“Achei excelente! Foi legal, bom e interessante”, resumiu Weuller Nascimento de Azevedo, nove anos, depois de assistir ao primeiro ensaio aberto da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), promovido pela Secretaria da Cultura. Os ensaios fazem parte do Programa Formação de Público, que pretende formar e ampliar o número de frequentadores para a música clássica. Durante o ano, cerca de 20 mil alunos deverão participar de ensaios abertos e concertos didáticos.
A Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo e a Orquestra Sinfônica de Santo André também participarão do projeto. Weuller e outras dezenas de crianças puderam acompanhar o ensaio da Osesp, considerada a melhor da América Latina. Outro atrativo do passeio é conhecer a Sala São Paulo, na Estação Júlio Prestes, que tem a terceira melhor acústica do mundo.
“Eu já tinha ouvido uma orquestra tocar num casamento comunitário”, lembra Weuller, aluno da 4ª série da Escola Municipal Mauro Faccio Gonçalves – Zacaria, na zona sul da capital, ao lado do Jardim Ângela. “Nossa escola fica na periferia, mas as crianças sabem que têm direito a freqüentar um lugar como a Sala São Paulo e ouvir um som de qualidade como esse. Sem dúvida, a iniciativa é importante para formá-los cidadãos”, disse a coordenadora pedagógica Olga Garcia, da escola Zacaria.
Cultura e Educação
Antes do ensaio, a secretária da Cultura, Claudia Costin, e o secretário de Estado da Educação, Gabriel Chalita, assinaram convênio para ampliação do programa de formação de público. “Só achamos bom aquilo que o nosso ouvido aprendeu a ouvir. Quando a gente gosta de uma música que nos sensibiliza muito, é porque alguém a escolheu. Essa parceria permitirá que 20 ensaios e concertos sejam destinados às crianças. Estou convencida de que o processo de inclusão necessita de cultura de qualidade”, afirma Claudia Costin.
Gabriel Chalita também comemorou a parceria: “O convênio possibilitará que alunos e professores conheçam nossa música, especialmente uma das melhores orquestras do mundo. Todos devem ter a oportunidade de aprender e se divertir”. O maestro Roberto Minczuk, diretor-artístico adjunto da Osesp, apresentou os quase 90 músicos e seus instrumentos. Os jovens participaram opinando sobre cada um deles e seus respectivos sons.
50 anos de existência
Depois da execução de Insônia, de Francisco Braga, dez estudantes foram sorteados e acompanharam a segunda parte do ensaio sentados no meio da orquestra. “Esta é a primeira vez que venho aqui, achei muito bonito. No palco é bem diferente. Estou um pouco preparada”, disse Fabiana Stager Quaggio, 12 anos, que estuda flauta transversal e sonha tocar numa orquestra como a Osesp. Bruno Conceição Luiz, 10, aluno da Escola Estadual Arthur Guimarães, também foi um dos sortudos: “Foi muito legal porque no palco dá para ouvir bem melhor”.
Na segunda parte do ensaio, os músicos executaram o Concerto duplo em Lá menor, Op. 102, de Johannes Brahms, compositor alemão do século 19. Dois integrantes do Trio Beaux Arts foram os responsáveis pelos solos: o violonista Daniel Hope, revelação da música clássica inglesa, e o brasileiro Antonio Meneses, no violoncelo. Os convidados receberam o programa do ensaio, com a história da Osesp, que está comemorando 50 anos. No folheto, brincadeiras e desenhos explicam como funciona uma orquestra e como a platéia deve se comportar durante o espetáculo.
Maestro bate-papo bem humorado com a garotada
Passadas duas horas de ensaio, acompanhadas pela jovem platéia que se manteve em absoluto silêncio, Minczuk partiu para um bate-papo com a garotada. Com muita paciência e bom humor, respondeu questões técnicas como “Qual o instrumento mais grave da orquestra?”, “Como você consegue coordenar os músicos e mexer a mão tão rápido?”, “Como os músicos sabem que é si bemol sem contar as casas?” ou “Por que os músicos colocam o violino no pescoço?”.
Outras crianças aproveitaram para fazer perguntas pessoais, questionando quando Minczuk havia começado a estudar, se ele sabia tocar todos os instrumentos, e se ainda estudava. O maestro tentou até encontrar resposta para uma garotinha que encerrou a bateria de perguntas com “Por que sempre colocam harpas nas mãos dos anjos dos desenhos animados?”.
SERVIÇO:
Inscrições estão abertas e podem ser feitas na Coordenadoria de Programas Educacionais da Osesp, pelo telefone (11) 3351-8229 ou pelo e-mail educacional@osesp.art.br
Regina Amábile
Da Agência Imprensa Oficial
(AM)
