprensa Oficial
(AM)
