Cultura: Exposição no Memorial do Imigrante relembra Revolução Constitucionalista de 1932

Público pode ver exibição de fotografias até 22 de agosto

sex, 05/07/2002 - 13h36 | Do Portal do Governo

O Memorial do Imigrante, vinculado à Secretaria de Estado da Cultura, está realizando, até 22 de agosto, a exposição ‘Uma Revolução em Movimento’, que apresenta por meio de fotos e artigos de época uma visão geral sobre a Revolução Constitucionalista de 1932. Um dos aspectos menos conhecidos do movimento também é abordado: a mobilidade das tropas e a importância dos meios de transporte aplicados na guerra ‘moderna’.

Outra idéia que é passada ao público que visita a exposição é a de movimento dos acontecimentos históricos. Afinal, a Revolução Constitucionalista foi fruto de acontecimentos que remontam ao ano de 1922 – como a Revolta do Forte de Copacabana, passando pelas Revoluções de 1924, em São Paulo e Rio Grande do Sul, e a de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder.

Segundo o historiador Marco Antonio Xavier, havia ficado claro, na década de 20, especialmente para os nossos oficiais intermediários – os ‘tenentes’ -, que acompanharam de longe os acontecimentos da Primeira Guerra Mundial, ou mesmo para os poucos que lutaram na Europa como voluntários, que as práticas de combate e engajamento dos velhos oficiais alemães e austríacos, de um lado, e dos franceses e ingleses, de outro, estavam ultrapassadas. A guerra ‘de trincheiras’ mostrou falhas graves, transformando cada pequena batalha numa carnificina, sem conseguir eliminar as forças defensivas do inimigo e depauperando os próprios contingentes. Esta imobilidade arrastou a Guerra por mais de quatro anos, transformando todos, mesmo os vencedores, em países arrasados economicamente, gerando, em alguns deles, levas de emigrantes, pois nem o campo, nem as cidades, agüentavam as massas de indigentes e deslocados. Muitas dessas pessoas vieram tentar a sorte no Brasil, acreditando que, aqui, longe da Europa, estariam também longe das guerras… ledo engano.

Para os jovens oficiais brasileiros, as lições que ficaram da Primeira Guerra Mundial foram o uso de equipamentos de ‘morte em massa’, como a metralhadora e o gás ‘mostarda’ (arma química) – além de um incremento nos calibres e cadência de fogo da artilharia, tanto em terra quanto embarcada -, bem como do uso do avião como arma de observação e ataque, incluindo aí, entre suas vítimas, os civis, numa tentativa de minar a moral do inimigo. Talvez, a maior lição que ficou foi a mobilidade das tropas e a propaganda como fatores essenciais para uma vitória.

A primeira estratégia visava à conquista de territórios, de forma tão rápida que o inimigo não tivesse chance de contra-atacar, ou mesmo mobilizar a defesa, lembrando o célebre episódio da requisição dos automóveis de Paris, especialmente seus táxis, para levar tropas para o front leste, ameaçado pelos alemães. Já, a propaganda, era uma forma de mobilizar toda a população, mantendo o caráter ‘patriótico’ dos combates e do apoio da população; quem era contra era ‘derrotista’, ‘quinta coluna’, ‘colaboracionista’, sendo execrado pela sociedade e confinado pelas autoridades.

O Memorial do Imigrante está localizado na Rua Visconde de Parnaíba, 1.316, na Mooca, e pode ser visitado de terça a domingo das 10 às 17 horas.

Do Departamento de Comunicação do Memorial do Imigrante