CTPM: Linhas B e C vão ganhar um moderno sistema de controle de tráfego

Sistema atual, que será desativado, representou um marco da tecnologia de ponta nacional

seg, 14/03/2005 - 10h11 | Do Portal do Governo

O antigo sistema de controle de tráfego do CCO (Centro de Controle Operacional) de Presidente Altino, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), considerado um marco na tecnologia de ponta nacional, será totalmente desativado, depois de 22 anos de trabalho ininterrupto. Agora, os trens das linhas B (Julio Prestes – Itapevi) e C (Osasco – Jurubatuba) passarão a ser comandados por três modernas redes locais informatizadas.

Desenvolvido em 1978 por profissionais da Escola Politécnica da USP e da antiga FEPASA (Ferrovia Paulista SA), o chamado NPD (Núcleo de Processamento Distribuído) serviu de ‘escola’ para uma geração de profissionais da área de computação. Cerca de 50 engenheiros – três deles da ferrovia – participaram do desenvolvimento e implantação do sistema, ‘único no mundo’, segundo Francisco de Assis Heimbeck, líder da equipe de engenharia de sistemas operacionais da CPTM, e o único engenheiro remanescente daquele grupo ainda em atividade na companhia.

Heimbeck relembra que a concepção do projeto partiu dos engenheiros e dos professores da Escola Politécnica da USP. ‘É um sistema sui generis, um marco para tecnologia brasileira. Esse projeto, baseado no conceito de Máquina de Arquitetura Distribuída e, mais tarde de NPD, foi objeto de apresentação em vários congressos no Brasil e exterior’, conta. Pelas contas de Heimbeck, cerca de 50 trabalhos acadêmicos, entre teses de mestrado, doutorado e artigos, foram desenvolvidos sobre o sistema.

Nos próximos dias, uma equipe técnica formada por funcionários da CPTM, engenheiros da USP e técnicos da Alstom, responsável pela implantação do novo sistema, deverá desativar o NPD. A intenção é levar o equipamento para o prédio de Engenharia Elétrica da Politécnica da USP, onde ficará em exposição para alunos de graduação e pós-gradução, docentes e funcionários da universidade.

Pioneirismo

Na época, a FEPASA queria um equipamento 100% nacional do qual pudesse fazer a manutenção própria, a um custo acessível. Decidiu contratar a Escola Politécnica da USP, através da FTDE (Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia) para projetar o sistema que controlaria o tráfego de trens das linhas B e C por 22 anos e não se arrependeu. ‘O pessoal da ferrovia teve visão. Foi louvável o espírito de vanguarda por investir em um desenvolvimento nacional’, recorda a atual chefe do Departamento de Engenharia da Computação e Sistemas Digitais da Politécnica da USP, Profª Drª Selma Melnikoff, na época aluna de pós-graduação da Poli e funcionária da FTDE.

Para se ter uma idéia da revolução tecnológica para a época, o sistema era composto por 24 microcomputadores distribuídos em 5 compartimentos, cada um cumprindo uma função exigida para o comando do tráfego de trens. ‘Um fazia a comunicação com a sinalização de campo, outro com os terminais de vídeo, um terceiro controlava os discos rígidos, e assim por diante. Todos trabalhavam em paralelo, ou seja, exerciam funções complementares e formavam um único sistema’, explica Heimbeck.

O NPD possui duas mesas de controle, com um teclado e um Tracking Ball (espécie de mouse de hoje) e seis terminais de vídeo, que foram desenvolvidos a partir de aparelhos de TV comuns. Um protocolo específico de comunicação entre a sinalização de campo, os computadores e os terminais, teve de ser criado para rodar o sistema. ‘Era um trabalho grande criar caracteres e fazer desenhos nessas telas’, lembra Melnikoff.

A notícia de que o equipamento continuava em operação depois de 20 anos no CCO de Altino, em perfeitas condições de operação, surpreendeu Melnikoff, que elogiou a postura da CPTM. ‘Fiquei impressionada com o cuidado da companhia, que tem um mérito muito grande aí. Se o pessoal não estivesse totalmente envolvido para fazer a manutenção e a operação do sistema, nos primeiros sinais de degradação, ele teria sido abandonado. Foi uma excelente surpresa’, afirma a Drª, ressaltando que este é ‘um exemplo bem sucedido de parceria entre empresa e universidade’.

A tecnologia utilizada no CCO de Altino ajudou na criação de sistemas semelhantes, como na TrensUrb, de Porto Alegre, e os seus conceitos foram utilizados em um sistema na CESP (Companhia Energética de São Paulo). Melnikoff revela que, por conta do know-how adquirido nesse projeto, em 1987, foi convidada a participar do desenvolvimento do primeiro submarino nuclear brasileiro.

Novo sistema

Atualmente, as três redes locais informatizadas já cumprem a tarefa de controlar o tráfego ferroviário das linhas B e C, além de atualizar e disponibilizar toda uma base de dados operacionais. Futuramente, esses equipamentos serão migrados para o novo CCO unificado na Estação Brás, que centralizará todo o controle de tráfego das seis linhas da CPTM, dando seqüência ao Projeto Integração Centro.

O aperfeiçoamento tecnológico permitirá a criação de um novo ambiente operacional, composto por três consoles de controle de tráfego e um console de supervisão. Esses, por sua vez, são formados por uma ‘workstation’ (uma espécie de PC mais potente), dois monitores de vídeo de 21 polegadas, teclado, mouse e impressora. Também estão incluídos nove painéis retroprojetados, seis para a Linha B e três para a Linha C, além de três terminais de consulta à base de dados e dois consoles de engenharia/manutenção.

Heimbeck afirma que a mudança permitirá um melhor gerenciamento da operação, evidenciando, assim, a constante preocupação da CPTM com a melhoria crescente da qualidade dos serviços aos seus usuários. ‘O potencial de processamento de dados é bem maior, oferecendo uma maior disponibilidade, agilidade e confiabilidade de comandos e dados, essenciais ao controle centralizado eficiente e eficaz do tráfego ferroviário’. Também será possível, segundo Heimbeck, atualizar, tratar e disponibilizar grande quantidade de dados e eventos operacionais.

Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM
Assessoria de Imprensa

(LRK)